Com sua sabedoria, um dos comitês não eleitos das Nações Unidas que não presta contas decidiu, no dia 28 de agosto, que as crianças devem ter o direito de processar governos nacionais por não lidarem com as mudanças climáticas.
Como muitos outros órgãos internacionais e ONGs, o Comitê das Nações Unidas dos Direitos da Criança está efetivamente utilizando as crianças para expressar suas próprias preocupações políticas. Em seu novo relatório, ele elogia “os esforços das crianças” em chamar “atenção” para as “crises ambientais”. E afirma que são as crianças, e não os adultos, que têm a sabedoria necessária para lidar com os problemas que o planeta enfrenta. O texto também pede a validação e a afirmação legal da autoridade das crianças. “Suas demandas por medidas urgentes e decisivas para combater os danos ambientais globais devem ser atendidas”, afirma.
Na visão do Comitê dos Direitos da Criança, os adultos são o problema, e as crianças são a solução. Sua abordagem está, portanto, totalmente alinhada com a tendência cultural de adultificação da infância, que inverte os papéis de adultos e crianças. Elas são consideradas sábias e consideradas, enquanto eles são apresentados como egoístas e indiferentes aos outros.
Claro, o Comitê dos Direitos da Criança não está de fato interessado no que as crianças pensam. Ele está simplesmente usando a fala delas para promover suas próprias crenças. O relatório afirma que as crianças se queixaram dos “efeitos negativos da degradação ambiental e das mudanças climáticas em suas vidas e comunidades” e que “elas afirmaram seu direito de viver em um ambiente limpo, saudável e sustentável”. O relatório cita as crianças “consultadas” da seguinte forma:
“O meio ambiente é nossa vida.”
“Os adultos [precisam] parar de tomar decisões sobre um futuro que não vão conhecer. [Nós] somos o principal meio [de] resolver as mudanças climáticas, já que [nossa] vida está em jogo.”
“Eu gostaria de dizer [aos adultos] que somos as futuras gerações e, se vocês destruírem o planeta, onde vamos viver?!”
A ideia de que os adultos precisam “parar de tomar decisões sobre um futuro que não vão conhecer” é absurda. Isso significaria o fim da política e da vida pública. Afinal, é provável que quase toda decisão política importante afete o futuro. É por isso que os adultos têm a responsabilidade de adotar uma visão de longo prazo para os problemas que a sociedade enfrenta.
O comitê da ONU está articulando uma tentativa fundamentalmente desonesta de promover sua agenda política por meio dos direitos das crianças. Isso é típico daqueles que defendem os direitos das crianças. Eles tentam colocar o status moral das crianças acima do dos adultos para seus próprios fins ideológicos. É uma maneira de contornar o debate democrático a respeito de questões importantes, como o clima. E significa que preocupações com padrões de vida e economia, por exemplo, que sofreriam com a abordagem da ONU, podem ser facilmente deixadas de lado. Qualquer pessoa que discorde da agenda da ONU é retratada como inimiga das crianças e das gerações futuras.
Essa é uma tendência profundamente regressiva. É um sintoma de decadência cultural. Os adultos abandonaram sua autoridade. E estão usando as crianças de modo irresponsável para expressar suas próprias preocupações e ansiedades
Nesse sentido, o uso que as elites fazem de Greta Thunberg é típico. Em 2018, ela se tornou o rosto do movimento Greve Escolar pelo Clima quando tinha apenas 15 anos. No ano seguinte, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz. O culto a ela sempre se baseou na depreciação dos adultos, acusados de não assumir a responsabilidade pelos problemas ambientais. Como diz um ativista de 17 anos no site Friends of the Earth, “os adultos estão nos deixando na mão no que diz respeito às mudanças climáticas: é por isso que estou em greve”.
A ONU desempenhou um papel importante ao atribuir às crianças a autoridade de educar adultos aparentemente irresponsáveis. Em uma palestra na cúpula das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, em dezembro de 2018, Thunberg afirmou: “Como nossos líderes estão se comportando como crianças, teremos que assumir a responsabilidade que eles deveriam ter assumido há muito tempo. Precisamos entender o que a geração mais velha nos legou, a bagunça que eles fizeram e que vamos ter que limpar e com que vamos ter que conviver”.
Os jovens estão mais do que prontos para atender a esses convites para desconfiar dos mais velhos. Cartazes com os dizeres “Você vai morrer de velho, nós vamos morrer por causa das mudanças climáticas” ou “Estou cabulando aula porque você está cabulando o nosso futuro” aparecem com frequência em protestos sobre mudanças climáticas. E, em uma manifestação anti-Brexit em Londres, um cartaz com a mensagem “Os adultos estragam tudo. Parem o Brexit” capturou mais amplamente o espírito de culpar os adultos para além das causas ambientais.
Essa é uma tendência profundamente regressiva. É um sintoma de decadência cultural. Os adultos abandonaram sua autoridade. E estão usando as crianças de modo irresponsável para expressar suas próprias preocupações e ansiedades. Eles precisam crescer.
Frank Furedi é diretor-executivo do think tank MCC-Bruxelas.
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Jamais !!
Bem preocupante o uso político que se faz de um ser ainda incompleto como adulto para manipular a opinião pública ! Tudo se resume em como conseguir o poder para implantar as minhas ideias mesmo quebrando a lógica natural das gerações e suas responsabilidades públicas ! Que tipo de pessoas serão estes jovens hoje agressivamente posicionados contra a autoridade dos adultos ! E as decisões das maiorias !
Bem preocupante o uso político que se faz de um ser ainda incompleto como adulto para manipular a opinião pública ! Tudo se resume em como conseguir o poder para implantar as minhas ideias mesmo quebrando a lógica natural das gerações e suas responsabilidades públicas ! Que tipo de pessoas serão estes jovens hoje agressivamente posicionados contra a autoridade dos adultos ! E as decisões das maiorias !
Duvido que essa Greta arrume a própria cama
A humanidade está muito doente.
ONU, OMS – que tem em sua presidência um terrorista etíope – com suas agendas “progressistas”, não ostentam mais o “poder” de décadas passadas.
Deixem nossas crianças em paz.
Essa Gretha sabe de nada e essa ONU é outra porcaria. A NOM que vá pro inferno. Ecoterrorismo. A terra é quem resolve o que pertence à ela