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Andressa Oliveira, presidente do IFL Jovem SP | Foto: Divulgação/IFL SP
Edição 189

‘O jovem é naturalmente de direita, só precisa saber disso’

Presidente da divisão de jovens do Instituto de Formação de Líderes de São Paulo, Andressa Oliveira tem a tarefa de ‘desesquerdizar’ a juventude paulistana

Anderson Scardoelli
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Transformar o que parece impossível em algo possível, realizável. É dessa forma que Andressa Oliveira encara a missão de disseminar o pensamento liberal entre adolescentes e jovens adultos da maior cidade do país. Aos 23 anos, ela assumiu em janeiro o desafio de “desesquerdizar” a juventude paulistana.

Presidente da divisão de jovens do Instituto de Formação de Líderes de São Paulo (IFL Jovem SP), Andressa acredita que é possível propagar as ações e ideias da direita mesmo num município que elegeu o petista Fernando Haddad prefeito. E permitiu que Guilherme Boulos (Psol) chegasse ao segundo turno na disputa pela prefeitura da capital.

O trabalho de Andressa em favor do liberalismo e das liberdades individuais se dá para além dos projetos do IFL Jovem SP. Também ocorre no âmbito acadêmico. Estudante do oitavo semestre da graduação em ciências contábeis da Universidade de São Paulo (USP), ela integra o núcleo de liberdade da instituição pública de ensino. Além disso, é voluntária na organização sem fins lucrativos Students for Liberty, que surgiu nos Estados Unidos e se espalhou por cem países.

Com uma rotina intensa em defesa do liberalismo, Andressa conta que, no que depender dela, a esquerda não terá mais vez em São Paulo, sobretudo entre os jovens. Ela está à frente da iniciativa que se propõe a organizar cursos e treinamentos chamados de “Ciclos de Formação”. Entre outras ações, recruta jovens em universidades, escolas particulares e colégios públicos espalhados pela periferia.

“O jovem é naturalmente de direita, só precisa saber disso”, diz Andressa. “Apenas trabalho para ajudá-lo a entender o conceito. O estudante da periferia, por exemplo, quer empreender, ter independência financeira, quer ter sucesso profissional. Quer conseguir comprar o que deseja. E quem possibilita tudo isso acontecer não é a esquerda, mas a direita, o livre mercado, com cada vez menos intervenção do Estado na vida dele.”

Nesse sentido, ela aproveita para registrar: a filantropia também é assunto que requer atenção no liberalismo. Ao destacar que o associado paga uma mensalidade de cerca de R$ 90 ao entrar para o IFL Jovem SP, ela avisa que há programas para concessão de bolsas, a partir do empenho e das condições financeiras de cada um.

Confira os principais trechos da entrevista.

Quais são as ações do IFL-SP que mais chamam sua atenção?

O poder de capacitação de lideranças jovens é um dos principais destaques, além de todas as atividades internas que o instituto proporciona. Todas as terças, por exemplo, temos eventos para discutir ideias, pensar em projetos e estruturar ações. A gente tem uma rotina de formação. Oferecemos ao associado o que chamamos de “Ciclo de Formação”, que tem uma via teórica, com resenhas literárias, entrega de livros e toda uma discussão acadêmica. Há a parte prática, com os eventos semanais. Nos preocupamos com a aprendizagem em diversas áreas. O “Ciclo de Formação” tem a parte de estimular a oratória, desenvolver o poder de argumentação, com a realização de bancas e debates. Há, ainda, a parte de mentoria, de inspiração, a partir de encontros com grandes líderes do mercado, que compartilham seus conhecimentos.

Associados ao IFL Jovem SP reunidos durante o 10º Fórum Liberdade e Democracia | Foto: Divulgação/IFL SP
Como se dá o curso para formar jovens a partir de ideias liberais?

Hoje em dia existe uma limitação de 60 vagas por turma, reservadas a pessoas de 14 a 23 anos. O ciclo no IFL Jovem SP é de dois anos. Nesse ciclo, um novo membro entra como “qualificado”, depois passa para “associado 1” e, posteriormente, “associado 2”. Para subir de nível, cada um precisa cumprir metas, como ler livros específicos e entregar resenhas dessas obras. Também propomos atividades complementares e participação nos eventos do instituto. Se não participar, a pessoa é descredenciada e abre espaço para uma nova vaga no ciclo.

Depois da realização do curso, o que ocorre com os membros do IFL Jovem SP?

São dois objetivos que desejamos alcançar com a realização do curso. O primeiro é que esse membro deixe o IFL Jovem e passe para o IFL “sênior”, seguindo como parte do projeto, participando de ações. O segundo e principal objetivo é que, a partir do nosso “Ciclo de Formação”, o associado consiga consolidar uma carreira no mercado de trabalho.

“O estudante da periferia, por exemplo, quer empreender, ter independência financeira e alcançar o sucesso profissional”

O IFL Jovem SP também sai de sua própria base para levar os pensamentos do liberalismo econômico para escolas espalhadas pela cidade, inclusive nas periferias. Em geral, como tem sido a recepção ao projeto nesses locais?

Até mesmo na periferia e em áreas afastadas dos grandes centros urbanos, o jovem é naturalmente de direita, só precisa saber disso. Apenas trabalho para ajudá-lo a entender o conceito. O estudante da periferia, por exemplo, quer empreender, ter independência financeira e alcançar o sucesso profissional. Ele quer conseguir comprar o que deseja. E quem possibilita tudo isso acontecer não é a esquerda, mas a direita, o livre mercado, com cada vez menos intervenção do Estado na vida dele.

Ainda sobre a relação do IFL com a periferia, há ações de filantropia por parte do instituto. Como elas ocorrem?

Contribuir com eventos e causas sociais é um dos objetivos do instituto, inclusive visando a ações de longo prazo. Hoje, temos a mensalidade que vai de R$ 70 a R$ 90, mas oferecemos bolsas àqueles associados que não têm condições de arcar com esses valores. Queremos atingir justamente esse público, tanto que, cada vez mais, estamos em busca de parcerias com organizações não governamentais que atuam em causas sociais.

Além das escolas na periferia, o IFL age diretamente nas universidades. Como se dão as conversas e as ações no ambiente acadêmico? 

É o nosso principal público. Atuamos em faculdades e universidades por meio de parcerias com grupos universitários. Em geral, a recepção é positiva. Só neste ano, realizamos eventos no Ibmec e no Mackenzie, pois os associados funcionam como “ponte” para essas instituições. Há, infelizmente, exceções. Íamos realizar um evento dentro da USP, mas acabamos tendo de cancelá-lo.

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Campus da Universidade de São Paulo (USP) | Foto: Divulgação/Agência USP
Por quem e por qual razão o evento na USP foi cancelado?

Nós faríamos um evento junto com uma entidade de estudos libertários da própria USP. A ideia era apresentar alguns dos conceitos da produtora Brasil Paralelo. Mas o Diretório Central dos Estudantes (DCE) impediu a realização. Além de barrarem o encontro, que seria uma mera roda de conversa, os membros do DCE nos chamaram de fascistas. Importante, porém, dividir a USP entre professores e estudantes. Ao menos no meu caso, no curso de ciências contábeis, sempre tive professores estritamente profissionais, técnicos e preocupados em apresentar ensinamentos de forma mercadológica. Agora, quando olhamos para os centros estudantis, não tem jeito: são tomados pela esquerda.

Apesar de em geral a recepção ser positiva, o pensamento esquerdista — e assistencialista — predomina nas universidades?

O pensamento assistencialista, embora exista fortemente em certas universidades, fica mais no discurso. A maioria das pessoas quer crescer na carreira e se desenvolver por conta própria. Por vezes, o universitário acaba aceitando esse discurso esquerdista por ser socialmente mais palatável. Do nosso lado, o desafio é apresentar as ideias da liberdade de modo sério, respeitoso e comprometido. Buscamos envolver os estudantes em temas que levem ao aceleramento do desenvolvimento humano e profissional. Mostramos que o empreendedorismo, a evolução da sociedade e a prosperidade ocorrem por meio de sistemas que têm livre mercado, com iniciativas vindas do setor privado.

Esse trabalho de ‘desesquerdizar’ os universitários tem tido êxito?

O meu maior objetivo é apresentar as ideias da liberdade. E acredito que tenho conseguido ser bem-sucedida. Vejo que muitos querem construir uma carreira de sucesso no mundo corporativo. Porém, querendo ou não, a gente conta com centros acadêmicos que não têm essa ideia de liberdade, uma vez que neles predomina um único pensamento, o da esquerda. Esse é, sem dúvida, um grande desafio. Mas, sempre que possível, conseguimos apresentar um contraponto para esses estudantes, apresentando-os a outros autores, a pensamentos fora da doutrinação ideológica. Dentro desse aspecto, posso dizer que temos conseguido “converter” colegas ao liberalismo.

Leia também “As tentativas de argentinizar o Brasil serão frustradas”

7 comentários
  1. Laura Teixeira Motta
    Laura Teixeira Motta

    Parabéns a esses jovens inteligentíssimos e corajosos. Que tenham êxito em todos os seus objetivos.

  2. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Parabéns por seu empenho Andressa Oliveira.

  3. Jaime Moreira Filho
    Jaime Moreira Filho

    Estudando na USP fica difícil acreditar na Andressa Oliveira, pois sabemos que o doutrinação ali é vigorosa. O sujeito sai de graduação e pós falando as maiores bobagens tais como; o agro vai acabar com o Brasil e o Senai é instrumento de escravização dos pobres. A doutrinação não depende da pessoa a ser doutrinada. “sempre tive professores estritamente profissionais, técnicos….” é difícil de acreditar. Os professores são os doutrinadores e aqueles alunos, normalmente do Diretório, que estão há 20 anos “estudando”, “estudando”, tomando lugares de outros também são doutrinadores. Não é só universidades estaduais…as federais são as piores neste mister.

  4. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    Esta jovem nos faz acreditar que o Brasil pode um dia prosperar.

  5. Jenielson Sousa Lopes
    Jenielson Sousa Lopes

    Apenas 29″gostei”

  6. Emilio Sani
    Emilio Sani

    Parabéns, precisamos de milhares de Andressas

  7. Herbert Gomes Barca
    Herbert Gomes Barca

    que essa missão prospere !! nossos jovens muitos doutrinados nas universidades são manipulados pelos nefastos políticos esquerdistas, infelizmente tenho esse exemplo na minha família !

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