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Ilustração: Shutterstock
Edição 192

Carta ao Leitor — Edição 192

Eleição na Argentina, a morte de um preso esquecido pelo Supremo Tribunal Federal numa cela e os ataques à imprensa livre são destaques desta edição

Redação Oeste
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Há oito décadas, é impossível falar sobre política na Argentina sem incluir o termo “peronismo” na frase. Juan Domingo Perón não só governou o país como inaugurou um modelo clientelista de fazer política, que virou um regime e desembocou num partido — por muito tempo, o único no vizinho sul-americano. Outra marca indelével é o autoritarismo. No último domingo, 14 milhões de argentinos elegeram o excêntrico Javier Milei presidente. O peronismo levou uma surra.

É evidente que a vitória de Milei passa, sobretudo, pelo caos econômico de um país que empobrece a cada ano, conforme mostra esta edição. Mas o componente político não pode ser desprezado: o modelo derrotado pode ser considerado um “peronismo à brasileira”, encarnado pela dinastia dos Kirchner desde 2003. Milei foi vítima de ataques sorrateiros na campanha, reforçada às vésperas da eleição por marqueteiros enviados por Lula e pelo PT. Os métodos são bem conhecidos pelos brasileiros. Mas Milei venceu, também, porque na Argentina não houve interferência da Justiça Eleitoral para desequilibrar o certame.

“Na Argentina, os eleitores põem o voto de papel no envelope que recebem no local de votação. Ao sair da cabine indevassável, o envelope é depositado na urna. Encerrada a votação, os votos são contados preliminarmente ali mesmo, sob intensa fiscalização dos partidos. É um sistema aberto; o nosso é fechado”, escreve Alexandre Garcia.

javier milei - presidente eleito da argentina - discurso da vitória
Javier Milei venceu as eleições com 11 pontos porcentuais de vantagem | Foto: Reprodução/CNN Brasil

A virulência da esquerda contra os seus adversários, inclusive na imprensa, não é novidade. O que causa estranheza é justamente a complacência e a submissão ao PT das redações nestes tempos — até quando a vítima é um colega de profissão, sentado na cadeira ao lado. “Nosso jornalismo está afundado numa de suas piores fases, e não vai ser fácil recuperar sua credibilidade. Mas é bom deixar claro: aqui ninguém quer qualquer tipo de regulação, controle ou censura”, diz Dagomir Marquezi, um veterano em redações.

No Brasil, o autoritarismo cruza a Praça dos Três Poderes numa reta que liga o Palácio do Planalto ao Supremo Tribunal Federal (STF). São dois Poderes que deveriam ser independentes, conforme a Constituição, mas que se aliaram contra o Legislativo, onde estão quase 600 representantes escolhidos pelo povo. Esse regime governa o Brasil em consórcio — com o aval de uma parte da velha mídia, regada por milhões de verba estatal.

Nesta semana, esse consórcio recebeu mais um aviso de que já foi longe demais. O até então anônimo Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, que seria julgado num dos lotes de homens, morreu no presídio da Papuda. Ele foi esquecido numa cela pelo ministro Alexandre de Moraes, porque participou dos atos que terminaram em tumulto no dia 8 de janeiro. A família de Cleriston esperava sua volta para casa havia meses, já que ele não fora sentenciado. O Ministério Público pediu expressamente que ele fosse tirado do presídio por causa de comorbidades. “Mantê-lo preso é uma sentença de morte”, afirmou seu advogado. Era mesmo. 

O STF produziu uma nota infame sobre sua morte. A tragédia chegou ao Supremo. E agora? “Não haverá resposta. Há pelo menos cinco anos o STF se sente autorizado a não dar resposta nenhuma a ninguém”, diz o artigo de capa, assinado por J.R. Guzzo.

Boa leitura.

Capa da Revista Oeste, edição 192 | Foto: Shutterstock
9 comentários
  1. Udibel José da Costa
    Udibel José da Costa

    A Culpa é do Supremo. A Culpa é do Executivo. A culpa é do Legislativo, com referencia ao Senado Federal.
    Todos estão irmanados. Entre eles. E nós? Cada qual coloca sua resposta.

  2. Ione Dantas Cavalcante
    Ione Dantas Cavalcante

    Até quando vamos assistir os abusos cometidos por essa corte? Os parlamentares não podem ficar omissos ao que está acontecendo. Vocês prestarão contas nas próximas eleições. Não vamos reeleger covardes.

  3. Apolinário de Almeida
    Apolinário de Almeida

    Esses caras, é assim que devemos nos referir a esses cafajestes, nada de excelência, ou meritíssimo, esses canalhas são ursupadores da função que exercem, não são o que pensam que são, são crápulas inimigos do povo, destruidores do país. Estão em crime continuado de abuso de autoridade e desrespeito à Constituição, dentre outros, faz tempo!!!

    Alguém, ou nós, o povo precisamos fazer algo para que essa situação ridícula continue. Não pode 200 milhões de brasileiros assistirem passivos essa situação.

  4. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Que a eleição da Argentina, de modo transparente com voto impresso e sem o monstrengo TSE, sirva de exemplo para os congressistas brasileiros.

  5. Patriota
    Patriota

    Para o Supremo, traficante tem mais direitos do que os cidadãos que foram injustamente presos. E devolvendo helicóptero para traficante.
    E os 1000 colchões já prontos para recebê-los ????

  6. COSME PAULO STURM DA CUNHA
    COSME PAULO STURM DA CUNHA

    A grande questão é que “escancaram” a forma e método … Só está faltando a “oitiva” havida em “confessionário”, feita por um “paladino”, ao pedir “perdão” pelos “equívocos”, que produziu ou viu produzir, com vistas a um “perdão na hora da prestação de contas ao Arquiteto do Universo” (porque vai ter, creia ou não creia o produtor), do confessor – a verdade sempre aparece.

  7. Marcos Bovolon
    Marcos Bovolon

    Lula enviou os marqueteiros do PT para a Argentina mas se esqueceu de enviar o STF, deu no que deu !

  8. Dorivaldo Nunes da Silva
    Dorivaldo Nunes da Silva

    Parabéns Guzzo pela excelente capa da REVISTA OESTE ” O primeiro cadáver”.
    Passando … comprimento todo time de jornalistas da OESTE pela bravura em seguir nos dando as verdadeira notícias.
    Obrigado por tudo

  9. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Dona redação: muito bom o resumo.

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