“Quem financia a ‘dama das fake news‘?”, demandou o youtuber Felipe Neto sobre a jornalista Andreza Matais, editora-executiva do jornal O Estado de S. Paulo. “Quem financia essa mulher?” O ataque repleto de ódio tinha uma razão: a reportagem revelava — com fotos e, portanto, com fatos — que assessores do Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino, receberam a mulher de um chefão do Comando Vermelho, conhecida como “Dama do Tráfico”.
Foi pelas páginas do tradicional jornal paulista que a população brasileira soube dos encontros — um deles, pago pelo governo — de membros de ministérios com a mulher de um traficante. Qual o tema dessas reuniões? A “tortura” de presos e as regras rígidas das visitas íntimas.
Antes de discorrer sobre a fábrica de “narrativas” e destruição de reputações do PT e seus satélites, é importante lembrar o papel atribuído pelo presidente Lula a Felipe Neto. Ele foi nomeado para um grupo de trabalho presidido pela comunista Manuela D’Avila “contra o discurso de ódio e extremismo”. A finalidade é “propor políticas públicas” para censurar a internet e chamar todos os que discordem de pessoas como o próprio Felipe Neto de “extremistas”. O garoto-propaganda de wafer possui 45 milhões de seguidores no YouTube — mais do que a população da Argentina — e, recentemente, participou de uma live com outro forte ator político: Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Num país sério, se jornalistas noticiam que membros do Ministério da Justiça e também do Ministério dos Direitos Humanos franquearam entrada para alguém cujo apelido é “Dama do Tráfico” a prédios públicos, isso é prova de que a liberdade de imprensa, um dos pilares da democracia, permanece intacta. Porém, como se trata do Brasil e a denúncia é contra a esquerda, Felipe Neto, Flávio Dino, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros poderosos trataram de usar o termo da moda — “fake news” — para impedir que a população tivesse acesso à verdade.
Ser alvo do ódio do gabinete da esquerda é facílimo: basta que a vítima discorde do estamento em público. Em minutos, testemunhará hordas de políticos, ativistas, influencers e boa parte dos jornalistas fazendo de tudo para destruir a vida do alvo
Flávio Dino foi além: disse que a alcunha “Dama do Tráfico” foi invenção do jornal e não deveria ser repetida. Afinal, se ninguém assinou o nome “Dama do Tráfico” nos registros dos ministérios, logo, tudo seria “fake news”. E uma conta com milhões de seguidores, como a de Felipe Neto, pode atacar uma mulher sem uma única queixa das feministas de plantão — as mesmas que reclamavam diuturnamente de Jair Bolsonaro. Este, sim, considerado um eterno risco à democracia.
A chefe da sucursal de Brasília do Estadão sentiu um pouco do que toda pessoa que já denunciou a esquerda enfrenta: teve a sua vida devassada. Xingamentos foram o mais “leve” do que leu. Políticos a trataram com termos que não utilizam para as mulheres de traficantes. Foram divulgadas informações privadas sobre a jornalista nas redes sociais — não é preciso encontrar um crime, uma malversação, uma mentira. Entrou em campo a velha tática da intimidação.
Dupla moral
O modelo de achincalhe é o da defesa de condenados por crimes hediondos ou de “colarinho branco” e cidadãos de moral discutível. Já as pessoas normais, que denunciam criminosos, estas, sim, são tratadas como criminosas.
Felipe Neto, por exemplo, até resolveu se desculpar, mas apenas quando a Fenaj (uma das tantas associações de jornalistas) e o Sindicato dos Jornalistas se pronunciaram contra os ataques do governo ao Estadão. A nota do sindicato gasta quase todo o seu texto criticando o próprio jornalismo, com frases como “Não se deve fomentar, de forma irresponsável, ilações, sem qualquer comprovação, do envolvimento de membros do governo com grupos criminosos, reforçando absurdas teses de setores extremistas que tanto mal causaram à democracia brasileira”, e conclui: “cobrando o cumprimento dos direitos trabalhistas no Estadão”. A culpa é sempre da vítima, inclusive de uma mulher, se for contra a esquerda.
Não é preciso lembrar da quantidade de vezes que o ex-presidente Bolsonaro foi multado por “atacar” jornalistas. Recentemente, teve de desembolsar R$ 70 mil ao sindicato, presidido sempre por um filiado ao PT.
Gabinete do ódio de esquerda
Ser atacado por Felipe Neto tem ônus gigantesco. Afinal, com seus 45 milhões de seguidores no YouTube e 16 milhões no Twitter/X, seu perfil funciona como orquestração de ataques em massa. Ele atua como o maestro do gabinete do ódio da esquerda.
Ser alvo do ódio desse gabinete é facílimo: basta que a vítima discorde do estamento em público. Em minutos, testemunhará hordas de políticos, ativistas, influencers e boa parte dos jornalistas fazendo de tudo para destruir a vida do alvo: sua reputação será a de espalhador de fake news, sua conta bancária será cancelada, será alvo de acusações de crimes inexistentes e de dúvidas sobre o seu “financiamento”.
Tudo seria suportável, se o último passo não fosse a perseguição política. Todo o apparatchik da esquerda conseguiu passar por cima das poucas leis que controlavam o aparelho de repressão do Estado brasileiro, usando a teoria da conspiração de um suposto “gabinete do ódio” que divulgaria “fake news em massa” para favorecer a direita. Três CPIs, três inquéritos secretos, centenas de quebras de sigilo e buscas e apreensões com base nesse mistifório, e até hoje não encontraram uma única notícia falsa ou gabinete extremista com agentes espumando de ódio financiados a soldo público.
A ironia é que passamos os últimos anos destruindo o sistema jurídico brasileiro em busca de tal “gabinete do ódio”, jogando leis no lixo, atropelando a divisão de Poderes e, enfim, “relativizando” a democracia, segundo eufemismo confessado por Lula. Mas quem recebe dinheiro do governo para organizar essas hordas é bem conhecido. Apenas usam nomes mais palatáveis, como “Youtubers pela Democracia”. Na prática, é o mesmo.
Um deles foi o influencer Henry Bugalho, que confessou receber dinheiro de “fundações” para falar mal de Bolsonaro durante as eleições. Bugalho afirma que ele e os outros participantes do grupo receberam “uma grana importante”. Alguma quebra de sigilo? Alguma busca e apreensão? Ilações sobre quem o financia? Comentários sobre o “gabinete do ódio” aparecendo no Jornal Nacional?
Melhor ainda lembrar dos linchamentos promovidos por André Janones, que coordenou a campanha de Lula — e ninguém afirmaria que Janones o fez sem boa dose de ódio e fake news. Diga-se, nem o próprio Janones: em seu livro Janonismo Cultural [sic], o deputado confessa ter criado a fake news de que estava em posse do celular de Gustavo Bebianno, ex-aliado de Bolsonaro que morreu brigado com o ex-presidente. Janones inventava que o celular estava cheio de informações comprometedoras: “Mortos não falam, mas os celulares deles, sim”. Agora, em livro, confessa descaradamente que o fez “só para atormentá-los um pouco”. Não se viram notícias de buscas e apreensões, quebras de sigilo e CPIs para desarticular o “gabinete do ódio” da esquerda.
Fazer jornalismo contra tais pessoas custa caro — se não em dinheiro, em dores de cabeça. O melhor para se encaixar no grupo dos protegidos, e não dos perseguidos pela esquerda e pelo PT, certamente, é cometer crimes, chefiar o tráfico e espalhar desinformação para comprometer uma eleição democrática. Mas, para não ser atacado pelas hordas de ódio, é pouco recomendável ser contra isso.
Leia também “A esquerda segue ideologia como segue a moda”
que esquema maledetto! jamais imaginaria que o garotáo F.Neto tem 45 milhoes de seguidores no Ytube e 16 no X. Tb. n conseguia H.Bugalho. Essa politicagem rasteira e psicopata destroi a esperanca de um Brasil com desenvolvimento para todos. Como resultado ns pais hoje e terra sem Lei.
É por essas que esta turma de picaretas, liderada em partes por Felipe Neto e Luis Roberto Barroso, querem censurar as redes sociais. Para ficarem com o monopólio da narrativa.
O Estadão fez o L “pela democracia” também… Comemoraram a vitória do L…. se merecem!!!
Aos amigos as benesses do Estado, aos inimigos os rigores da Lei que não existe mais segundo as regras do STF.
Muito bom Flávio, essa turma é desprezível. Como tem gente tonta seguindo o traste, Felipe Neto.
Muito bom, aliás os artigos apresentados pelos jornalistas que escrevem para a Revista Oeste sempre são merecedores de elogios. Mas gostaria de fazer referência a uma situação no texto apresentado: Em um país sério como exemplo o Japão o Ministro da Justiça nem esperaria sua demissão do presidente do país (também sério) mas praticaria o Harakiri previamente. No Brasil tanto o malfadado presidente e sua tropa alegam que é fake news (virou moda). Essa é a diferença que temos com países e políticos sérios.