Um ano de Oeste Sem Filtro

A semana não foi fácil para o Brasil. Apesar de essa frase parecer puro pleonasmo, ou redundância, como queiram, fechamos a semana com o que mais temíamos, com o que só vimos nas páginas dos absolutos regimes totalitários e sanguinários: a morte de um inocente. Cleriston Pereira da Cunha morreu sem ter sido julgado, condenado ou sequer ter tido o seu direito de defesa, protegido pela Constituição, respeitado. Nas páginas do Brasil, a história contada será que, em 2023, vimos um preso político morrer nas mãos do Estado.

Desde o fatídico 8 de janeiro, a Revista Oeste publicou oito capas sobre as prisões imorais e inconstitucionais, apresentamos incontáveis matérias e artigos sobre todos os detalhes da ditadura do Supremo Tribunal Federal, e entrevistamos renomados juristas e advogados. Ao longo de 11 meses, fizemos o que a imprensa no Brasil não fez: mostramos todas as notícias relacionadas ao descaso jurídico com destaque e detalhes, e debatemos durante centenas de horas no programa Oeste Sem Filtro o que o sistema corrompido tenta distorcer e esconder.

Durante a campanha presidencial de 2022, fomos censurados pelo Tribunal Superior Eleitoral e não pudemos dizer verdades como, por exemplo, que Lula é amigo de ditadores. Fomos ameaçados pelo tribunal, fomos assediados por capachos do sistema alinhados com parte de um Judiciário ativista e fomos perseguidos pelos parasitas pendurados em partidos corruptos e seus satélites. Conseguiram nos calar. Mas por pouquíssimo tempo.

Mesmo diante do Big Brother tupiniquim e sua Gestapo, e alvejados em uma trincheira, seguimos combatendo o bom combate. Como em toda guerra, reagrupamo-nos, discutimos nova estratégia, recolhemos mais munição e partimos para um novo fronte.

Há um ano, nascia o Oeste Sem Filtro e, junto com o programa, uma nova onda de determinação e perseverança que vinha do outro lado da tela. Há exatos 12 meses, “desembarcamos na Normandia” e hoje avançamos sem piedade e com determinação para a “retomada da França”. A queda dos tiranos, como mostram todos os documentos históricos, é uma mera questão de tempo. A decisão de seguirmos nessa batida, e sob fogo cerrado, não seria possível sem a fé e a confiança de quem sempre nos apoiou na linha de frente. Vocês.

Curiosamente, o programa Oeste Sem Filtro completa um ano em um feriado norte-americano que é considerado o mais importante do ano, até mais do que o Natal, porque é celebrado efusivamente também por não cristãos: o Thanksgiving, ou Dia de Ação de Graças.

Na grande tapeçaria das tradições norte-americanas, o Dia de Ação de Graças permanece como um fio tecido com emoções cruas de gratidão, unidade e resiliência. Esse querido feriado, celebrado na quarta quinta-feira de novembro, é mais do que apenas uma festa; é uma prova do espírito duradouro de uma nação. No cenário em constante evolução dos desafios contemporâneos, o Dia de Ação de Graças surge como uma luz orientadora — um farol atemporal que transcende as páginas da história para iluminar o presente.

O Dia de Ação de Graças tem suas raízes no início do século 17, quando um grupo de peregrinos navegou através do traiçoeiro Atlântico em busca de liberdade religiosa. Em 1620, desembarcaram nas costas do Novo Mundo, uma terra dura e implacável. O primeiro inverno foi brutal, ceifando a vida de muitos. No entanto, com a chegada dos nativos americanos Wampanoag, os peregrinos aprenderam habilidades essenciais de sobrevivência e formaram um vínculo que transcendeu as diferenças culturais.

Em mais uma semana triste para o país, fica difícil celebrar o feito do primeiro aniversário do Oeste Sem Filtro. Mas precisamos erguer a cabeça e seguir para tirar da vala da normalização tantas injustiças cometidas por narcisistas desvairados que, desta vez, mataram Cleriston Pereira da Cunha

Dois anos depois, após uma colheita bem-sucedida, os peregrinos e os Wampanoag reuniram-se para uma festa de três dias, expressando gratidão pela colheita abundante e pelos laços forjados na adversidade. Esse evento importante é frequentemente considerado como o primeiro Dia de Ação de Graças, um símbolo de unidade e superação diante das dificuldades.

Mas o Dia de Ação de Graças não é apenas uma reconstituição histórica; é uma expressão viva e vibrante de gratidão. Os norte-americanos reúnem-se em torno de mesas não apenas para saborear uma refeição, mas para reconhecer a abundância — em várias áreas — em sua vida. O feriado serve como um lembrete comovente para fazer uma pausa, refletir e apreciar as bênçãos, grandes e pequenas — a ressonância emocional desse dia reside no ato de união. Famílias, amigos e comunidades deixam de lado as suas diferenças, reúnem-se sob o mesmo teto e partilham uma refeição. Em um mundo muitas vezes dividido pela política, religião, cultura e ideologia, o dia oferece um raro momento de unidade, uma oportunidade de ligação a um nível humano fundamental.

E, para nós em 2023, o Dia de Ação de Graças, com raízes firmemente plantadas na luta histórica pela sobrevivência, torna-se uma bússola para navegar nas tempestades de hoje. A unidade, a gratidão e a força em seguir no emaranhado de fios oferecem um modelo para enfrentarmos os desafios que definem a nossa era. Diante dos desafios modernos, o Thanksgiving permanece como um símbolo duradouro de esperança, unidade e espírito humano inabalável. Apesar das provações e tribulações, o espírito humano tem a capacidade de encontrar esperança, ligação e gratidão — uma lição que permanece eternamente relevante no tecido diversificado e em constante evolução da sociedade norte-americana.

Em mais uma semana triste para o país, fica difícil celebrar o feito do primeiro aniversário do Oeste Sem Filtro. Mas precisamos erguer a cabeça e seguir para tirar da vala da normalização tantas injustiças cometidas por narcisistas desvairados que, desta vez, mataram Cleriston Pereira da Cunha.

A tradição de expressar gratidão está no cerne do Dia de Ação de Graças. Desde a humilde graça dita antes da refeição até a tradição de compartilhar aquilo pelo que cada pessoa é grata, o feriado promove um profundo sentimento de apreço. Nesses momentos, as pessoas enfrentam os desafios e triunfos do ano que passou, encontrando consolo no reconhecimento coletivo da resiliência, também na dor, e do crescimento.

Hoje, mesmo com o coração triste por minha nação e por uma família enlutada, dou graças aos incríveis parceiros e mestres que tenho no Oeste Sem Filtro, ao fomentador de toda essa resistência e do bom jornalismo, Jairo Leal, e a toda a equipe técnica maravilhosa por trás do programa Oeste Sem Filtro e da Revista Oeste.

Hoje, dou graças a todos vocês que abrem suas casas para nossos encontros diários, que nos assistem em celulares nos ônibus, no trabalho, em computadores apoiados em cadeiras, nos caminhões que alimentam nossas artérias econômicas, nas esquinas espalhadas pelo Brasil, e agora nos ouvem nas dezenas de rádios pelo país.

Hoje, mais uma vez e agora pelo Cleriston Pereira da Cunha e sua família, reafirmamos nosso compromisso de defender a vida, a liberdade e o impérios das leis — e não dos homens.

A todos vocês, minha família Oeste, muito obrigada.

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