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Foto: Shutterstock
Edição 194

Carta ao Leitor — Edição 194

O cerco à liberdade e a aventura expansionista de Nicolás Maduro estão entre os destaques desta edição

Redação Oeste
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O século 21 tinha tudo para proporcionar aos habitantes do mundo ocidental a ampla liberdade jamais experimentada em sua história. O amor se tornara livre, as mulheres haviam conquistado os mesmos direitos dos homens, assim como os negros os dos brancos. Era possível adotar a religião que bem entendesse — ou abdicar de todas. As guerras viraram raridade. E as ditaduras se transformaram em lembranças de um passado que jamais se repetiria.

Menos de três décadas depois do início do novo século, contudo, o lado oeste mantém em risco permanente o pai de todas as liberdades: o pensamento livre. “Alguns anos atrás eu comecei a achar que a cultura do cancelamento tem uns ecos sombrios da Inquisição”, afirmou Brendan O’Neill, editor de política da revista britânica Spiked, em entrevista a Bruno Lemes. “Não em todos os aspectos, é claro. Ninguém está indo para a fogueira nos anos 2020 pelo que acredita. Mas a linguagem acusatória de hoje é similar àquela do passado. E a sanha em aniquilar — socialmente, se não fisicamente — é assustadoramente parecida também.”

O’Neill alerta para outra característica deste século: “O que me é mais interessante é a forma como o autoritarismo, fenômeno principalmente de direita, trensformou-se num fenômeno de esquerda”. A Heretic’s Manifesto: Essays on the Unsayable (“O manifesto de um herege: ensaios sobre o que não se pode falar”, em tradução livre), seu livro mais recente, será traduzido para o português em janeiro de 2024 pela editora LVM.

A onda repressora, que vem se alastrando pelo Brasil nos últimos cinco anos, atingiu o ápice na semana passada. Ministros do Supremo decidiram responsabilizar os veículos de comunicação pelo que dizem os entrevistados. “O que o ministro quer é que o jornal, a revista ou a emissora não publiquem entrevistas incômodas”, resume J.R. Guzzo no artigo de capa desta edição. 

Guzzo com a palavra: “Até uma criança de 10 anos de idade sabe como isso vai funcionar. Um entrevistado ‘de esquerda’, por exemplo, pode falar o que quiser e não vai acontecer absolutamente nada. Pode dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro é ladrão de joias, racista, pedófilo, homofóbico e genocida, sem provar coisa nenhuma — e o entrevistador estará mais seguro que um ministro do STF em seu carro blindado. E o contrário? O contrário vai ser o contrário”. O texto de Guzzo é complementado pela reportagem em que Cristyan Costa destaca as cenas mais significativas dessa cruzada contra a liberdade de expressão.

Na leva de absurdos produzida pela Corte está uma entrevista recente de Gilmar Mendes. Como mostra a reportagem de Silvio Navarro, o magistrado classificou a eleição de Lula como “um resgate da democracia”. Garantiu que não consegue imaginar o que aconteceria se Jair Bolsonaro vencesse. A confissão fortalece a constatação de Roberto Motta: “A única maneira de mudar ou reverter políticas públicas criadas através de ativismo judicial é apressar a chegada do dia em que magistrados com uma mentalidade diferente serão nomeados para as cortes superiores e irão tomar decisões melhores”. Decano do STF, Gilmar Mendes tem sete longos anos pela frente.

Enquanto aplaude as atitudes liberticidas do Supremo, Lula silencia diante da aventura expansionista de Nicolás Maduro. Depois de levar à falência o país que desgoverna, o ditador quer engolir 70% da Guiana. A reportagem de Eugenio Goussinsky descreve a evolução desse desejo de posse do pequeno país que tem uma das maiores reservas petrolíferas per capita do mundo. Essa novela que ameaça a Região Norte do Brasil ganha detalhes saborosos com as análises de Alexandre Garcia e Augusto Nunes.

Quando os brasileiros pensam que certas coisas chegaram ao fundo do poço, os maduros, lulas e dinos se unem para mostrar que o que está muito ruim sempre pode piorar.

Boa leitura.

Branca Nunes

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 194 | Foto: Revista Oeste
13 comentários
  1. CARLOS FLORESTA DE OLIVEIRA
    CARLOS FLORESTA DE OLIVEIRA

    Minha, minha gente… estamos todos nos caminhando para TOMAR NO SIMBOLO DO COBRE, sem ter a quem recorrer de direito. A esquerda pode tudo , nos da direita não podemos nada, mas enquanto ainda não nos tomarem o AR QUE RESPIRAMOS, eles que vão TOMANDO NO SIMBOLO DO COBRE. Ora bolas.

  2. Jaf
    Jaf

    Se o termo catástrofe existe certamente foi criado sob a antevisão dos dias que vivemos agora aqui abaixo do Equador. É uma tragédia a fotografia que vemos desse desgoverno monumental. Engana, mente, dissimula, subverte, alicia e suborna, tudo isso de forma simultânea à destruição que promove. Seus agentes, apoiadores, patrocinadores e cúmplices surfam na crista da onda do desespero que toma conta do país. Enquanto isso, empregados trabalhadores, empresários enganados e oprimidos, cidadãos honestos e jovens ainda não contaminados por essa sanha destruidora, debatem-se numa tentativa vã de viver com dignidade. Os tentáculos do mal esquerdopata parecem mais poderosos e vão corroendo almas e mentes.

  3. Zulene Reis
    Zulene Reis

    Não estou conseguindo acessar todos os colunistas: por favor, peço ajuda.

  4. JOÃO BOSCO DE CARVALHO
    JOÃO BOSCO DE CARVALHO

    Sou assinante da revista oeste e encontro grande dificuldade em navegar pelas páginas da revista sem propaganda ou “sem sair do site”. Acabo perdendo a paciência e perco a oportunidade de ler excelentes artigos. Seria uma deficiência minha ou é possível melhorar o acesso?
    Sds
    J.B.

    1. Assinaturas Oeste
      Assinaturas Oeste

      João, boa noite

      Nossa equipe de atendimento entrará em contato para auxiliá-lo em seus acessos ao conteúdo da Oeste.

      Oeste agradece por escrever.

      Att

      Revista Oeste

  5. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    A face cínica do Gilmar Mendes, como bem relembra Silvio Navarro.

  6. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Excelente edição com excelentes reportagens.

  7. Bianca Fernandes Sarturi
    Bianca Fernandes Sarturi

    ” Autoritarismo, fenômeno principalmente de direita”… Hein???? Eu li direito isso??? A Direita defende a liberdade do indivíduo, o Direito Natural, enquanto a Esquerda defende o Estado contra o indivíduo. O autoritarismo é e sempre será um fenômeno da Esquerda.

    1. Claudio Degani
      Claudio Degani

      Senti a mesma surpresa quando li.
      Aí já percebemos no que o “jornalista” acredita.
      Lamentável.

  8. Jarbas Marques Ribeiro
    Jarbas Marques Ribeiro

    Uma pergunta??? Voces REALMENTE ACREDITAM que o iimbecil da Venezuela vai fazer alguma coisa na Guiana??? Tanto ele como o nosso imbecil não são burros e idiotas!!! Vocês sabem quanto tem de dinheiro americano na Guiana?? Bilhões de dolares!!!! Portanto se por ventura houvesse qualquer indício de veracidade na sanha venezuelana os USA já teriam colocado na costa da guiana um porta aviões e não mais que isso !!!!! O negocio do idiota venezuelano é fazer circo para o povão!!!!!!

  9. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    tá bom… até vou compartilhar no face. Continuo achando que vocês são ingênuos. Estamos marcandho para o ápice da ditadura. Vem por aí a pena de morte a prisão perpétua, que já existe de fato. Para democratizar o país, segundo a esquerda, tem que eliminar a direita. Como eles não dizem que é de extrema direita, poderão prender qualquer um, fechar partidos, sem avisar. Eles estão na tocaia SE ORGANIZando. Eu não sou de direita Sou gente direita. E também corro o risco já que fui defensor da liberdade e da democracia…

  10. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Está tudo muito claro, há tempo de reverter

  11. Silas Veloso
    Silas Veloso

    Parabéns, Branca. Sim, poderíamos estar em patamares elevados, não fosse a sanha destrutiva 2.0 da esquerda mundial

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