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Fernando Haddad, ministro da Fazenda | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Edição 198

Haddad quer ‘prender’ o dólar

Ministro fala em limitar altas e baixas da moeda americana, 'projetos de transformação ecológica', mas única certeza é de mais impostos em 2024

Carlo Cauti
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Fernando Haddad já antecipou quem será seu primeiro adversário em 2024: o dólar. O ministro da Fazenda declarou em entrevista que o governo federal estuda um projeto para diminuir a volatilidade da moeda americana. 

Segundo ele, seria utilizado “um instrumento do Tesouro para atrair investimentos externos, uma espécie de hedge cambial, associado a projetos de transformação ecológica”.

O petista não forneceu mais informações, mas o mercado não gostou. No mesmo dia, o dólar subiu mais de 2%.

Brilhante ideia

Na mesma entrevista, Haddad disse apoiar a ideia de antecipar o fim do mandato do presidente do Banco Central para o primeiro ano de gestão do presidente da República. 

A lei de autonomia do BC fala outra coisa, já que a troca no comando acontece somente no fim do segundo ano de mandato. 

O mercado não gostou mais uma vez. No mesmo dia, a curva de juros futuros fechou em alta.

Lula só poderá trocar Roberto Campos Neto no final de 2024, quando indicará também os novos diretores de Relacionamento e de Regulação.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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No apagar das luzes, mais impostos

No penúltimo dia do ano, Lula sancionou a lei que regulamenta as apostas esportivas virtuais, as chamadas bets

As empresas pagarão 12% de imposto de renda; e os apostadores, 15% sobre o valor líquido dos prêmios obtidos. 

O Ministério da Fazenda espera arrecadar pelo menos R$ 100 bilhões por ano. Número como sempre exagerado, pois todo o setor movimenta por ano R$ 120 bilhões. 

O risco é que esse imposto tenha o mesmo destino arrecadatório pífio dos outros criados pelo governo ao longo de 2023. 

Lula sancionou a lei que regulamenta as apostas esportivas virtuais | Foto: Shutterstock
No despertar do ano, mais impostos

O ano novo começou com mais impostos. O governo federal retomou a cobrança integral do PIS/Cofins sobre o diesel. O imposto estava zerado desde 2021. Parte do recolhimento foi antecipada em setembro de 2023. 

A partir de janeiro de 2024, a arrecadação volta a ser integral: cerca de R$ 0,35 por litro de diesel. Haddad garantiu que os preços para os consumidores não subirão, mesmo com o aumento de impostos. 

Poucas horas antes, a Petrobras havia anunciado um corte de R$ 0,30 no preço do litro de diesel.

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Mais dinheiro para as montadoras

No apagar das luzes de 2023, o governo Lula decidiu presentear o setor automotivo com mais um pacote de bondades.

A MP nº 1.205/2023 criou o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), concedendo R$ 19,3 bilhões em créditos tributários ao setor até 2028. Terão direito aos benefícios fiscais as empresas que realizam pesquisa, desenvolvimento, inovação ou engenharia relacionados à cadeia automotiva.

Parte do dinheiro virá da reoneração da importação de carros elétricos, que estavam isentos. Ou seja, aumentam os impostos para os veículos “limpos” para subsidiar a produção de veículos “sujos”.

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Governo quer a Petrobras

A Petrobras anunciou que em 2024 vai encerrar o teste piloto do programa de recompra de ações preferenciais, aprovado pelo Conselho de Administração da companhia em agosto,
O objetivo é manter os papéis em tesouraria para posterior cancelamento.

A Petrobras já recomprou R$ 974 milhões em ações no terceiro trimestre do ano passado.
Hoje a União detém 28,67% do capital total da estatal petrolífera, mas 50,26% das ações ordinárias. Caso o programa se concretize, essa porcentagem vai subir.

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2023, o ano da quebradeira das empresas 

O ano de 2023 será lembrado como o ano das recuperações judiciais. O crash da Lojas Americanas abriu um annus horribilis para as empresas brasileiras. 

Segundo a Serasa Experian, novembro registrou 175 pedidos de recuperação judicial. Alta de 8% em comparação com outubro e de 196,6% na comparação com o mesmo mês de 2022. 

Entre janeiro e novembro, 1.303 empresas solicitaram proteção contra credores, alta de 77,08% na comparação com o mesmo período de 2022.

Americanas Safra
2023 será lembrado como o ano das recuperações judiciais | Foto: Divulgação/Lojas Americanas
2024 pode ser igual. Ou pior

O ano que se inicia pode ser até pior do que o ano passado. Uma série de grandes empresas estão se preparando para negociar dívidas com seus credores. 

No varejo, uma delas é a Casas Bahia. Na aviação, a Gol. Na indústria, a Unigel. 

Para os especialistas, os primeiros seis meses de 2024 serão de sangue, suor e lágrimas para as empresas. Endividamento elevado, margens de lucro apertadas e altas despesas com pessoal são fatores que podem provocar uma nova enxurrada de recuperações judiciais.

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Mais rombos nas contas

O déficit das contas-correntes do Brasil em novembro 2023 foi de US$ 1,6 bilhão. 

O resultado foi muito pior do que esperado pelos analistas, que previam um saldo negativo de US$ 400 milhões. 

No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit em transações correntes até novembro de 2023 somou US$ 33,7 bilhões, o equivalente a 1,56% do PIB.

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Indústria cada vez mais em crise

A indústria mostra claros sinais de desaceleração. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Brasil caiu de 49,4 em novembro para 48,4 em dezembro.

Segundo pesquisa da S&P Global, foi o quarto mês seguido em que a atividade manufatureira ficou abaixo do patamar de 50, que separa a expansão da contração. 

Os pedidos às fábricas continuaram caindo em dezembro, e o ritmo de redução foi o mais acelerado desde junho. De acordo com o estudo, isso é um efeito direto da diminuição da demanda.

Segundo pesquisa da S&P Global, foi o quarto mês seguido de desaceleração da indústria | Foto: Shutterstock
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A volta dos CACs

O Exército voltou a emitir autorizações para colecionadores de armas, atiradores desportivos e caçadores (CACs). Os novos registros estavam suspensos desde o início do governo Lula.

A nova regulamentação muda algumas regras, como o prazo de validade do Certificado de Registro, que passa de dez anos para três anos. 

Hoje no Brasil são cerca de 803 mil CACs. O total de policiais militares no país é de 406 mil. Os militares das Forças Armadas somam 365 mil.

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Gringos, go home

A partir do dia 10 de janeiro, os turistas do Canadá, Austrália e Estados Unidos vão ter que apresentar visto para entrar no Brasil. O governo Lula reintroduziu essa necessidade, que havia sido eliminada no primeiro ano do governo Bolsonaro.

As previsões das entidades de turismo indicam uma perda de R$ 2,5 bilhões por ano em decorrência da maior dificuldade imposta aos turistas que desejarem entrar no Brasil. 

Para o Itamaraty, a isenção de vistos não alterou os fluxos de viagens desses países. Para o Ministério do Turismo, todavia, somente no primeiro ano a alta foi de 16% na entrada de turistas. 

O governo Lula reintroduziu a necessidade de visto para turistas do Canadá, Austrália e Estados Unidos | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Leia também “2023: a glória do bitcoin”

8 comentários
  1. Celso Ricardo Kfouri Caetano
    Celso Ricardo Kfouri Caetano

    Quando a inflação no Brasil beirava a 80%, Itamar Franco simplesmente reuniu bons nomes do segmento econômico, deu-lhes carta branca para resolver a situação e eles fizeram……….assim fiquem tranquilos Lula tem Haddad o mestre das finanças….é como dizia Arnaldo Jabor ” Ufa, estamos salvos”.

  2. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    O interesse da quadrilha petista é somente arrecadar, para bancar suas estripulias. A população que se lasque. Imposto no diesel, imposto em apostas, ”imposto” para o turista estrangeiro,…

  3. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    Os PTralhas são insanos.

  4. Ana Kazan
    Ana Kazan

    Caiuti, excelente análise. Só uma coisa: será mesmo que carros elétricos são energia limpa? A produção e o custo das baterias são terríveis e estratosféricos. Ainda parece que não podemos afirmar com veemência q os carros elétricos estão pra ser nosso futuro. Dos muitos ricos e despreocupados com o ambiente, talvez.

  5. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Esses ministros do Lula não bastasse ser todos ladrões, são desprovido de capacidade técnico-profissional, ridículos, analfabetos e debochados, não era por menos, ter um gabiru como líder

    1. Raimundo Rocha Neto
      Raimundo Rocha Neto

      Verdade.

  6. Emilio Sani
    Emilio Sani

    enquanto luladrao está preocupado em fazer acordos com PCC (o chinês, pois o daqui tem conversas cabulosas diretamente com o novo chefe da stasi) para concretizar a censura a internet, o poste está preocupado em fazer o controle do cambio como se faz na China, pois com o desatre de sua administração e dívida pública o dólar tende a disparar

  7. Lucas C. Parnoff
    Lucas C. Parnoff

    Esperamos os números finais de dezembro de 2023 pra ver exatamente quanto foi a tragedia deste ultimo natal.
    Obrigado pelas informações.

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