Existe um surto de má vontade contra os números oficiais da sociedade brasileira. É puro preconceito.
O pessoal é obcecado por inflação alta. Aí se o índice de preços aparece mais bonitinho, depois de um bom banho de loja, chove reclamação. Brasileiro nunca está satisfeito.
Os números não mentem. Se eles obedecem a algum mentiroso, aí já são outros quinhentos — ou outros duzentos e cinquenta, dependendo da geografia utilizada. Geografia é uma questão de foro íntimo. Estatística é um estado de espírito. Matemática não é má, depende da temática.
Já o desemprego é mau. Ninguém gosta. Por que então insistir em números antipáticos que vão aborrecer todo mundo e deixar o país de baixo-astral? Por que não usar a alegria e a criatividade do brasileiro para dar uma sacudida nos índices? Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu e quem perdeu tempo fazendo conta. Melhor fazer de conta.
Os checadores precisam denunciar essa gente retrógrada que insiste em fazer conta na ponta do lápis
Se você tem uma birosca, por exemplo. Não faz sentido passar uma imagem negativa para clientes e funcionários, deixando a impressão de que se trata de um estabelecimento deficitário. Como resolver isso? Simples: retire do balanço o aluguel e as taxas. Aí você poderá ostentar um belo superávit — que os seus amigos da imprensa vão estampar em manchetes triunfais — e ainda vai poder tirar onda de guardião da responsabilidade fiscal. Transparência não é nada. Desinibição é tudo.
Estatística é assunto sério demais para ficar nas mãos de estatísticos. E econômico demais para ficar nas mãos de economistas sérios. Os números de uma sociedade só serão bem tratados se entregues a um carnavalesco. Ele jamais deixará buracos nas alas. Ou melhor, nas planilhas. Enfim, dá no mesmo.
Nas mãos de um carnavalesco, o PIB será sempre uma beleza. Nada de escassez. O lixo vira luxo. Quem gosta de miséria é intelectual. Manda a tristeza embora com rima rica e samba no pé. PIB, PIBÃO, PIBUMPATICUMBUMPRUGURUNDUM, o nosso PIB, minha gente, é isso aí. A alegria voltou.
Os checadores precisam denunciar essa gente retrógrada que insiste em fazer conta na ponta do lápis. Falso! Nem existe mais lápis. Deixem os números em paz, depois de tanto tempo de ortodoxia. Número também quer diversão e arte. Denunciem os numerófobos, os racistas da aritmética. Liberdade para as estatísticas!
Leia também “Os sem-mãe”
genial Fiuza ! números não mentem
Temos no IBGE um militante de carteirinha.
Manipulação dos números é algo inevitável tal como ocorreu na Argentina Peronista durante décadas.
Pergunte a um contador quanto é 2 +2 e ele responderá: quanto você quer que seja?
Perdi tudo na onomatopeia do PIB. Fiuza é genial!
Matemática é opressora, coisa de macho cis branco. Estatística é uma deusa que, se rezar para ela, faz milagre.
Fiuza, que saudades de seus textos. Seus livros são fantásticos, parabéns por fazer sátira desses tiranos, parasitas do povo brasileiro. Educação Paulo Freire, onde a matemática não é importante, mexer com números que para esse povo não faz sentido, infelizmente nem maldade é, mas falta total de saber que a identificação de um problema auxilia na sua solução (hein? resolver? infelizmente não faz parte do vocabulário…)
Parafraseando o acadêmico da ABL, “realce quanto mais purpurina melhor”.
Doses semanais de inteligência frente ao capachismo dos pseudointelectuais, que já não enganam nem eles próprios.
Que o diga Miriam Leitoa…
Marcinho Pokemon que o diga em suas funções dirigindo o IBGE…
Muito bem elaborado.
Hahahaha, Só assim, na gozação e na criatividade puras, parece ser possível viver nesta esbórnia colossal que atende pelo nome de Brasil. Parabéns pelo texto, Fiúza.
Genial ! Mestre Fiúza vc é magistral ! Sempre tenho de ler duas vezes pra poder absorver totalmente a riqueza de cada parágrafo ! Pura preciosidade seu sarcasmo ! Parabéns !
Excelente!
Texto excelente
Que saudades de seus textos e análises! Agora, que assinei a Oeste, estou voltando a me deleitar com sua inteligência e desfrutando daquilo que seus textos despertam em mim por mais triste, dolorosa e revoltante que seja a realidade atual.
O IBGE não mente. Fiuza é o barão da literatura, só não entende o trocadilho são os petistas
Sensacional!
Isso é racismo alfonumérico!
Fiuza é tão brilhante que a gente termina o artigo sempre querendo mais, haha. Favor aumentar o número de caracteres Fiuza!
“*GUARATINGUETÁ SP BR*” #AcordaBrasil – Um DESgoverno. Como diz a Ana Paula *TRANCA A PAUTA*
“O lixo vira luxo. Quem gosta de miséria é intelectual.” Joãozinho Trinta na veia…. Vc é demais, Fiuza.
Batcuprugurudumbatcudum. Qual é seu genero ?
Fiuza me faz lembrar do antigo PASQUIM, xi, revelei a minha idade, kkk
Que bom ter o Fiuza de volta, com suas ótimas crônicas de um Brasil varonil.
Fiuza,Fiuza,gênio das palavras .