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Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Edição 203

A educação como arma (Parte 2)

A cartilha neomarxista do novo Plano Nacional de Educação traz uma série de preocupações para pais, escolas e educadores

Ana Paula Henkel
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Em uma nação séria, nada, absolutamente nada é mais importante do que a educação. Podemos discutir economia, planos sociais, segurança, saúde, eleições… nada disso atinge seu completo potencial sem educação acadêmica de qualidade. Um dos principais pilares de sucesso de países livres e prósperos está exatamente na capacidade intelectual de seus cidadãos e na fomentação dessa capacidade desde cedo.

Por esse motivo, na edição da semana passada de Oeste, relatei o que encontrei em 161 páginas do Plano Nacional de Educação (PNE) apresentado na Conferência Nacional de Educação (Conae) e aprovado sem ressalvas pelo presidente Luiz Inácio.

A cartilha neomarxista do DOCUMENTO-BASE do Plano Nacional de Educação 2024-2034, vomitada por completo em 282 páginas, traz tantas preocupações para pais, escolas, educadores (não os doutrinadores) que precisamos de um segundo artigo para finalizar a exploração de umas das aberrações mais indigestas da história da nossa educação. E é exatamente essa programação leninista que querem empurrar goela abaixo de pais, crianças e adolescentes, sem questionamento.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Conferência Nacional de Educação – Conae 2024 | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O alerta é máximo e devemos pressionar o Congresso para que esse manual soviético seja vetado. E não há nenhum exagero em chamá-lo de “manual soviético”, afinal apenas a expressão “controle social” é citada 59 vezes, enquanto “geografia” aparece apenas duas!

Seguindo de onde paramos na semana passada, exatamente na página 161. E é logo ali na página 164 que somos brindados com a preocupação do “papel da atividade sindical” no Plano de Educação de nossas crianças.

Na página 175, aquela falsa preocupação camuflada de puro segregacionismo: “Criar universidade indígena e quilombola multicampi”.

E claro que em qualquer plano de educação que se preze para os socialistas que amam o dinheiro dos outros não poderia faltar o velho falatório ideológico sobre “justiça social” através da reforma tributária — página 179:

“Implementar a reforma tributária, em elaboração, pautando-se pela justiça social e o equilíbrio regional e preocupando-se, primordialmente, em garantir recursos financeiros suficientes e permanentes para a efetivação de direitos sociais e distribuição de renda.”

Aumento de impostos? Sim, claro que temos em um planejamento educacional. Página 180.

A sanha tributária dos comunistas é tão grande que ela volta, praticamente com o mesmo lenga-lenga, na página 186:

Efetivar uma reforma tributária que seja progressiva, ou seja, proporcionalmente, quem ganha mais pague mais, elevando, portanto, as alíquotas dos tributos sobre a renda, lucros e ganhos de capital e propriedades, incluindo a regulamentação sobre a taxação de grandes fortunas, além de aprimorar o sistema de fiscalização. // Elevar a carga tributária brasileira, sobretudo naqueles tributos com características mais progressivas, como percentual do PIB, que foi de 31% em 2020, até atingir o equivalente ao percentual médio dos 33 países mais ricos da OCDE, que foi de 35,5% do PIB daqueles países, enfatizando a necessidade da redução das alíquotas relacionadas a salários, força de trabalho e bens e serviços.”

Preocupação com o “povo das águas e da floresta”? Temos. Página 190.

No título do “Eixo VII”, na página 194, finalmente a preocupação com história e geografia. Brincadeira minha. Mais ladainha woke: “EDUCAÇÃO COMPROMETIDA COM A JUSTIÇA SOCIAL, A PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE, O DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL SUSTENTÁVEL PARA A GARANTIA DA VIDA COM QUALIDADE NO PLANETA…”

Revolução Industrial malvadona, que intensificou a extração e o uso de recursos naturais e modelou a organização da sociedade, naturalizando a estratificação em classes sociais e, com isso, “acentuou as desigualdades”? Claro que está lá. Página 195.

Negacionismo científico? Página 196.

Não entendo tanta preocupação com a educação de nossos filhos. A Unesco e a Agenda 2030 estão aí para isso — para resolver todas as nossas dúvidas climáticas e “para buscar transformações em nosso modo de pensar e agir”. Está lá, página 197.

E vocês acham que a tal “dívida histórica” ficaria de fora? Ela também aparece com destaque de mãos dadas com “a difusão do ódio, da desinformação e todo tipo de intolerância”, na página 198.

Até a página 207 você lerá mais e mais platitudes sobre a salvação do planeta, racismo ambiental, justiça social, povos das águas e das florestas e desenvolvimento socioambiental inclusivo (?)

No PLANO DE EDUCAÇÃO para nossos filhos, a preocupação agora, na página 199, é com “a justa distribuição de renda e riqueza, do direito à saúde, moradia, emprego ou trabalho e educação pública de qualidade e gratuita”.

A página 199 é um primor. Ali se encontram “racismo ambiental”, Milton Santos e Paulo Freire. Juntinhos no mesmo parágrafo.

Até a página 207 você lerá mais e mais platitudes sobre a salvação do planeta, racismo ambiental, justiça social, povos das águas e das florestas, mais dinheiro do pagador de impostos para a prevenção de queimadas, desenvolvimento socioambiental inclusivo (?), “segurança hídrica para a eficiência e o uso racional da água e do solo para o fortalecimento da agricultura familiar e sustentável, da agroecologia, do agronegócio sustentável, da restauração ambiental, da pesca e a aquicultura”. Respira. Segue. Cooperativas e associações produtoras de alimentos, mais “combate ao racismo ambiental e estrutural”, direitos humanos, migrantes e refugiados, “proteção e atenção às mulheres, trans e cis-gênero, crianças, adolescentes e pessoas idosas, pessoas neuroatípicas e pessoas com deficiências, bem como no respeito e valorização da diversidade, na convivência com outras nacionalidades, etnias e religiões, na cultura da paz e do diálogo, na redução da violência e todos os tipos de preconceito e discriminação”… ufa!

A sanha máxima deste PNE — o absoluto controle social — fica explícita nas páginas 210 e 214: “Criar um sistema de monitoramento dos Planos Municipais e Estaduais de Educação, com mecanismos de correção aos entes federativos que descumprirem o planejado”.

Movimentos? Aqueles? Temos. Todos. Página 239:

“Movimentos feminista, indígena, negro, quilombola, LGBTQIAPN+, ambientalista, da juventude, dos povos do campo e das florestas, das águas e ribeirinhos, dos povos e comunidades tradicionais, do público-alvo da educação especial, de jovens, adultos(as) e idosos(as), dos direitos humanos, dos defensores da luta antimanicomial, contra a violação dos direitos humanos no sistema prisional, contra a intolerância religiosa e pelo respeito à biodiversidade…”

Na página 262, todas as máscaras vão para o chão com a sanha ESTATIZADORA:

“Interromper o processo de privatização da política educacional, caracterizada pela presença e atuação de grupos empresariais e fundações, especialmente aquelas relacionadas ao setor financeiro, no âmbito dos órgãos de formulação das políticas educacionais, apropriando-se de recursos financeiros destinados à escola pública através da celebração de contratos com os órgãos estatais e venda de produtos e serviços padronizados ao setor público, interrompendo também as ações da filantropia colaborativa.”

E mais: FIM das parcerias público-privadas, página 263:

“Fim das parcerias público privadas, relações público privadas e conveniamento na gestão, no currículo e na oferta da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), em até 2 anos da aprovação deste PNE. (NOVA ESTRATÉGIA) Fim das concessões privadas que se refere ao privilégio que é dado às instituições particulares ou empresas, para que seja feita a exploração de serviços de utilidade pública, no prazo de 2 anos após a aprovação deste PNE.”

Em uma das últimas páginas, a genética estampada desse verdadeiro filhote de Lenin com Escola de Frankfurt, com Gramsci e com o ecoterrorismo: “imediatamente”, “obrigatoriamente”…

Há tantas coisas para serem cobradas do Congresso. Nosso país está um caos jurídico, fato. Mas não há nada mais importante do que a promoção e a proteção de mentes que poderão, num futuro muito próximo, lutar pela nossa nação com a mais poderosa de todas as armas: um coração corajoso aliado a um intelecto robusto.

Leia também “A educação como arma”

28 comentários
  1. Sidevaldo Macedo
    Sidevaldo Macedo

    É a educação dos nossos filhos e netos nas mãos dos congressistas. Ainda bem que a maioria deles “não é vendável”.

    Obrigado e parabéns pela matéria.

  2. Laercio Denival Bento
    Laercio Denival Bento

    Olá Ana Paula, sou seu fã desde da época do vôlei. Me tornei assinante da revista ontem e estou feliz por essa decisão, pois vejo em vocês qualidade na informação, bem como a realidade dos fatos. Também um ouvindo assíduo do oeste sem filtro onde fico ciente das atuações dos nossos políticos, sendo bem ou mal. Quero deixar aqui a minha indignação com muitos canais de comunicação que compactuam com um governo descondenado e incompetente para tal cargo de tamanha grandeza, pelo nosso povo e nossa pátria. Faço aqui um pedido a vocês, por favor não desistam desse trabalho que é feito, pois, pra mim há ainda uma pequena esperança, e essa força vem de pessoas do bem que não desisti nunca. Obrigado pelos serviços que prestam ao nosso país…

  3. Cléuton Moreira Gonzaga
    Cléuton Moreira Gonzaga

    Olá, Ana Paula! Utilizo este canal não para comentar mas para manifestar que um dos anunciantes do horário do Oeste Sem Filtro, que sou assíduo na audiência, não possui uma boa reputação junto ao Reclame Aqui, pois direciona diretamente para um site de péssima reputação.

  4. Omar Fernandes Aly
    Omar Fernandes Aly

    Sim sim

  5. Vanessa Días da Silva
    Vanessa Días da Silva

    Isso não é um plano de educação, é o plano de governo do PT que eles não divulgaram antes das eleições e agora vem travestido de outra coisa

    1. Omar Fernandes Aly
      Omar Fernandes Aly

      Sim

  6. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Conferência Nacional Antônima da Educação. Uma política vergonhosa, um bocado de analfabeto tudinho ladrão, mandando em toda população brasileira

  7. ANA PAULA COELHO
    ANA PAULA COELHO

    ????????????

  8. José Luís da Silva Bastos
    José Luís da Silva Bastos

    É a velha ideia da esquerda,manter o povo burro sem capacidade de aprender e pensar,povo que não pensa é fácil de comandar.

  9. karein Castro Reglero
    karein Castro Reglero

    excelente e necessária exposição dessa agenda bizarra neomarxista e totalitária, um alerta para todos os brasileiros, prinipalmente para os pais de família. Parabéns por ambos artigos sobre esse tema.

  10. Manoel F A Ferreira
    Manoel F A Ferreira

    Engraçado as “propostas” não terem sido escritas em linguagem neutra. Está cada dia mais difícil ter esperança nessa selva chamada Brasil.

  11. Jorge Luiz Soares Ribeiro
    Jorge Luiz Soares Ribeiro

    Parabéns pelo artigo. Toods os brasileiros honestos, decntes e trabalhadores precisam pressionar o Congresso sob pena de destruir o futuro de nossos filhos e netos.

  12. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Qerida Ana. Depois escevvo algo que vocês esquederam.

  13. José Edson Xavier
    José Edson Xavier

    Isto não é um artigo, é uma contundente denúncia! É historicamente conhecido o orocesso de evolução pelo qual a Coreia do Sul passou para chegar onde chegou: educação e instrução foram a prioridade. Basta olhar o que foi feito lá. Duvido que se encontre um único item dessas baboseiras que sai da cabeça desses imbecis. Eles querem instrumentalizar as escolas para se tornarem fábricas de imbecis irrecuperáveis. No Brasil, as escolas são um ambiente perigosíssimo pra qualquer pessoa em qualquer nível, principalmente porque existe a obrigatoriedade de matrícula, imposta pelo Estado, o que por si só, já é uma aberração.

  14. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    A educação pública brasileira está tão aparelhada por estudantes-profissionais e “professores” vagabundos que acho a única maneira viável de conserto é transferir todos estes alunos para a rede privada, a livre escolha dos pais, e o estado pagar aos que não tem condições.

  15. jorge alves
    jorge alves

    EM PRIMEIRO LUGAR #SINDICATO SÓ SERVE PRÁ DAR BOA VIDA A VAGABUNDO# e o resto todo mundo sabia o que esse VERME iria aprontar então façam o LLLL em 2026 novamente rsss

  16. Francisca Lenita de Menezes Aragao
    Francisca Lenita de Menezes Aragao

    Contamos com Ana Paula no Congresso, Venham!

  17. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    E o nosso Congresso com raras exceções no mais completo silêncio.
    Não podemos nos calar diante de tantas aberrações estampadas em um projeto de poder absoluto.

  18. Susana Denise Zimmer
    Susana Denise Zimmer

    Parabéns pelo artigo! O conteúdo do plano repete a mesma ladainha de sempre! Cabeça de Chat GPT ,preocupante!

  19. Daniel BG
    Daniel BG

    Parei no “papel da atividade sindical”. Simplesmente será o fim da satisfação em se entrar nos estabelecimentos de consumo (lojas, supermercados, etc, etc) e termos uma variedade de mercadorias de consumo.
    Só haverá (quando houver) UMA! Aquela produzida pelo consórcio entre governo comunista e os monopólios podres.
    O brasileiro perderam de vez a noção de consumo e o prazer que disso advém.
    O sindicalismo, se não controlado, vai destruir a liberdade individual, a liberdade de pensamento, os valores pessoais.

  20. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Pois é Ana, contamos contigo no Senado Federal em 2026. Teu conhecimento da historia politica e jurídica do Brasil e dos EEUU, nos ajudariam a formar maioria nessa CASA que realmente poderá impor independência e a harmonia entre os poderes. Ajude-nos ao menos durante 8 anos.

  21. Emilio Sani
    Emilio Sani

    se tivéssemos congresso já teríamos cassado Xandao e Barroso, e diante desse panfleto soviético a única coisa a ser feita seria queimá-lo com transmissão ao vivo para toda nação como exemplo…mas não vai infelizmente acontecer

    1. Daniel BG
      Daniel BG

      E Fachin (a canetada criminosa do CEP), Lewandowski (o Batman, anulador de processos incriminadores do 9), rosa Weber (sempre de olho na Berlim Oriental) , Tôffoli (o Robin, o juiz que nunca foi, criador do criminoso processo que exterminou a Lava Jato e devoto pupilo do Batman), Mendes (o libertador de bandidos), aquilo que defendeu o 9 na Lava Jato, o paquiderme dino, a Carmen Lucia (não-acho-certo-mas-voto-sim), o exímio Fux nulidade de Dilma.

  22. Herbert Gomes Barca
    Herbert Gomes Barca

    muito bom artigo Ana Paula Henckel
    se esse congresso não fizer nada, o futuro dos brasileiros tá condenado ao fracasso

  23. Joao Pita Canettieri
    Joao Pita Canettieri

    Ana Paula parabéns

  24. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Tudo azul na Amérido do Sul? Certa feita, num debate na capital do estado entre proprietários de campos de cima da serra contra ecologistas a questão não era queimar o campo porque havia aquecimento estufa. A queimada ,naquela época tinha data marcada e era apenas uma sapecada onde o gado continauva pastando bem perto das chamas. A maioria dos pecuaristas faziam acero para o fogo não invadir o vizinho ou matas e banhados. O calor das vozes aumentou e eu, como assistente, pulei na frente da mesa diretora e desafiei: olha os pecuaristas aceitam suas teses, e ficaremos um ano inteiro sem fazer fogo, mas a população das grandes cidades também terão que ficar um ano sem rodar com veículos automotores, pois o gás carbônico emitido por eles é 50 vezes maior do as sapecadas de agosto. Houve silêncio. Nâo houve acordo. Ninguém quer deixar de andar de automóvel (isto uns 15 anos atrás). Hoje as grandes cidades são as mais poluidoras. Está aí a dengue ambém para provar nossa tese.

  25. José Carlos Bolognese
    José Carlos Bolognese

    Excelente artigo Ana Paula!
    Tomo a liberdade de repassar esta interessante reflexão da escritora irlandesa Iris Murdoch sobre edução. Se fosse tomada como ponto de partida pelas CONAEs da vida, a educação no Brasil faria-nos decolar como você mesma diz.
    “Education doesn’t make you happy. Nor does freedom. We don’t become happy just because we’re free – if we are. Or because we’ve been educated – if we have. But because education may be the means by which we realize we are happy. It opens our eyes, our ears, tells us where delights are lurking, convinces us that there is only one freedom of any importance whatsoever, that of the mind, and gives us the assurance – the confidence – to walk the path our mind, our educated mind, offers.”

    1. Omar Fernandes Aly
      Omar Fernandes Aly

      O comentário dessa escritora é coisa de gente grande, elevada e paralisa esse Conaezinho vomitado pela esquerda militante .

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