Nazilulismo e seus tucanos amestrados

O presidente Lula, tentando provavelmente se cacifar como líder do “Eixo do Mal” contra o Ocidente livre, fez a declaração mais esdrúxula possível nesta semana, ao comparar a reação legítima e necessária de Israel contra o Hamas ao Holocausto de Hitler, que matou deliberadamente milhões de judeus inocentes. A fala causou enorme repercussão negativa, inclusive entre tucanos que “fizeram o ‘L’”. Muitos se deram conta, pelo visto, do radicalismo esquerdista do petista. Mas cabe perguntar: só agora?

O Brasil lulista vira cada vez mais um pária mundial, elogiado por ditaduras comunistas como Venezuela e Cuba, aproximando-se de regimes nefastos como os da Rússia e da China, e assustando cada vez mais o mundo livre sob a liderança dos Estados Unidos e da Europa. Um pensamento sombrio e assustador vem à mente: se estourar uma Terceira Guerra Mundial, o PT colocará o Brasil do lado errado, do lado dos tiranos totalitários, dos narcoestados e das ditaduras comunistas e islâmicas.

Mas volto a perguntar: só agora deu para perceber quem é Lula e o que prega seu PT? Por onde essa turma toda andou nas últimas décadas? De onde tiraram a ideia ridícula de que Lula seria como um Mandela regenerado, pacificador e moderado? Acreditaram na narrativa global criada sob medida para ajudar o ladrão a voltar à cena do crime, como diria Alckmin no passado recente?

Ver tucanos, alguns judeus, descendo a lenha no Lula e na esquerda raivosa e antissemita causa uma mistura de sentimentos. Sim, antes tarde do que nunca, melhor acordar depois de anos hibernando do que dormir para sempre. Mas eis o ponto: esses tucanos não fizeram um doloroso mea culpa em público, não admitiram que erraram ao pregar voto em Lula contra Bolsonaro, o presidente mais pró-Israel da nossa história. Eles não demonstram qualquer arrependimento sincero.

O que nos leva a crer que é apenas a tentativa de resgatar o velho teatro das tesouras. Agora que sentem que a direita verdadeira está afastada na marra pelo consórcio do PT/STF/mídia, eles tentam se colocar como antipetistas novamente, como a “direita permitida”, como a alternativa “civilizada” ao nazilulismo. Mas nós sabemos o que vocês fizeram no verão passado: vocês ajudaram a eleger Lula, e não foi por falta de aviso sobre o que aconteceria. Dá mesmo para alegar surpresa e ignorância com o resultado?

Nos bastidores da direita, há quem defenda uma estratégia apaziguadora, de tentar estimular esse racha interno da esquerda, dar força para os tucanos “arrependidos”, que estão horrorizados com o radicalismo petista. Posso entender a tática de guerra, já que a prioridade é derrubar Lula e resgatar alguma sanidade na política nacional. Mas tenho meus motivos para não aderir a essa postura. Meu papel é de longo prazo, mais cultural e intelectual do que político em si, e considero muito o fator pedagógico na equação.

Explico melhor: se simplesmente fingirmos que esses tucanos estão do “nosso lado”, são “gente como a gente”, todo o fenômeno que permitiu a volta de Lula será ignorado e poderá facilmente se repetir à frente. Como apontei, sequer há arrependimento público dessa turma. E digo mais: mesmo apontando para o nazilulismo no poder, tenho minhas dúvidas se um Caio Blinder da vida não votaria uma vez mais em Lula contra Bolsonaro. Seria doentio, claro, mas o esquerdismo pode ser uma doença mental mesmo.

O nojo estético, a aversão visceral ao bolsonarismo e a repulsa pela direita nacionalista dessa gente tucana jamais podem ser desprezados. O destino de quase todo tucano é descer do muro sempre ao lado esquerdo, caindo diretamente no colo de um comunista. Eles realmente aprenderam a lição? Eu não apostaria nisso. Basta ver como muitos ainda tentam incluir Bolsonaro em suas mensagens de ataque ao petismo, criando uma falsa equivalência moral. Bolsonaro nunca escondeu sua admiração por Israel, pelos judeus e pelo Ocidente liderado pelos Estados Unidos, enquanto Lula sonha com a aliança do Sul para enfrentar os “imperialistas ianques”. E isso para ficar só na questão da geopolítica.

Churchill, ao justificar a aliança com Stalin, disse que diria até algo elogioso ao próprio Diabo se fosse para derrotar Hitler. Justo. É o papel de um líder político. Mas eu não sou político

Portanto, não pretendo participar de qualquer esforço para unir conservadores e tucanos, não enquanto esses tucanos não reconhecerem publicamente a lambança que fizeram, assumirem que foram cúmplices da destruição de nossa democracia, tudo isso em nome de sua suposta salvação. Quem já esqueceu a cartinha pela democracia desse pessoal cínico? Quem pode fingir que eles não aplaudiram até aqui todo o arbítrio e abuso de poder do sistema contra bolsonaristas? Quem vai ignorar que essa turma defende a instrumentalização do Estado para a perseguição aos conservadores?

Compreendo a necessidade de fazer concessões em política, de contemporizar, de buscar alianças com adversários para objetivos mais imediatos. Churchill, ao justificar a aliança com Stalin, disse que diria até algo elogioso ao próprio Diabo se fosse para derrotar Hitler. Justo. É o papel de um líder político. Mas eu não sou político. Eu estou há décadas na luta intelectual e cultural, para disseminar os valores da liberdade e da verdadeira democracia republicana em nosso país, tão aprisionado à mentalidade esquerdista, coletivista e estatólatra. E, nessa guerra cultural, considero mais importante apontar, neste momento, para a hipocrisia dos tucanos, para o cinismo de quem “fez o ‘L’” e agora se mostra surpreso e revoltado com Lula, sendo que todos sabiam exatamente quem ele era e sempre foi. Não tenho qualquer intenção de dar moleza para essa turma agora.

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