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Manifestação na Avenida Paulista, no último domingo (25/2/2024) | Foto: Shutterstock
Edição 206

Carta ao Leitor — Edição 206

A manifestação da direita brasileira em defesa da democracia e a truculência do tratamento dispensado pela Polícia Federal ao jornalista português Sérgio Tavares estão entre os destaques desta edição

Redação Oeste
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Há dez anos, os brasileiros redescobriram as ruas. As manifestações de 2013, atribuídas inicialmente a um aumento da tarifa do transporte público em São Paulo, logo incorporaram dezenas de reivindicações. Meses depois, outra onda de protestos alvejou a roubalheira do Petrolão. O passo seguinte resultaria no impeachment de Dilma Rousseff.

Multidões de bom tamanho também apoiaram a operação Lava Jato e festejaram a devassa que atingiu políticos, empresários e empreiteiros corruptos. Um princípio constitucional que parecia revogado passou a valer no mundo real: todos são iguais perante a lei.

As centenas de prisões sem julgamento decorrentes do 8 de janeiro de 2023 calaram a voz das ruas. O silêncio estimulou o autoritarismo do Judiciário, que seguiu apostando com crescente confiança na supremacia da toga.

As coisas parecem ter mudado neste 25 de fevereiro, quando centenas de milhares de pessoas vestindo verde-amarelo ocuparam a Avenida Paulista de ponta a ponta para avisar que o medo acabou. “A manifestação de 25 de fevereiro foi muito mais que ‘um ato de apoio a Jair Bolsonaro’”, afirmou Augusto Nunes no artigo de capa desta edição. “Foi a retomada das ruas pela direita brasileira.” Não havia golpistas na Paulista, observa. O que havia era “um oceano de brasileiros que lutam pela pacificação do país, pelo fim das prisões ilegais e pela obediência à Constituição”.

Mas, como mostra J.R. Guzzo, para o consórcio Lula-STF, povo na rua, “livre manifestação de pensamento e outros sinais alarmantes de democracia devem ser eliminados já e com repressão ‘exemplar’”. Se antes que o ato ocorresse Gleisi Hoffmann e outros petistas tentaram encontrar alguma maneira de proibi-lo, imagine o que não farão nos próximos depois do sucesso do primeiro.

A única ocorrência policial ligada à manifestação ocorreu bem longe da Paulista. No Aeroporto de Guarulhos, o jornalista português Sérgio Tavares foi retirado da fila de desembarque e passou duas horas ouvindo perguntas que ofendem a liberdade de expressão.

“O Termo de Declarações redigido pelo chefe dos sherloques resume os principais temas abordados no depoimento de duas horas”, revela Nunes. “O trecho mais relevante, reproduzido entre aspas sem correções, registra que Tavares, por orientação de seu advogado, ‘ficou em silêncio quando questionado sobre sua afirmação em seu blog de que o Brasil vive uma Ditadura do Judiciário, sobre sua afirmação em seu blog de que a urna eletrônica não é confiável, sua afirmação em seu blog de que o Brasil é chefiado por criminosos e quando questionado sobre os fatos ocorridos em 8 de janeiro’.” Também nesta edição, Anderson Scardoelli traça um perfil de Sérgio Tavares.

A imprensa mundial parece ter começado a ver Lula como ele é depois que o presidente comparou o contra-ataque de Israel em Gaza ao genocídio dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Como observou Alexandre Garcia, o episódio envolvendo Tavares agora serviu para mostrar ao mundo que, no Brasil, liberdade tem limite. Como têm reiterado integrantes do consórcio no poder, aqui vigora a “democracia relativa”.

Boa Leitura.

Branca Nunes

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 206. Uma multidão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro participa da manifestação em defesa da democracia, na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde do último domingo (25/2/2024) | Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
15 comentários
  1. Felipe Silva da Costa
    Felipe Silva da Costa

    Foi o início da luta a favor da nossa liberdade de expressão.

  2. Sady previtalli
    Sady previtalli

    Um fenômeno social jamais superado em defesa da DEMOCRACIA e das eleições honestas.

  3. Zulene Reis
    Zulene Reis

    Quero ler os outros colunistas e não consigo acessá-los…

  4. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Sérgio Tavares só relatou verdades. O Brasil vive hoje uma ditadura do judiciário, as urnas eletrônicas não são confiáveis, e o poder em Brasília atualmente é comandado por uma quadrilha criminosa.

  5. RAFAEL SUSAE DE SOUSA
    RAFAEL SUSAE DE SOUSA

    Neste e em vários outros artigos, a transcrição de áudio não está rodando, por favor verifiquem isso, gosto de consumir os artigos em forma de “podcast” só escutando.

  6. Oswaldo Galvão Carvalho
    Oswaldo Galvão Carvalho

    Torço para que estejamos virando a página dos desmandos judiciais que liberou o ladrão dos processos de roubos e assaltos aos cofres públicos e que lhe devolveu, também, a ficha limpa. Torço também para que o golpe orquestrado pelo TSE e STF nas últimas eleições para presidente, seja trazido à luz e que o verdadeiro resultado e evidências sejam finalmente divulgados.
    E quem sabe, por vias não previstas, o jornalista português consiga demostrar ao mundo, que foi golpeado pelo sistema ditatorial que se implantou no Brasil atual.
    Que os processos judiciais voltem ao que era antes, com o seu curso normal e sem autoritarismo de ministros que, a todo momento, jogam no lixo a nossa constituição.

  7. Carlos Eduardo Gomes da Silva
    Carlos Eduardo Gomes da Silva

    É preciso e necessário para reconquistar a democracia que muitas outras manifestações grandiosas ou não se espalhem pelo país, somente desta forma colocaremos o povo no poder, e tirando do poder aquele que se esconde do povo.
    Não há como existir uma nação próspera com um mandatário sem qualquer representatividade popular, além de sua ficha prá lá de suja.

  8. Vanessa Días da Silva
    Vanessa Días da Silva

    Linda capa

  9. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Vocês de Oeste se superam a cada edição.

  10. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Depois do dia 25 de fevereiro o mundo ficou sabendo que o Brasil vive uma ditadura socialista que é o prenúncio do comunismo, como todo mundo também sabe o que é o comunismo. Só nos resta meter a cara e colocar todos os malfeitores da nação brasileira na cadeia e aguardar julgamento. E isso só interessa ao Brasil e aos brasileiros

  11. José Arnaud Junior
    José Arnaud Junior

    Sou brasileiro de 81 anos liderando minha família e 35 colaboradores na minha epp. Fui estudante no RJ vivi as manifestações de 1963/64 em defesa da democracia não compactuei com o golpe militar mas não havia outra alternativa para extirpar a ameaça do regime de governo socialista modelo soviético que desejavam implementar no Brasil. Vivemos hoje sob ameaça de perda total de liberdade como mostra em suas matérias tudo que a Revista Oeste divulga defendendo com coragem a democracia no nosso amado Brasil .

  12. James
    James

    Em 2011, ocorreram manifestações na avenida paulista contra os ministros do STF.
    As redes sociais espalharam a primavera árabe pelo mundo !
    ” Não é o povo, quem deve temer ao estado, mas, é o estado quem deve temer ao seu povo ”
    A manifestação do povo brasileiro é um exemplo para o mundo!

  13. Joao Pita Canettieri
    Joao Pita Canettieri

    Revista Oeste e Equipe parabéns

  14. Contratudoisto
    Contratudoisto

    Parabéns pela reportagem. Por favor, gostaria de saber porque TODOS se calam ao nomear os corruptos e não mencionam o CÂNCER que participa deste esquema todo que são os FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS.
    Todos nomeiam POLÍTICOS, EMPREITEIRAS, EMPRESÁRIOS e NINGUÉM cita o funcionalismo. Porque isto? É a classe tão corrupta quanto as demais. E te digo, como empresário, que já fui achacado e extorquido pelo funcionalismo público sem NUNCA ter proposto qualquer vantagem aos mesmos. E digo mais: o CÂNCER deste país é o funcionalismo público notadamente o Judiciário, polícias, fiscais de renda, Juizes desembargadores, funcionários de carreira de todas as estatais e orgãos públicos, além centenas de órgãos que ou não valem nada ou não prestam pra nada tais como IBAMA, IPHAN, entre centenas de outros.
    Claro que do mesmo jeito que nem todo político, empresário ou empreiteira são ladrões, também existem exceções no funcionalismo. Mas já passou da hora de serem citados

    1. Vanessa Días da Silva
      Vanessa Días da Silva

      Concordo. Pior que o sonho do brasileiro é ser funcionario publico. Uma lastima

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