A arrecadação de impostos e contribuições federais chegou a cerca de R$ 186,5 bilhões em fevereiro de 2024. Uma alta de mais de 12% em termos reais na comparação com o mesmo mês de 2023.
De acordo com a Receita, esse é o melhor resultado em termos reais para o mês de fevereiro, desde o início da série histórica, em 1995.
A arrecadação veio acima do esperado pelo mercado e, segundo o Fisco, foi possível graças ao crescimento da arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) de Rendimento de Capital, em decorrência da taxação de fundos offshore.
Nos dois primeiros meses de 2024, a arrecadação federal chegou a R$ 467 bilhões. O melhor resultado para o primeiro bimestre do ano da série histórica, uma alta de quase 9% em relação ao mesmo período de 2023.
Mas o rombo permanece
Mesmo com a arrecadação recorde, o mercado financeiro continua desconfiado em relação aos resultados fiscais do governo federal. Segundo a XP, a arrecadação de fevereiro não foi suficiente para atingir a meta de déficit zero.
Os analistas apontaram frustração com os resultados de algumas medidas de arrecadação. A mudança nos subsídios do ICMS, os JCP e a limitação do uso de créditos fiscais não atingiram as expectativas.
Opinião parecida à do Santander, segundo o qual a arrecadação forte está atrelada a fatores temporários, como taxação de fundos exclusivos e bons números do mercado de trabalho.
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Que comecem os cortes
O governo federal insiste em fechar as contas públicas com déficit zero em 2024. Para isso, a equipe econômica está trabalhando em uma série de congelamentos bilionários, que deverão atingir principalmente os orçamentos social, de saúde e de educação.
O próprio Tesouro Nacional prevê a necessidade de mais R$ 170,8 bilhões em receitas adicionais para zerar o rombo fiscal neste ano.
Cortar sempre dói
O próprio presidente da República começou a preparar a opinião pública para cortes no orçamento. Uma medida considerada quase anátema pelo petista e por sua base. Segundo Lula, “muitas vezes é a necessidade que corta o orçamento”.
Os gastos obrigatórios estão subindo sem parar, principalmente com Previdência, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).
O mercado já trabalha com um valor entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões de contingenciamento para fechar as contas em um vermelho controlado: 0,25% de déficit primário.
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Mostrem serviço!
Sabendo do custo político do ajuste nas contas públicas, na última reunião ministerial Lula mandou seus ministros melhorarem a comunicação dos resultados das políticas de seu governo.
Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o presidente pediu que seus auxiliares melhorem a percepção da sociedade sobre as decisões do Executivo. A ordem é achar “indicadores que sejam compreensíveis pela população”. Ou seja, propaganda na linguagem do povo.
Calem a boca, brasileiros!
Mas há quem ache que o jeito é outro. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, atribuiu a culpa da queda de popularidade do governo à língua dos brasileiros. Por isso, pediu que os cidadãos parem de abrir a boca.
“Os brasileiros precisam parar de falar mal do Brasil”, disse Mercadante na abertura de um seminário internacional sobre descarbonização, em Brasília.
Segundo ele, “o país vive um bom momento na economia” e estaria pronto para “dar um salto histórico na economia e no nosso desenvolvimento”. Se não fosse por esses bocudos…
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Fim do dia
A rede espanhola de supermercados Dia vai sair do Brasil, encerrando 23 anos de presença no país. A empresa anunciou que vai fechar todas as suas lojas e centros de distribuição por causa dos “persistentes resultados negativos”.
Incialmente, a rede de supermercados pretendia permanecer apenas com as lojas de São Paulo. Em um segundo momento, porém, ela decidiu encerrar todas as atividades.
Poucos dias após o anúncio, o Dia entrou com um pedido de recuperação judicial por causa de uma dívida total de R$ 1,1 bilhão, dos quais R$ 268 milhões são passivos com bancos.
Quarta falência em poucos meses
A quebradeira do Dia é a quarta grande recuperação judicial em poucos meses.
Uma delas foi o Starbucks, que em outubro anunciou o encerramento das atividades, submerso em uma dívida de R$ 1,8 bilhão.
Seguiu o Subway, que também decretou o fim de sua experiência no Brasil, depois de acumular uma dívida de R$ 482,7 milhões.
Mas o elenco de quebradeiras começou no início de 2023, com a Lojas Marisa, que apresentou suas contas ao Tribunal de Justiça em decorrência de um passivo de R$ 600 milhões.
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Fusão do cão
A Petz, gigante de produtos para animais de estimação, negou que está trabalhando em uma fusão com a rival Petlove. A empresa tem 246 lojas e fatura R$ 3,8 bilhões por ano. A Petlove, por sua vez, tem uma receita de R$ 1,35 bilhão.
O mercado anda desconfiado de que algo está para acontecer, já que o fundador da Petz, Sergio Zimerman, está comprando cada vez mais ações da concorrente, já tendo superado 43% de participação na companhia.
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O Brasil tem seu índice do medo
A partir desta semana o Brasil também tem seu índice do medo. O VIX do Brasil estreou na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
O índice mede a expectativa de volatilidade do mercado, subindo quando aumenta a percepção de risco.
Nos Estados Unidos, o VIX é uma ferramenta utilizada por investidores para entender o sentimento do mercado.
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Alerta vermelho na China
A crise do mercado imobiliário na China não acabou. O valor das vendas de novas moradias no país asiático sofreu um tombo de 32,7% no primeiro bimestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas.
O resultado indica uma acentuada piora no mercado imobiliário chinês em relação ao recuo de 6% nas vendas observado em todo o ano de 2023.
As construções iniciadas — considerando-se tanto residências quanto propriedades comerciais — registraram queda anual de 29,7% no primeiro bimestre.
Nem casas usadas eles querem
Nem mesmo as casas usadas estão no radar dos compradores chineses. Os preços dessas habitações nas grandes cidades do país caíram 6,3% em fevereiro, a pior queda mensal desde que o governo começou a divulgar os dados, em 2011.
A desaceleração imobiliária já dura pelo menos três anos e tem provocado danos enormes à economia, já que o setor de construção civil representa 25% do PIB chinês.
Leia também “O passado não passa”
É muito fácil chegar ao déficit zero, é passar o fuzil nessa corja todinha que está no governo
Mais uma excelente matéria do Carlo… Parabéns…
Carlo com teu profundo conhecimento de finanças públicas e das empresas, quando você vai nos fornecer quais foram os maiores beneficiários (estados, instituições, empresas, pessoas físicas, etc.) dos R$ 90 bi de PRECATÓRIOS que LULA/STF liberaram sem ferir o FISCAL do governo LULA.
Lembro que o próprio STF jogou esse encargo na cabeça de Bolsonaro, que nosso ex ministro Paulo Guedes chamou de METEORO e teve que postergar pagamentos para não ferir o FISCAL com difícil acordo com o STF, que alguns como CIRO GOMES chamam de CALOTE aos PRECATÓRIOS do governo Bolsonaro.
Todos sabemos que existem PRECATORIOS honestamente devidos principalmente a pessoas físicas, mas não devemos esquecer o que foi aquela corajosa CPI do JUDICIÁRIO que o polemico senador Antonio Carlos Magalhães criou em 25/03/99 e desvendou decisões do Judiciário entre elas contra o banco da Amazônia (BASA) de R$81 bi à ex donos da MADEIREIRA SABIM que faliu em 1968, anulando decisões que fatalmente virariam PRECATORIOS para a população brasileira pagar. Se puder alongar para fortunas para os escritórios de advocacia e bancos nas negociações desses intermediárias desses precatórios seria interessante.
Bem colocado.
Desgoverno irresponsável
Reportagem precisa e detalhada!!!