O fim do PSDB

O PSDB passou a ter somente um senador filiado ao partido. A sigla divide com o Novo o título de menor bancada partidária do Senado. Líder da legenda na Casa, o senador Izalci Lucas (DF) oficializou sua saída da sigla rumo ao PL, confirmando um movimento de aproximação já esperado desde o ano passado. Restará somente Plínio Valério (AM), que preside o diretório estadual tucano no Amazonas e, constantemente, recebe convites para migrar a outros partidos.

A decadência tucana ilustra um fenômeno mais abrangente, em minha opinião. Ela representa a crise no teatro das tesouras. Muito se fala da polarização na política, mas caberia perguntar: a polarização, em si, é mesmo o problema? Se, do outro lado, há uma quadrilha de comunistas corruptos tentando transformar o Brasil numa Venezuela, ser veemente contrário a tal projeto não é uma obrigação de todo e qualquer democrata e patriota?

Esses dias passou pela minha rede social um vídeo de Aécio Neves condenando a polarização em nosso país e se oferecendo como alternativa. Aécio Neves! Aquele do áudio vazado em conversa com Joesley Batista, em que pede R$ 2 milhões para pagar sua defesa na Lava Jato e, ao combinar como pegar o dinheiro, “brinca” que se não for entre os dois direto “tem que ser um que a gente mata ele antes dele fazer delação”. Essa é a esperança contra o petismo?

Geraldo Alckmin, outro grande nome do tucanato, é hoje o vice-presidente de Lula. O mesmo que denunciou que o ladrão queria voltar à cena do crime, que destruiria o país. Assim são os tucanos, de forma geral. E este é o principal motivo da decadência do PSDB: o brasileiro acordou para o fato de que a turma social-democrata não é realmente oposição ao socialismo petista. O povo experimentou um governo de direita, e não quer mais a falsa oposição ao PT.

Não nego que haja um legado razoável do PSDB em sua passagem pelo governo federal ou pelos governos estaduais. O partido tinha bons quadros técnicos, economistas com algum viés liberal, que foram responsáveis por avanços institucionais como o Plano Real. Concedi uma entrevista ao ex-senador Arthur Virgílio Neto nesta semana e falamos desse tema. Ele falou com orgulho de suas décadas dedicadas ao partido e ao Brasil, elencou algumas conquistas importantes, mas admitiu que não enxerga hoje, no PSDB, o mesmo DNA de antes, e por isso mesmo saiu do partido.

A farsa é grotesca demais para permitir qualquer seriedade em quem dela participa. Ninguém sério, afinal, “faz o L” para salvar democracia alguma

A queda do PSDB ilustra a crise do “isentismo”. Vale também para o jornalismo: aqueles nomes que ganharam destaque ao criticar o PT durante os longos 14 anos de poder amargam falta de engajamento e credibilidade hoje. Eles passaram a demonizar Bolsonaro e, na melhor das hipóteses, simular uma falsa equivalência moral entre o ex-presidente e Lula. Muitos desceram do muro do lado esquerdo mesmo, caindo direto no colo do PT. Denunciavam o país dos petralhas e a década perdida com o PT, e hoje bajulam os corruptos socialistas. Tornaram-se, assim, irrelevantes perante o público.

Num país em que o próprio STF agiu para resgatar o ladrão e colocá-lo novamente na cena do crime, como diria Alckmin, e em que todo esse teatro foi feito com a cumplicidade da velha imprensa sob o pretexto de “salvar a democracia”, quem banca o “imparcial” é parte do problema, não da solução. E isso, vale notar, independe do que o sujeito pense a respeito de Jair Bolsonaro. A farsa é grotesca demais para permitir qualquer seriedade em quem dela participa. Ninguém sério, afinal, “faz o L” para salvar democracia alguma.

Lula é o maior bajulador de ditadores comunistas do planeta, além de líder de uma quadrilha que assaltou o Estado nacional. Não obstante, vários tucanos fazem cara de paisagem na hora de avaliar sua trajetória. Como respeitar essa postura? Há espaço, em democracias, para a social-democracia de esquerda que os tucanos defendem, sem dúvida. A necessidade de fazer concessões é parte necessária da política, a arte do possível. Precisamos de moderados, de quem sabe construir pontes, de quem adota o diálogo construtivo com as várias vertentes ideológicas. Não nego nada disso. Mas o que isso tem a ver com defender um safado autoritário, mentiroso compulsivo, responsável pela destruição do nosso país num passado recente?

O tucanismo, portanto, é mais uma forma de ser do que a filiação partidária. Muitos debandaram do PSDB, mas seguem “tucanos”. São aqueles que sonhavam com uma “terceira via” na última eleição, sendo que todos os nomes aventados como possibilidade nesse caminho do “meio” acabaram fechando com o PT. João Amoêdo, o “liberal” que fundou o Novo, talvez represente com perfeição a essência do tucanismo: nasceu para servir de instrumento do PT, enquanto finge fazer “oposição construtiva” aos companheiros de Maduro.

O Brasil de hoje não permite mais espaço para esse tipo de postura. Corremos um risco muito sério de virar uma ditadura comunista, como a Venezuela admirada por Lula. E os “tucanos” participam do teatro que simula normalidade institucional e ainda trata como paranoico e radical quem ousa denunciar o perigo. O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Francisco Joseli Parente Camelo, por exemplo, disse que o comunismo acabou com a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, em 1989, e que a esquerda quer “um Brasil melhor, mais solidário” e “mais próspero”. Camelo ainda disse que “jamais viu o presidente Lula como um comunista” e condenou a associação que se faz entre esquerda e comunismo.

É por figuras assim que o Brasil vem sendo destruído. Não se contemporiza com o mal. Não é possível aceitar tranquilamente o que vem acontecendo em nosso país. Diante de comunistas corruptos só há uma alternativa: resistir. Os “tucanos” em geral não pensam assim. E é por isso mesmo que o PSDB está minguando e com o risco de desaparecer.

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