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O empresário Elon Musk | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Edição 211

O universo Musk

Todos conhecemos Elon Musk dos foguetes e dos carros elétricos. Mas ele criou muito mais do que isso

Dagomir Marquezi
Vitor Marcolin
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Elon Musk nasceu em 1971 em Pretória (África do Sul), embora alguns desconfiem de que ele tenha vindo de algum outro sistema planetário. Sua carreira começou aos 12 anos. Ele criou um jogo de videogame chamado Blastar, que vendeu a uma revista especializada em computadores por US$ 500.

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Ainda na juventude, decidiu emigrar para o Canadá. De lá passou para os Estados Unidos, onde foi direto para o topo: o curso de pós-graduação em física de uma das mais prestigiadas universidades do mundo, a Stanford. Pessoas “normais” se agarrariam a essa oportunidade e explorariam esse status acadêmico pelo resto da vida. Mas Musk ficou apenas dois dias no curso. Isso porque ele percebeu que o futuro não estava em salas de aula, mas na internet.

E, assim, em 1995 ele fundou a Zip2, uma empresa que fornecia mapas e listas de empresas para jornais on-line. Apenas 12 anos depois de ganhar seus primeiros US$ 500 caçando alienígenas no jogo Blastar, Elon Musk faturou US$ 307 milhões com a venda da Zip2 para a Compaq.

O Blastar foi apenas o primeiro passo no caminho para que o garoto sul-africano se tornasse o homem mais rico do mundo. Levando uma vida sem luxo, os cerca de US$ 210 bilhões que ele possui hoje são basicamente instrumento para a concretização de novas ideias.

Já conhecemos os foguetes SpaceX que voltam ao lugar de lançamento; conhecemos os carros elétricos Tesla, que se tornaram objeto de desejo em todo o mundo; a OpenAI, empresa que ele ajudou a criar e que gerou o hoje indispensável ChatGPT; o Starlink, a rede de satélites que está levando internet de alta velocidade para lugares onde ela não chegava. Mas Elon Musk fez muito mais. 

Aqui vai — em ordem alfabética — uma lista com algumas das muitas criações de Elon Musk que viraram empresas e revolucionaram o modo como vemos o mundo. A maioria dessas ideias ainda nem chegou aos brasileiros. Mas vão acabar impactando sua vida. O grande enigma é imaginar quando esse cara dorme.

Escavadores da The Boring Company | Foto: Divulgação
The Boring Company

Sua missão, segundo o site da empresa fundada em 2016: “Resolver o tráfego, possibilitar transporte rápido entre um ponto e outro e transformar cidades”. O nome “boring” é uma brincadeira com o duplo sentido da palavra em inglês: significa “entediante”, mas também se refere ao processo de escavação. As Tunnel Boring Machines (TBMs) equivalem ao nosso conhecido “tatuzão”, usado na ampliação das redes de metrô. E, em 2020, a empresa obteve autorização para construir um túnel para transporte de passageiros na cidade de Las Vegas. 

Como em tudo o que Elon Musk ajuda a criar, a Boring inclui uma quebra de paradigma. No caso, pensar as vias “em três dimensões”. “Túneis minimizam o uso de valiosa terra de superfície e não entram em conflito com os sistemas de transporte existentes”, diz o site da empresa. “Uma grande rede de túneis pode aliviar o congestionamento em qualquer cidade; não importa quanto uma cidade cresça, mais níveis de túneis podem ser adicionados.” A Boring é colocada em contraposição à promessa de carros voadores. “Túneis são à prova de chuva, ficam fora da nossa visão e não vão cair na sua cabeça.”

Hyperloop

Em 2013, Elon Musk apresentou seu projeto revolucionário de transporte. Seria uma espécie de metrô que correria por túneis a vácuo, suspenso no ar graças à propulsão magnética. Teoricamente, segundo Musk, o Hyperloop poderia alcançar a velocidade hipersônica — o equivalente a 6.120 quilômetros por hora. Uma viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro seria completada em menos de cinco minutos. Essa possibilidade, tecnicamente fantástica, falhou a princípio em outro aspecto: o humano. Como seria a sensação de viajar trancado num túnel a uma velocidade de 1,7 mil metros por segundo?

Essa expectativa de velocidade foi diminuída, e hoje o Hyperloop está se tornando uma realidade por meio de parcerias com Estados Unidos, Índia, Arábia Saudita, Itália, Canadá, Dubai, Coreia do Sul, China e alguns países da Europa. Tudo isso ainda em fase de testes, sem nenhuma data marcada. 

Ilustração: Iaremenko Sergii/Shutterstock
Neuralink

De todos os projetos de Elon Musk, a Neuralink é um dos mais ousados. A empresa nasceu em 2016 com o objetivo de desenvolver interfaces cérebro-máquina avançadas o bastante para conectar o cérebro humano a computadores e outros dispositivos eletrônicos.

A princípio instala-se, diretamente no cérebro da pessoa, um chip que se comunica com um computador ou celular. Em termos bem simples: pense no seu computador e em tudo que ele pode fazer. Agora faça o que quiser com ele — sem usar o mouse nem o teclado. Só mandando sinais com o cérebro.

O primeiro objetivo da Neuralink é atender pessoas com graves deficiências e limitações físicas. Como um tetraplégico, ou portadores de doenças neurodegenerativas. Conectadas a um exoesqueleto, essas pessoas poderiam andar e desenvolver tarefas só com seus comandos mentais. Mas vai haver um momento em que qualquer um, deficiente ou não, terá acesso a esses recursos. E nos tornaremos ciborgues, pessoas-máquinas com possibilidades infinitas.

PayPal

Fazer transações pela internet hoje é rotina. Em 1999, não era assim de maneira alguma. Em março desse ano, Elon Musk pegou US$ 12 milhões (dos US$ 207 milhões que havia recebido com a venda da Zip2) e criou a X.com. Foi o primeiro banco on-line assegurado pelo governo federal norte-americano e logo ganhou 200 mil clientes. 

Musk achou que o nome “X” poderia associar a empresa com um site pornográfico. Resolveu mudar para o mais amigável PayPal, fruto de uma fusão com o banco on-line Confinity. Mas foi considerado (aos 29 anos) muito inexperiente para ser o CEO da empresa. Em 2002, o PayPal foi comprado pelo eBay, e o sul-africano saiu da história com US$ 175,8 milhões a mais. Mas, 17 anos depois, realizou um movimento com toque sentimental: recomprou o domínio “X”, que havia rejeitado. E o “X” passou a ser sua principal marca em tudo o que faria pelo resto da vida.

SolarCity

A SolarCity é uma empresa de energia solar fundada em 2006 por Lyndon e Peter Rive, com o apoio do primo deles, Elon Musk. Sete anos depois, era a segunda fornecedora de energia solar dos EUA. Foi pioneira no modelo de negócio de instalação de sistemas de energia solar em residências e empresas. Permitia que os clientes adotassem a energia solar com pouco ou nenhum custo inicial. Oferecia financiamento, instalação e manutenção de painéis solares, e os clientes podiam pagar pela eletricidade gerada ao longo do tempo. Isso tornou a energia solar mais acessível e atrativa para um público mais amplo.

Dez anos depois da criação da empresa, a Tesla comprou a SolarCity por US$ 2 bilhões, e isso gerou processos contra Musk, que teoricamente estaria se beneficiando ao jogar dos dois lados do negócio. O bilionário ganhou a causa.

Foto: Reprodução/Flickr
Tesla Energy

A Tesla Energy é uma divisão da Tesla (a construtora de carros elétricos) que se concentra no desenvolvimento e na comercialização de soluções de armazenamento de energia e na geração de energia sustentável. Um dos sonhos de Musk sempre foi construir complexos de baterias tão poderosos que garantissem a energia de uma cidade inteira durante uma crise. A Tesla Energy inclui diversos produtos e serviços, cujos principais são descritos a seguir.

  • O Powerpack (“pacote de energia”) é uma solução de armazenamento de energia em larga escala projetada para uso comercial e industrial, bem como em projetos de infraestrutura de serviços públicos. Ele pode ser utilizado para armazenar energia gerada por fontes renováveis, como parques eólicos e solares. 
  • O Solar Roof (“teto solar”) serve como uma central que coordena os painéis solares tradicionais com o sistema de armazenamento. A ideia é romper a tradicional limitação da energia solar, que só funciona durante o dia, de preferência ensolarado. O Solar Roof guarda a energia para quando não houver sol. O status da energia na casa é monitorado por um aplicativo de celular.
Foto: Mike Mareen/Shutterstock
Tesla

Musk iniciou o processo de popularização do carro elétrico. Mas, com o Tesla Semi, transformou outro mercado, o de transporte de carga rodoviário. O veículo roda com três motores, e o motorista se instala numa cabine que parece uma nave espacial, com uma direção instalada entre dois monitores de computador. Ele percorre 800 quilômetros com uma única carga. Segundo estimativa da empresa, o Semi economiza em combustível cerca de US$ 200 mil (o equivalente a mais de R$ 1 milhão) num prazo de três anos em relação aos caminhões convencionais.

Outra inovação da Tesla é o utilitário Cybertruck, que espantou o mercado com seu design meio extraterrestre. O slogan do Cybertruck é: “Construído para qualquer planeta”. Seu preço pode chegar a US$ 100 mil, ou R$ 500 mil.

xAI

Elon Musk foi um dos fundadores da OpenAI, que gerou o famoso ChatGPT. Mas se desentendeu com o CEO Sam Altman por várias razões e partiu para a sua própria empresa de inteligência artificial: a xAI, fundada em março de 2023. E da xAI surgiu o Grok, o seu equivalente ao ChatGPT.

O Grok ainda está num estágio bem inicial de desenvolvimento, disponível por enquanto apenas para os assinantes Premium do X (ex-Twitter). Um dos objetivos de Musk com o Grok é livrar o usuário de qualquer limitação e patrulha política. “Acreditamos que é importante conceber ferramentas de IA que sejam úteis para pessoas de todas as origens e opiniões políticas”, está na sua declaração de princípios. 

Mais duas orientações estão presentes na criação do Grok. Uma é a atenção especial com pesquisas relacionadas a temas científicos e matemáticos — ou seja, a praia de Elon Musk. A outra é mais difícil de imaginar na prática: uma inteligência artificial com senso de humor.

Foto: Shutterstock
X

Em 2022, Elon Musk comprou a rede social Twitter por US$ 44 bilhões. Foi uma das vezes em que ele agiu mais por convicção do que por visão empresarial. Ele estava cansado de ver a empresa aparelhada por militantes esquerdistas e resolveu transformá-la num local — o X — onde as pessoas pudessem se manifestar sem patrulhamento. Conseguiu seu objetivo em parte.

O que pouca gente sabe é que Musk pretende transformar a rede em algo maior: um “faz-tudo” inspirado no serviço chinês WeChat. A ideia é que o X inclua comunicação (ao estilo do WhatsApp), pagamentos diretos, streaming de vídeos (similar ao YouTube), e até encontros (uma espécie de Tinder). Esse superpoder é bem-vindo para equilibrar o domínio das patrulhas ideológicas em empresas como o Google.


@dagomir
dagomirmarquezi.com

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6 comentários
  1. Sonia Regina Del Nero Vitullo
    Sonia Regina Del Nero Vitullo

    É um Gênio! O homem do século! Admirável!

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    A pessoa ver um homem como Elon Musk que está a frente de todos os paises desenvolvidos em matéria de tecnologia e inovação para o bem da humanidade, era pra todos os países se aproximar desse homem. Aqui uns ratos tomando conta do Brasil vai contrário a esse fenômeno humano

  3. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Um gênio de nossa era.

  4. Judson Franchi
    Judson Franchi

    Somente o Starlink reitera as grandezas deste construtor do futuro em compartilhá-lo com a Humanidade nos dias de hoje.

    1. Judson Franchi
      Judson Franchi

      Explicitando melhor:
      Somente o Starlink já reitera as grandezas……

  5. Gladner Cardeal Stasiuk Paes
    Gladner Cardeal Stasiuk Paes

    Elon Musk é um grande visionário, talvez o maior da sua era. Os maiores projetos e invenções saem de cabeças malucas como a dele.

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