Na tarde chuvosa do dia 6 de maio de 1937, o dirigível alemão LZ 129 Hindenburg ardeu em chamas quando tentava atracar na Estação Aérea Naval de Lakehurst, em Nova Jersey, nos arredores de Nova York. A aeronave foi consumida em menos de um minuto. Havia 97 pessoas a bordo, das quais 35 morreram carbonizadas (13 passageiros e 22 tripulantes), além um membro da tripulação que estava no solo. Mais de 17 mil correspondências foram reduzidas a cinzas. O acidente foi captado pelas câmeras, a notícia logo se espalhou pelo mundo, e a natureza devastadora e muito gráfica da tragédia marcou o fim da era dos dirigíveis.
O conde Ferdinand Adolf August Heinrich von Zeppelin, um oficial aposentado do Exército Alemão, foi o criador de uma série de modelos de dirigíveis grandes e mais leves que o ar, também conhecidos como zepelins. A primeira decolagem aconteceu em 1900, com o modelo LZ1. Em 1908, o inventor teve apoio do governo alemão para fundar a Luftschiffbau Zeppelin, com a finalidade de projetar e fabricar uma frota. Mais de cem dirigíveis foram construídos na fábrica localizada na cidade de Friedrichshafen, na Alemanha. Inicialmente, eles eram usados apenas para o transporte de passageiros, mas depois acabaram sendo empregados no transporte de bombas durante a Primeira Guerra Mundial. Logo tornaram-se instrumento de propaganda nazista e orgulho da engenharia alemã.
No fim da década de 1920, foram desenvolvidos grandes dirigíveis para viagens de longa distância. Hindenburg era o maior e mais moderno zepelim do mundo na época. Um colosso dos céus. Tinha 245 metros de comprimento, 41,5 metros de diâmetro, autonomia de voo de 14 mil quilômetros, e sua velocidade podia chegar a 135 quilômetros por hora. Para inflar seu interior eram necessários 200 mil metros cúbicos de hidrogênio. A nave era impulsionada por quatro motores Mercedes-Benz de 1,2 mil HP cada.
O Hindenburg também viajou para lugares mais distantes. Seu primeiro voo comercial aconteceu no dia 31 de março de 1936, em uma viagem que durou quatro dias, de Friedrichshafen para o Rio de Janeiro. A aeronave precisou fazer um pouso forçado em Recife por causa de uma falha em um dos motores. No total, o zepelim Hindenburg cruzou o Oceano Atlântico 17 vezes. Destas, dez viagens foram para os Estados Unidos, e sete, para o Brasil.
Na sua última viagem, o zepelim Hindenburg saiu de Hamburgo no dia 3 de maio de 1937, cruzando o Oceano Atlântico a 100 quilômetros por hora. A bordo estavam 61 tripulantes, 36 passageiros, um cachorro, além de bagagem, cargas e correspondências. Chegou à costa leste norte-americana três dias depois.
O forte vento em Lakehurst obrigou o capitão Max Pruss a sobrevoar o atracador duas vezes. Para regular o peso durante o pouso, Pruss havia ordenado que liberassem gás e mais de uma tonelada de água. O zepelim já estava com as escadas baixadas quando, a 60 metros do chão, iniciou-se um incêndio em sua cauda. Meio minuto depois, o corpo do dirigível caiu em chamas no solo.
Embora se especulasse que o dirigível havia sido vítima de um ato de sabotagem antinazista, o incêndio foi oficialmente atribuído a uma descarga de eletricidade atmosférica nas proximidades de um vazamento de gás hidrogênio da aeronave. O fogo se espalhou rapidamente pela parede, feita de algodão e linho e revestida por uma fina camada de alumínio.
Herb Morris, um repórter da CBS, fazia a cobertura da aterrissagem e, em choque, relatou: “Terrível, ele está caindo. Os passageiros… não posso continuar. A pior catástrofe do mundo”.
Foi um choque também para o governo nazista, na Alemanha. Joseph Goebbels, ministro da Propaganda, havia ordenado a pintura da suástica no dirigível e exigia sua presença em atividades políticas e festas populares. O desastre ocorreu apenas dois anos antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, num período em que as tensões internacionais entre a Alemanha e o resto do mundo estavam cada vez mais evidentes.
O destino do LZ 129 Hindenburg pôs fim ao domínio de três décadas do dirigível nos céus. O início da Segunda Guerra também contribuiu para o fim das viagens.
Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
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Incrível.
Parabéns pela matéria. Muito interessante.
Parabéns 👏👏 não sabia desses acontecimentos com relação aos dirigíveis.