A saída de Jean Paul Prates do comando da Petrobras ocorreu em clima dramático, entre lágrimas e aplausos. “Saio como entrei: pela porta da frente e de cabeça erguida”, disse, levantando o crachá, em discurso aos funcionários na sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro. “Tenho certeza do dever cumprido”. Ele foi aplaudido pelos subordinados.
Visivelmente emocionado e com lágrimas nos olhos, Prates disse que estava “triste”, mas que saía da estatal “tranquilo pelo trabalho que fiz”. O vídeo foi gravado e postado nas redes sociais.
Sucessão: dois pesos e duas medidas?
A sucessora de Prates, Magda Chambriard, vai assumir o comando da empresa com o risco de conflito de interesses. A executiva atua como assessora fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e é sócia de uma consultoria de energia.
No passado, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou nomear para o comando da Petrobras o engenheiro Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a acusação de conflito de interesses provocou uma reação tão grande que ele foi obrigado a retroceder.
Desta vez, contudo, ninguém levantou um dedo contra a decisão.
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Todo mundo pode ser MEI…
O projeto que permitirá o exercício de qualquer profissão como microempreendedor individual (MEI) está avançando no Congresso. O texto limita o capital para atuação como MEI ao equivalente a cinco vezes a renda bruta máxima anual estipulada para o segmento.
Hoje a lei prevê que o MEI tenha faturamento anual de até R$ 81 mil, como regra, ou R$ 251,6 mil de receita bruta no caso de transportador autônomo de cargas, em condições estipuladas na lei.
…mas o governo já quer cobrar impostos
Cronicamente desesperado com receitas, o governo já está de olho nos futuros MEIs para tungar uma parte de seu faturamento. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, declarou que o MEI e o Simples Nacional “estão no radar do governo”.
No começo do mês, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, repostou um artigo de Bráulio Borges, professor do FGV-Ibre, que sugeria acabar com a “renúncia de receita” dos dois programas. Ou seja, aumentar a carga tributária para os micro e pequenos empresários.
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A grande demanda de FIIs
O mercado de fundos imobiliários (FIIs) está batendo recordes na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Esse segmento negociou, em média, R$ 285 milhões por dia em abril. O número superou o recorde anterior, de R$ 269 milhões, registrado em 2021.
Cerca de 2,7 milhões de brasileiros investem em fundos imobiliários. As pessoas físicas representam mais de 76% do total do mercado, seguidas dos institucionais (18%) e dos não residentes (5%).
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Itaú e nióbio, negócios de família
A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), maior produtora mundial de nióbio, vai colaborar com a Toshiba e com a Volkswagen para o desenvolvimento de baterias para carros elétricos feitas com o mineral. O nióbio é extraído somente no Brasil e no Canadá.
A CBMM, controlada pela família Moreira Salles, acionista do Itaú, produz 150 mil toneladas de ferronióbio por ano — quantidade que supera a demanda anual global, de 124 mil toneladas. Por isso, está em busca de novas oportunidades para comercializar seu principal produto.
Em meados de 2024, a empresa poderá anunciar o primeiro ônibus elétrico a usar baterias de lítio que misturam as tecnologias de nióbio e de óxido de titânio
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Dengo investe em São Paulo
A fabricante de chocolates Dengo anunciou um investimento de R$ 100 milhões para a ampliação de sua fábrica em Itapecerica da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo. A nova instalação vai ampliar em cinco vezes sua capacidade de produção, chegando a até 24 toneladas de chocolate por dia.
A Dengo foi criada pelo empresário Guilherme Leal, cofundador da Natura, e produz chocolates sem aditivos. A empresa detém 41 lojas no país, além de duas em Paris.
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Atividade econômica em alta
A atividade econômica brasileira voltou a subir no primeiro trimestre do ano. Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), de janeiro a março de 2024 a economia brasileira registrou uma expansão de 1,08% em relação ao trimestre anterior.
O IBC-Br é considerado uma prévia do produto interno bruto (PIB) e incorpora informações sobre o nível de atividade de alguns setores da economia (indústria, comércio e serviços, e agropecuária), além do volume de impostos.
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Texaco volta ao Brasil
A americana Chevron fechou um acordo com a Ipiranga para o retorno da Texaco ao varejo de combustíveis no país.
A Ipiranga será licenciada da Chevron para a comercialização de produtos Texaco com a tecnologia Techron, por meio da criação de uma rede de postos da marca em todo o território nacional.
As lojas de conveniência Star Mart, da Chevron, também serão operadas pela Ipiranga.
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Investidores brasileiros enviam cada vez mais dinheiro para o exterior
Nos primeiros quatro meses de 2024, o Brasil registrou a segunda maior saída de recursos desde o início da série histórica. Mais de US$ 20,8 bilhões foram enviados por brasileiros para contas no exterior. O pior resultado da história tinha sido em 2020, no ápice da pandemia de covid-19.
“A maior demanda dos investidores brasileiros no momento é investir no exterior. Por causa das incertezas da política econômica do Brasil e por causa dos juros nos Estados Unidos. E os assessores de investimento brasileiros estão se adaptando a esse novo cenário”, explica Francisco Amarante, superintendente da Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos (Abai).
Segundo Amarante, decisões do governo Lula como a intervenção na Petrobras são “muito ruins” para o ambiente de negócios e inibem investimentos de pessoas físicas. Além disso, a política fiscal descontrolada acaba gerando incerteza no mercado.
Confira os melhores trechos da entrevista.
Como está o mercado de assessores de investimentos?
Os últimos dois anos foram de bastante dificuldade. Os juros altos não ajudaram. O investidor brasileiro médio é conservador e está migrando para a renda fixa, em vez de investimentos em ações e renda variável. No entanto, a flexibilização que o novo marco regulatório trouxe no ano passado, com a Resolução CVM 178, permitiu que os agentes autônomos pudessem exercer outras atividades, entre elas a comercialização de seguros, câmbio e a abertura de offshores. Isso permitiu que os escritórios buscassem receitas recorrentes em outras atividades. Hoje, em média, 30% da receita vem de atividades complementares, e não da atividade-fim. Os escritórios de agentes autônomos estão mudando o foco.
Qual é a perspectiva para os próximos meses?
Instabilidade. Os mercados vivem um momento conturbado. É ano de eleição, e sempre acaba havendo volatidade. Teremos também eleição nos Estados Unidos, e o mercado americano vai ter turbulências. E o Brasil vai a reboque. Todo o mundo está com o radar muito focado no que vai acontecer nos EUA. Com esse cenário, a carteira dos investidores passa a ter menos apetite por risco e se concentra em operações de renda fixa. Isso deve continuar por um longo período.
Como os investidores avaliam interferências do governo em empresas listadas, como a decisão do presidente Lula de demitir o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates?
Movimentos como esse sempre trazem instabilidade e insegurança. Quando se vê certa ingerência política na administração de uma empresa listada de capital aberto, é sempre muito ruim. Pior ainda quando é uma empresa com a importância e a relevância que tem a Petrobras no mercado, já que é a maior empresa do Brasil. A instabilidade é garantida. Os clientes percebem que sua alocação, ou possível alocação de capital, está desabando 7% na bolsa. É óbvio que ninguém vai querer investir. É um cenário que nenhum assessor ou investidor espera.
Vocês esperam um aumento da tributação, já que o governo está desesperado para arrecadar mais recursos para fechar as contas públicas?
Esse é o ponto principal da Abai hoje. Fomos muito ativos nesse ponto. Estamos acompanhando a reforma tributária há um bom tempo, com atuação junto ao Executivo e ao Legislativo. Tivemos uma atuação importante nessa primeira etapa da reforma, que foi a inclusão dos assessores de investimentos no regime específico, para evitar que fosse cobrado integralmente o Imposto Sobre Valor Agregado. Hoje, a carga média de um escritório de agentes autônomos é de 8,65%. O risco é começar a pagar 27,5%. Seria um aumento de carga expressivo, mais do que o triplo do que se paga hoje. Deixaria inviáveis muitos escritórios.
Vocês esperam que o governo tribute a distribuição de lucros e dividendos das empresas?
Considero esse, infelizmente, um caminho inevitável. Por causa do apetite regulatório que o governo está mostrando e da necessidade de dinheiro para fechar as contas públicas. Infelizmente, vivemos em um país onde os privilégios e subterfúgios superam o bem comum. Inevitavelmente alguém vai ter que pagar a conta. Impostos serão criados, e a carga tributária vai subir. Essa é uma discussão que vai dar pano para manga.
Nesse contexto, qual é a maior demanda dos investidores brasileiros?
Os brasileiros estão buscando investimentos no exterior. Procuram diversificar o patrimônio, se proteger do risco câmbio, além de evitar perdas por causa de movimentações políticas e da incerteza econômica brasileira. Os assessores de investimento perceberam uma forte tendência de busca de investimentos no exterior desde o começo do ano passado. Especialmente entre os brasileiros que atingem certo patamar socioeconômico. Estão mandando dinheiro para fora.
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A Natura construiu um CD em Murici-Alagoas, terra do Renan Calheiros. Deve ter algum conchavo nesta relação.
Socorro Paulo Guedes!!!!!!!!!!!