Imagine a seguinte cena: em meio à catástrofe que assola o Rio Grande do Sul neste mês, o presidente Lula arma um palanque para anunciar a nomeação de uma espécie de interventor federal no Estado. Logo em seguida, numa reunião do Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), diante de 300 pessoas, o homem indicado para executar o plano de socorro aos gaúchos afirma: “É uma questão muito complexa, acho que a gente não sabe nem para que lado se mexer”. Esse é Paulo Pimenta, o chefe da inusitada “Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul”.
Antes do ruído provocado pela escolha do nome de Pimenta, o processo em si causou embaraço e poderia ser questionado em Cortes superiores de Brasília. Houve um atropelo constitucional. Afinal, por que um Estado que elegeu seu governador, Eduardo Leite (PSDB), precisa de dois? A instalação de um interventor deve ser feita por meio de decreto presidencial, de acordo com o artigo 34 da Constituição, com aval obrigatório do Congresso Nacional — como ocorreu na segurança pública do Rio de Janeiro em 2018 e no Distrito Federal em janeiro de 2023. Não foi o que Lula fez: numa canetada, o petista criou uma “secretaria extraordinária”, sem gabinete na Esplanada dos Ministérios, e despachou Pimenta num voo para o Sul.
Na mesma reunião com os integrantes do Conselhão, Pimenta ainda demonstrou estar completamente perdido na nova função, conforme ficou claro em outras falas gravadas pelos participantes — ele aparecia num telão. “Acho que nós tínhamos que tentar focar numa área específica e tentar construir alguma coisa que pudesse ter um resultado concreto. Não sei exatamente que área seria essa, mas, se a gente pudesse pensar uma estratégia de uma ação para alguma coisa que pudesse mobilizar o esforço para ajudar a resolver uma situação, seria muito importante”, disse.
Para piorar a situação, quando foi questionado sobre a falta de um plano mínimo em mãos, Pimenta se enrolou todo. Disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que suas frases foram tiradas de contexto e que o pronome no plural “nós” ou o termo “a gente” se referia aos integrantes do Conselhão — e não à equipe do governo Lula.
O fato é que, desde que desembarcou no Sul, o petista não apresentou nenhum projeto e tem se dedicado a dar entrevistas. Nesta semana, ele teve tempo de conversar até com um canal de esquerda do YouTube chamado Barão de Itararé. Disse que a tragédia gaúcha ocorreu porque as bombas de Porto Alegre estão obsoletas e não resistiram à maior enchente desde a década de 1940. “Essas bombas são dos anos 1970. Seria como se cada um de nós aqui tivéssemos um Corcel 1975, uma Brasília 1976. Quando estraga uma peça, não existe mais”.
Pimenta não mencionou, entretanto, que o PT administrou a prefeitura de Porto Alegre de 1989 a 2005, governou o Estado com Olívio Dutra e Tarso Genro, além dos presidentes Lula e Dilma Rousseff. Ninguém pensou em investir na troca das bombas.
Paulo Pimenta (@Pimenta13Br): "Estamos precisando ter espaços como este para dialogar, estamos diante de uma tragédia que tem muitas dimensões e precisamos fazer este debate que os negacionistas insistem em não fazer" pic.twitter.com/UlUi7Pqr3y
— Barão de Itararé (@cbaraodeitarare) May 19, 2024
‘Montanha’, o deputado trapalhão
Gaúcho de Santa Maria, município com 300 mil habitantes na região central do Estado, Paulo Pimenta tem formação de jornalista e técnico agrícola, mas é político profissional desde 1988. Foi vereador, passou pela Assembleia Legislativa e está há 20 anos na Câmara dos Deputados.
Foi em Brasília que se tornou conhecido como um parlamentar fanfarrão, com atuação em comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Enfrentou investigação por lavagem de dinheiro, ganhou o apelido de “Montanha” na lista de propina da Odebrecht e virou o xerife das fake news do governo.
Um dos episódios mais marcantes aconteceu no primeiro mandato de Lula, em agosto de 2005, quando o escândalo do Mensalão estava em ebulição. O petista havia sido escolhido pelo partido para o posto de vice-presidente da CPI do Mensalão, uma comissão mista que corria paralelamente à CPI dos Correios. Na prática, como as investigações de verdade aconteciam na CPI dos Correios, a outra era só uma comissão midiática, usada pelos parlamentares que também queriam aparecer na TV. Mas Pimenta quis aparecer um pouco mais.
Depois de um depoimento de 14 horas do publicitário Marcos Valério de Souza, conhecido como o operador do esquema do Mensalão, Pimenta decidiu se encontrar com ele às escondidas, na garagem do Senado. Os dois entraram num carro no meio da madrugada. O petista queria informações sobre políticos do PSDB e do então PFL — que depois virou DEM e hoje é um pedaço do União Brasil — que teriam recebido dinheiro de Valério nas eleições de 1998.
O publicitário teve de prestar outro depoimento ao Congresso Nacional e confirmou que deu carona naquele dia para Pimenta. O petista, inicialmente, negou, mas a bancada de oposição solicitou acesso às câmeras da garagem do Senado. O PSDB anunciou que pediria a cassação do seu mandato se o flagrante fosse confirmado.
O petista achou melhor confessar o encontro secreto e renunciou ao cargo na CPI com medo de perder o mandato. “A minha atitude, como vice-presidente, expôs o trabalho da CPI. Fui imprudente e me equivoquei.”
Anos depois, o nome de Pimenta foi citado em outro escândalo tratado pelo aumentativo em Brasília: o Petrolão. Ele apareceu numa lista de centenas de codinomes de políticos apontados como destinatários de propina da empreiteira Odebrecht, segundo delação de executivos da empresa durante a Operação Lava Jato. O petista era o “Montanha”.
“Sempre que eu ouço essa expressão — ‘Montanha’ — eu lembro da montanha de votos que faço em cada eleição”, disse Pimenta no ano passado, durante depoimento à Câmara, já com a Lava Jato sepultada pelo Supremo Tribunal Federal. Ele compareceu à Casa como ministro da Secom, a cobiçada Secretaria de Comunicação, que distribui verbas públicas para redações da imprensa tradicional e veículos de esquerda.
Não foi a única investigação que enfrentou. Em 2009, foi alvo de um inquérito sobre falsificação de documentos da certificadora de grãos Clacereais Ltda, no município de São Borja (RS). A suspeita era de lavagem de dinheiro. A Justiça gaúcha entendeu que era um assunto para o Supremo porque o petista detinha mandato, mas a Corte superior declinou. O caso acabou arquivado em 2020 pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região porque transcorreu tempo demais sem denúncia formal.
O ar debochado é uma das características do deputado. Nesta semana, por exemplo, ao ser questionado sobre as críticas do PSDB, partido de Eduardo Leite, sobre sua presença no Sul, respondeu: “Aécio Neves? Não conheço Aécio Neves”.
Pimenta fingiu não se recordar do tucano a quem atacou por meses a fio na acirrada campanha presidencial de 2014. Amigo de Eduardo Leite, Aécio havia criticado a escolha de Pimenta justamente por se tratar de um adversário dele nas urnas em 2026, na disputa pelo Palácio Piratini.
Pimenta também desconversou sobre uma fala que caiu nas redes sociais quando esteve na Venezuela, em 2016, para saudar os companheiros da ditadura de Nicolás Maduro. O vídeo abaixo e todos os nomes de ditadores e líderes do Foro de São Paulo citados são autoexplicativos.
– Paulo Pimenta, na Venezuela, homenageia Maduro, Ortega, Chaves, Evo Morales…
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 20, 2024
– Esse é o escolhido por Lula como "interventor" no Rio Grande do Sul. pic.twitter.com/ueV8D4ALZ4
Xerife das fake news
Apesar de Paulo Pimenta estar em solo gaúcho numa missão que não tem ideia de como vai liderar, a cabeça dele segue em Brasília. Como ministro da Secom, ele acionou a Polícia Federal para a instalação de um inquérito contra o que chamou de “indústria de fake news” da “extrema direita bolsonarista”. Ele também é entusiasta de projetos parados na Câmara para taxar as big techs — Google, Instagram, TikTok etc. — e impor a tal “regulamentação das redes sociais”, eufemismo da esquerda para censura.
Um inquérito foi aberto e endereçado ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, do Supremo. Para oferecer a denúncia, Pimenta produziu um dossiê contra perfis conservadores (nas redes sociais) que criticaram a inoperância do governo no desastre provocado pelas inundações. O dossiê também foi entregue para comentaristas da emissora GloboNews com antecedência.
Num diálogo ao telefone flagrado pelo jornal Folha de S.Paulo, ele chegou a falar, em meio a palavrões, que era preciso prender “bolsonaristas” que espalham mentiras sobre o socorro aos gaúchos — algumas das “mentiras” citadas pelo petista, como o bloqueio de caminhões com suprimentos por sobrepeso e a recusa de Lula em aceitar barcos e drones do Uruguai, foram comprovadas no mesmo dia.
Entre um telefonema e outro, Pimenta trocou mensagens por WhatsApp o dia todo com jornalistas da velha imprensa. Também queixa-se com frequência quando avalia que se trata de “manchete negativa”. Na semana passada, interpelou a redação de Oeste porque não gostou da descrição de sua presença numa churrascaria, com empresários, enquanto a Defesa Civil e voluntários ainda buscam desaparecidos pelas enchentes. O número de desalojados tampouco para de crescer.
Como em tantos outros desastres ocorridos no país, o Rio Grande do Sul será reconstruído pelas mãos da sociedade civil, que promove a maior mobilização popular da história do Brasil. Quanto tempo isso vai levar é incerto, já que a água ainda não baixou, mas empresários, organizações e entidades civis seguem empenhadas no socorro às vítimas. O ministro Paulo Pimenta pode ajudar também: basta não atrapalhar.
Leia também “A mentira das fake news“
justamente o interventor no Rio Grande do Sul, do desgoverno petista Lula ladrão, Paulo Pimenta é o um verdadeiro lambe botas de ditadores ! uma vergonha brasileira
As informações do estado estão deficientes. O governo ainda está inoperante !! Falta agilidade e trabalho do governo . Doações chegam e voluntários no trabalho .
Discordo num ponto! Cabia ao governador Leite,recorrer às instância superiores contra a entrada do Pimenta como interventor federal. Porquê nao aconteceu? Leite so se reelegeu governador pelo apoio do PT. A subordinação esta explicita! Nuncs podetia ter acontecido, e seguimos sem decisoes efetivas e as chriss continuam ha 39 dias. Fslta gestão ! .
Parabéns Silvio Navarro sempre indo cerne da questão brasileira, o Brasil não precisa de tanta política, precisa de pessoas que se importam com o desenvolvimento do Brasil, está extrema esquerda consegue olhar apenas para seus próprios interesses, leia-se seus bolsos. Parabéns a Revista Oeste.
Obrigada Silvio Navarro. Esta forma de informar o currículo dos políticos profissionais, é fundamental para nós eleitores votarmos corretamente. Todos os municípios governados pelo PT no Brasil inteiro, foram destruídos.
Espero que os gaúchos acordem, e não votem mais neste incompetente. Será que agora eles aprenderam??
Como essa bosta foi eleito deputado?????
Como essa bosta foi eleito deputado?????
Não precisamos deste senhor nos atrapalhando… Vá para casa..
Os ladrões da Odebrecht estão fazendo festa,pois foram todos liberados graças ao amigo do amigo do meu paí, pq a água estava batendo na sua bunda.
Vale resgatar sobre o Departamento Nacional de Obras de Saneamento – DNOS, responsável pelo sistema de proteção de cheias (diques), no RS. O departamento foi extinto no Governo Collor, e dizem que as obras e equipamentos repassados aos municípios, sem orçamento.
Um lixo esse Paulo Pimenta…
Um lixo, como todo comunista filho da puta q existe e que já existiu no planeta!
Chá de bico.
Não sabia desse tanto tempo da quadrilha do PT comandando a prefeitura de Porto Alegre. Realmente fica difícil a cidade evoluir. E o ”montanha” finge que não sabe disso elencando os problemas da cidade.
Excelente artigo!
Esse MONTANHA (de ESTRUME), não sabe fazer um Ó com um copo. Essa é a melhor definição para o calhorda.
Pois é Silvio, no ato do ATROPELO CONSTITUCIONAL que você bem observa no início deste excelente artigo, estava presente o sorridente CEO do STF, Luis Roberto Barroso aquele do “perdeu mané” e “nós derrotamos o bolsonarismo”, para sinalizar aos brasileiros que ele admitia esse ato inconstitucional.
Silvio, é muito importante que o jornalismo da REVISTA OESTE, continue transmitindo aos eleitores a noticia verdadeira que infelizmente muitos familiares de nosso convívio não conhecem, assistindo ou lendo o CONSORCIO DA IMPRENSA, mas é urgente e necessário que nossa boa imprensa exija das autoridades honestas e responsáveis do Legislativo, Judiciário, FFAA, OAB e celebridades da sociedade civil a se manifestarem publicamente, para gerir e aprimorar o processo eleitoral desde a total liberdade da informação devidamente punida em seus excessos, e a certeza da segurança das urnas eletrônicas com o VOTO IMPRESSO única maneira de AUDITAR essas urnas eletrônicas que em passado recente (2015) foi aprovado pela maioria dos partidos políticos, e que permite ao eleitor AUDITAR seu próprio voto sabendo que ele estara presente nas 2 urnas, eletrônica e a lacrada com o VOTO IMPRESSO. Alguém ousaria fraudar o sistema?
Creio também que aprimoramentos para segurança não deveriam ter a necessidade de Lei ou PEC, mas simplesmente estudos de tecnologia de informação privada e talvez das FFAA.
Silvio, com certeza nenhum PATRIOTA questionaria os resultados auditados e não mais assistiríamos a FARSA do 8 de janeiro.
A esquerda tem tentáculos na administração pública brasileira desde o anúncio da república – ela ainda não foi proclamada – e o Rio Grande do Sul sempre teve uma forte posição com esta ideologia. Basta verificar a lista dos seus governadores e prefeitos.
A reportagem de Silvio Navarro não mencionou outro esquerdista raiz, Alceu Colares, que além de prefeito de Porto Alegre de 1986 a 1989, foi governador do estado de 1991 a 1995.
Depois de 500 dias da posse o governo ainda não começou, não será no cenário atual que alguma coisa de útil será anunciada ao país.
Só o fato desse ministro ter todo esse histórico de corrupção já deveria ser motivo suficiente para não estar a frente da reconstrução do RS.
Ninguém aguenta esse reino predador do PT é a besta de chifres. Paulo Pimenta Wellington Quá Quá Lindemberg Farias Gleisi Hoffman Nisia Trindade Fátima Bezerra Chico Vigilante, essas pestes bobônica essas gota serena essas mulesta dos cachorros esses excomungados eram pra tá tudo preso junto com esse Lula esse STF esse TSE esse STJ esse PSOL essas desgraças todas tudo ladrões e incompetentes
Pimenta, você é uma vergonha à nação e ao povo gaúcho!
Se tivesse honra, já teria renunciado ao mandato de deputado 20 anos atrás!
PAULO PIMENTA incompetente incapaz LAMBE BOTAS DO LILO.
Faltou uma: ele disse que a facada em Bolsonaro foi encenação.
Excelente Sílvio. Muita gente incompetente no desgoverno. Lula aproveitou p se livrar da figura e fazer o que o PT é campeão: fazer campanha política aproveitando as tragedias. Pimenta já está trabalhando na campanha p Governador em 2026, resta saber se o povo gaúcho escolherá um tonto como esse p governar o Estado. Esperamos que tenham juízo.
O pior que isso de não atrapalhar não irá acontecer, pois todos do desgoverno do molusco, só sabem fazer isso, ATRAPALHAR.