Pela primeira vez, o lado anti-Israel está certo sobre uma coisa: é inconcebível que Rafah tenha se tornado uma zona de guerra. É uma afronta à própria humanidade que uma cidade cheia de civis fugindo dos horrores da guerra em outras partes de Gaza tenha sido reduzida a um campo de batalha infernal. Mas quem fez isso? Quem decidiu usar essa antiga cidade de civis como plataforma de lançamento para a guerra? Quem colocou seus comandantes militares lá, escondeu munições lá, disparou seus mísseis de lá, arrastou reféns para lá? Quem escondeu uma máquina de guerra entre as mulheres e crianças de Rafah, sabendo muito bem que isso resultaria em derramamento de sangue?
Não foi Israel. Israel ajudou a facilitar a evacuação de mais de 900 mil civis. Não, foi o Hamas. Para ver os males do Hamas, olhe para Rafah.
Houve uma “indignação global” depois que Israel disparou um míssil que atingiu um campo de palestinos desabrigados em Rafah. De acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza, 45 civis foram mortos. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu chamou isso de “erro trágico”. As imagens do campo em chamas são horríveis ao extremo. E o Hamas tem a maior responsabilidade por isso. Foi o Hamas que forçou Rafah a se tornar a linha de frente em sua guerra apocalíptica contra os judeus. Foi o Hamas que transformou essa antiga “zona segura” em uma das áreas menos seguras do planeta. Nada capta melhor a crueldade e o cinismo desses islamofascistas do que o destino cruel que está recaindo sobre Rafah agora.
Não que você fique sabendo disso pelo debate público. Dê uma olhada na mídia tradicional ou nos tuítes dos ativistas, e é bem possível que você ache que Israel está atacando Rafah por esporte. A esquerda rabugenta e a direita maluca chegam a se referir ao “erro trágico” em Rafah como o “Holocausto de Rafah”. É uma inversão da pior espécie em relação ao Holocausto, na qual a busca legítima que Israel faz dos fascistas que cometeram o ataque de 7 de outubro foi rebatizada como “fascismo”, na qual uma guerra contra os terroristas genocidas do Hamas é reimaginada como “genocídio”. Guerra é paz, liberdade é escravidão, antifascismo é fascismo.
A verdade é que o Hamas não só iniciou a guerra Israel-Hamas com seu vil ataque — ele também a levou para Rafah. De maneira consciente, determinada, sem nem pensar no impacto que isso poderia ter nas pessoas por lá. Aliás, como alguns dos relatos de notícias reconhecem com relutância, o Hamas atacou Israel a partir de Rafah apenas algumas horas antes de Israel revidar com os mísseis que causaram aquele erro trágico. O Hamas disparou oito mísseis de Rafah em direção a Tel-Aviv. E se vangloriou desse “grande ataque com foguetes”. O grupo usou Rafah como base para sua guerra antissemita. E sabia quais seriam as consequências. Ele convidou a guerra para ir a Rafah, e a guerra foi.
O Hamas é desprovido de decência básica
Faz algum tempo que o Hamas usa Rafah como a principal base de sua cruzada genocida contra o Estado judeu. Atacado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) no resto da Faixa de Gaza, o Hamas viu em Rafah um local “seguro” para sua beligerância. Israel acredita que o Hamas ainda tenha seis batalhões, e que quatro deles estejam operando em Rafah. Muitos mísseis foram disparados de Rafah. Um matou quatro soldados das FDI. Outros choveram sobre o território israelense, com o objetivo de massacrar os judeus ali. Reféns israelenses estão sendo mantidos em Rafah. O Hamas está usando Rafah como base para provocar, chantagear e atacar o Estado judeu. Se você odeia o que aconteceu com Rafah, se odeia que Rafah tenha sido tragada para o vórtice da guerra, você deve odiar o Hamas.
Claro, os moralistas de luxo do Ocidente, os barulhentos propagadores do pensamento correto preguiçoso, preferem odiar Israel. Eles culpam Israel por tudo, até mesmo por coisas que o Hamas fez, como condenar Rafah à guerra. A catástrofe de Rafah deveria ter aberto os olhos dos formadores de opinião ocidentais para os males do Hamas. Para a verdade impactante de que esse é um movimento tão desprovido de decência básica que está disposto a se esconder na infraestrutura humanitária e usar uma cidade definida como um espaço seguro contra a guerra para fazer guerra. As FDI têm razão quando dizem que o uso de Rafah pelo Hamas para armazenamento de armas, manutenção de reféns e lançamento de mísseis representa uma “exploração sistemática de instalações e espaços humanitários”.
E, ainda assim, muitas pessoas no Ocidente, especialmente aquelas de persuasão woke, não responsabilizam o Hamas por nada. Seu dedo coletivo está permanentemente apontado para Israel. Sem dúvida, elas consideram isso uma posição “progressista”, até mesmo “anti-imperialista”, mas na verdade há uma veia sinistra de paternalismo racial nessa incessante exoneração do Hamas. Sua leitura parece ser que Israel é o único ator consequente nesse conflito, e os palestinos são meras vítimas. Israel toma decisões, os palestinos sofrem as consequências — fim.
Propaganda de guerra disfarçada de reportagem
Isso priva completamente o lado palestino de qualquer autonomia e deixa até mesmo os fascistas do Hamas impunes. Representa a globalização da política identitária, em que a ideia é que apenas forças “brancas” podem ser responsabilizadas pelo que fazem, enquanto forças “não brancas” devem ser eximidas, perdoadas, desculpadas. Por trás do falso anticolonialismo da esquerda israelofóbica está a nauseante crença colonialista de que os árabes são essencialmente crianças grandes que nunca devem ser julgadas — nem mesmo quando uma pequena parte desse povo faz um ataque contra o Estado judeu e leva a guerra para os territórios palestinos. Esse é o duplo racismo da esquerda progressista: o racismo de odiar o Estado judeu acima de todos os outros, e o racismo de se recusar a condenar os palestinos por qualquer coisa, em hipótese alguma. O racismo de expectativas irreais sobre Israel, e o racismo de nenhuma expectativa sobre a Palestina.
Quando exige de forma arrogante que Israel fique fora de Rafah, o Tribunal Internacional de Justiça está essencialmente dizendo “deixem Rafah para o Hamas”
Isto é visto com muita frequência na cobertura ocidental da guerra Israel-Hamas: a invisibilização do Hamas. Pense em como é raro ouvirmos falar das operações do grupo. De suas batalhas armadas com soldados das FDI. Das armadilhas na sua vasta rede de túneis. Até mesmo do disparo de mísseis contra Israel. E, o mais importante, de quantos de seus agentes foram mortos pelas FDI. Não houve quase nenhum esforço por parte da mídia tradicional para descobrir quantas dentre as fatalidades palestinas nessa guerra eram fascistas armados do Hamas, mortos como parte da guerra contra o Estado judeu que eles iniciaram. O Hamas está sendo apagado de uma catástrofe que ele próprio causou por observadores que veem Israel como o único ator digno de culpa na região. É uma propaganda de guerra enganosa disfarçada de reportagem.
A civilização ocidental está vulnerável aos perigos do islamismo radical
O resultado final dessa representação desonesta de Rafah como uma cena de crime criada por Israel é que o Hamas recebe cobertura moral para continuar sua guerra contra os judeus. Quando exige de forma arrogante que Israel fique fora de Rafah, o Tribunal Internacional de Justiça está essencialmente dizendo “deixem Rafah para o Hamas”. Quando condena Israel por seu ataque a míssil “devastador” em Rafah, o governo Biden está involuntariamente encorajando os terroristas que estão baseados em Rafah e que atacaram Israel primeiro. E, quando o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional compara o Hamas ao IRA, diz que a Grã-Bretanha não bombardeou Belfast nos anos 1970 e, sendo assim, que Israel não deveria bombardear Rafah neste momento, ele demonstra a chocante ignorância histórica e moral das elites globalistas, sua incapacidade de compreender quanto a ameaça do Hamas é existencial para Israel e quanto a própria civilização ocidental está vulnerável aos perigos do islamismo radical.
Nessa fase da guerra Israel-Hamas, se você não está condenando o Hamas, se não está pedindo que ele liberte os reféns e se renda a Israel, fica claro que sua preocupação não é salvar vidas palestinas, mas humilhar o Estado judeu. Você não está lutando para acabar com a guerra, está dando cobertura à guerra do Hamas. Todas as pessoas moralmente sérias que querem salvar Rafah e o resto da Palestina de mais violência devem ter como prioridade a derrota completa e final do Hamas.
Brendan O’Neill é repórter-chefe de política da Spiked e apresentador do podcast da Spiked, The Brendan O’Neill Show. Seu novo livro, A Heretic’s Manifesto: Essays on the Unsayable, foi publicado em 2023. Brendan está no Instagram: @burntoakboy
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Parabéns a Brendan por sua descrição absolutamente precisa dos fatos e firmeza de posição em favor de Israel. Ou vai ou racha! Ou o mundo ocidental enfrenta pra valer aqueles que querem destruí-lo ou se entrega logo de vez à barbárie totalitária islamocomunista!
A esquerda woke não é progressismo é retardamento
Concordo com todo o artigo escrito acima.