Nos Estados Unidos, com seu bipartidarismo, o Partido Democrata abriga dentro de si duas vertentes que, no Brasil, seriam representadas pelo PT/Psol e pelo PSDB. Ou seja, há uma esquerda mais radical, socialista, que disputa com os mais moderados da social-democracia. A velha guarda, incluindo o presidente Joe Biden, seria a turma mais “tucana”, enquanto o “novo esquadrão”, liderado por figuras como AOC, seria um misto de PT com Psol.
Houve uma “revolução silenciosa” ao longo das últimas décadas que radicalizou bastante o partido, e hoje Biden precisa acenar o tempo todo para essa franja mais extremista, que chega, em alguns casos, a flertar até com grupos terroristas, como o Hamas. O denominador comum é o ódio que todos eles sentem pelo legado ocidental, partindo da premissa marxista-leninista de que há apenas oprimidos e opressores no mundo, e que o fracasso ou pobreza de uns deve ser explicado pelo sucesso ou riqueza de outros.
Essa divisão interna na esquerda se repete no Brasil também, mas em partidos diferentes por causa da realidade da política nacional. Os tucanos eram rotulados como “neoliberais” ou até “reacionários” pelos socialistas do PT e do Psol, mas tudo isso não passava de um “teatro das tesouras” ou de disputa dentro do quintal esquerdista. O fato é que o PSDB sempre foi social-democrata, um partido de esquerda, portanto, e com certa simpatia, algumas vezes velada, pelo discurso mais revolucionário de seus primos petistas radicais.
O intelectual FHC nunca escondeu sua admiração pelo metalúrgico Lula, em que pese o grau de ataque virulento dos petistas em épocas de eleição. Tal como “mulher de malandro”, os tucanos parecem até gostar desses ataques. O que eles não suportam mesmo é uma direita verdadeira, aquela liberal ou conservadora, que rejeita os valores “progressistas”, o socialismo, seja o mais clássico, seja o mais light ou Fabiano. Quando a direita finalmente surgiu em cena na política brasileira, os tucanos se uniram aos petistas para afastar a ameaça. Essa foi a coalização que levou o ladrão de volta à cena do crime, como diria o tucano Alckmin antes de se tornar vice do próprio ladrão em questão.
Uma coluna de Merval Pereira no Globo nesta semana retrata com perfeição essa mentalidade tucana. Merval é o típico jornalista tucano, com seus modos mais elegantes, sua postura mais moderada, seu refinamento digno de uma ABL, mas sempre disposto a “passar pano” para o PT. E foi exatamente o que ele fez em seu texto, chamado “Sinais para o futuro”. Merval, como todo tucano, tem a esperança de que Lula e o PT se tornem mais moderados, que passem a adotar a postura e a agenda tucanas.
A esquerda “moderada”, que às vezes se vende como se fosse liberal, prefere sempre um socialista corrupto bajulador de tiranos a um liberal clássico ou um conservador
Logo no subtítulo, Merval mostra qual é o seu sonho: “Lula parece ter compreendido que precisa dos órfãos do PSDB, de centro-esquerda, para combater a direita”. Ele diz isso com base na visita que o presidente fez a FHC, com a presença do ultrarradical Noam Chomsky. Para Merval, isso pode ser sinal de que Lula quer resgatar a aliança que lhe deu a vitória:
“A direita, a reboque de seus extremistas, absorveu quase integralmente os eleitores tucanos num primeiro movimento de rejeição ao petismo, que desaguou na eleição de Bolsonaro em 2018. Depois do desastre que foi seu governo, parte desses tucanos votou no PT, uns pela primeira vez na vida cívica, para tentar recuperar a força da social-democracia. O terceiro governo de Lula, no entanto, não tem dado a esses eleitores, e não apenas a eles, a expectativa de um futuro melhor, mesmo que o clima político tenha amenizado.“
O governo Bolsonaro foi mesmo um desastre? Isso mais parece torcida ideológica do que análise imparcial. Mas, pela ótica esquerdista, claro que o sucesso de uma equipe liberal como a de Paulo Guedes pode ser um enorme fardo. Como defender os economistas tucanos, mesmo aqueles do mercado, depois disso? Os tucanos preferiram Fernando Haddad no comando da pasta! O que fica claro é que um tucano típico vai sempre preferir um socialista a um liberal, ainda que tenha que mentir inventando que a gestão liberal foi um “desastre”. Merval continua:
“O que era um objetivo na eleição de 2022, voltar à normalidade, transformou-se em decepção, pois o governo petista, se não age como um governo autoritário de esquerda, tem uma visão de capitalismo que se aproxima mais dos governos autocratas, não perdeu o hábito de interferir nas empresas, mesmo que não sejam estatais, como Petrobras e Vale, aparelha o Estado de maneira desabrida, tenta interferir nas ações do Banco Central independente, considera que o Estado é indutor do crescimento econômico e, por isso, critica as privatizações, quando não tenta desfazê-las.“
O Brasil voltou! A normalidade foi restabelecida. E o que exatamente isso significa? Corrupção, patrimonialismo, clientelismo e socialismo. Mas isso não parece incomodar tanto assim nosso jornalista, que ainda afirma que o governo Lula não age como um governo autoritário de esquerda. Imagina se agisse! Afinal, “sem agir”, já temos a promoção da censura a jornalistas e outras práticas nefastas típicas dos regimes idolatrados pelo PT, como Cuba e Venezuela. E, por falar nisso, Merval parece levemente preocupado com esse aspecto do governo: “A política externa brasileira, tendenciosa à esquerda e com inexplicável comportamento antiocidental, é o maior sinal de esquerdismo petista que assusta parte do eleitorado, como se fosse indicativo de uma postura futura desejada”. Merval não sabe que Lula sempre foi fã de Fidel Castro? Qual é a novidade nessa postura antiocidental petista?
“Há também sinais de que o combate à corrupção deixou de ser prioridade, tendência que se iniciou com Bolsonaro e prossegue no terceiro mandato de Lula”, lamenta Merval no ápice da cara de pau. Ora, não tivemos escândalos de corrupção no governo bolsonarista, enquanto bastou o ladrão voltar à cena do crime para a política retornar às páginas de polícia. Só um tucano sonso ficaria surpreso com isso, ou faria falsa equivalência entre Lula e Bolsonaro no quesito corrupção.
Não quero implicar com Merval Pereira, que nem é relevante mais ao debate político. Uso sua coluna para ilustrar como o típico tucano pensa. Vale para Armínio Fraga, Pedro Malan, João Amoêdo, Elena Landau etc. A esquerda “moderada”, que às vezes se vende como se fosse liberal, prefere sempre um socialista corrupto bajulador de tiranos a um liberal clássico ou um conservador. E esse tucano ainda quer nos enganar depois, como se fosse tudo isso para “salvar a democracia”. Diante disso tudo, cabe até perguntar: ainda existe esquerda democrata?
Leia também “Um Banco Central lulista”
Parabéns Constantino! Este Merval vive do dinheiro público desviado para o grupo Globo, razão pela qual seus comentários e análises são totalmente tendenciosas e ridículas. Perdeu totalmente a vergonha.
Constantino sempre perfeito em suas análises.
Consta, parabéns pelo aniversário e parabéns por ser um filho da liberdade.
Definidor
Obrigado Consta, seus artigos deixam claros o que realmente é direita ou extrema esquerda. Votei no PSDB muitas vezes achando ser do centro direita.
Merval Pereira é beneficiado pelas gordas verbas públicas para a Globo, portanto não tem nada de jornalismo nessas tirinhas dele. Mas sim bajulação perante a quadrilha de volta a cena do crime.
Ótimo artigo Constantino. Parabéns. Só uma pergunta: o que significa a sigla AOC no início do seu texto?
Excelente análise Consta
Excelente análise Consta
Bando velho cornos.
Não existe mais ou menos esquerdopata
Essa referência a visita de Lula a FHC é uma piada! Todos sabem que o FHC é hoje um velhote senil interditado pela família , que não consegue distinguir o Lula da Dilma ! Mais enganação !
O projeto de destruição política do Lula falhou quando o Bolsonaro foi eleito. Assim, ELES foram na cadeia e ressuscitaram o mito destruído e tudo voltou ao normal. O brasileiro continua pobre, eles continuam espoliando o cofre da nação e levando vidas nababescas, a imprensa está controlada com poderosas verbas e eles seguem “arquitentando” o Brasil do futuro. Um dia dá certo, desde que os privilégios deles não seja afetado.
Erro de português é intencional.
Constantino, como ex tucano desde a fundação do partido até 2018 ano que se revelaram desonestos e sem caráter, penso que FHC & celebridades tucanas formam os arquitetos desse plano de recuperação de LULA que esta destruindo nosso pais, unicamente por ódio ao governo Bolsonaro.
Teu artigo vem ao encontro dos meus comentários que faço em artigos dos excelentes jornalistas da Revista Oeste e Gazeta do Povo e portanto sugiro que desenvolvam entrevistas com essas figuras para perguntar-lhes o que acham da farsa o 8 de janeiro, das prisões, humilhações e severas punições em última instância de patriotas democratas, pacíficos e sem quaisquer antecedentes criminais que possivelmente eram TUCANOS, das prisões politicas para “pescar” dados de celulares e arquivos pessoais de ex colaboradores do governo Bolsonaro, da liberdade de expressão e da nossa atual democracia. Possivelmente recusem, mas ai demonstrarão a decadência de um partido que considerava de centro direita e com princípios.
Lula tem Coxas Grossas e Llndas. Eu li isso num artigo do membro da “academia brasileira de letras”
“merval pereira” (sim com minùsculas as duas vezes). Preciso dizer mais alguma coisa?
Esses jornalistas da globo além de ser ladrões de uma forma indireta, pensa que essa linguagem de cientista político nas análise, não convence ninguém nem quem fez a quinta série do fundamental. As vísceras estão expostas, deixem de ser idiotas
Esses jornalistas da globo além de ser ladrões de uma forma indireta, pensa que essa linguagem de cientista político nas análise, não convence ninguém nem quem fez a quinta série do fundamental. As vísceras estão expostas, deixem de ser idiotas
Fernando Henrique Cardoso morreu intelectualmente quando Dona Ruth Cardoso morreu.
Ela que era a lanterna de sua existência e quem sabe se estaria viva se fosse feliz?
Não aparecia pra deixa-lo brilhar e ele se apoderava do seu brilho.
Ela achava isso normal!
O amor releva.
Se Ruth existisse a história seria outra.
Não deixaria ele envergonhar a história.
A comemoração do Real não tinha nada de real.
Foi a comemoração das pessoas que fazem parte do “Sistema” que hoje o Brasil não consegue se livrar.