Em dezembro de 2017, o ministro Gilmar Mendes mandou soltar Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro. Uma das principais beneficiárias do colossal esquema de corrupção comandado pelo marido, a ex-primeira-dama havia sido condenada a 18 anos de prisão por lavagem de dinheiro.
Ao analisar o pedido da defesa, o atual decano do STF argumentou que a prisão de mulheres grávidas ou com filhos sob os cuidados da mãe é “absolutamente preocupante”. E acrescentou que alternativas à prisão deveriam ser observadas para não haver “punição excessiva” à mulher ou à criança. Na época, os filhos de Adriana Ancelmo tinham 11 e 14 anos.
Em 17 de março de 2023, a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos foi presa por ter participado dos atos do 8 de janeiro. Com um batom vermelho em punho, ela fora fotografada escrevendo as palavras “Perdeu, mané” na estátua que fica em frente ao prédio do Supremo. Débora é mãe de dois filhos, com 6 e 9 anos.
“Solicitamos oito vezes que a minha cliente fosse para a prisão domiciliar porque ela tem o direito de esperar a sentença em casa, com os filhos, mas todos os pedidos foram negados”, contou o advogado Ranieri Gonçalves Martini, responsável pela defesa de Débora, a Cristyan Costa e Silvio Navarro, que assinam a reportagem de capa desta edição.
O texto também detalha outros dois casos particularmente angustiantes. Os de Filipe Martins, ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro, e Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal. A pilha de provas da inocência de Martins inclui até um ofício do Departamento de Segurança Interna dos EUA atestando a ausência de culpa. Mas o prisioneiro de Alexandre de Moraes continua atrás das grades.
(Durante três dias, Daniela Giorno, diretora de arte de Oeste, tentou encontrar em sites, agências de fotografia e redes sociais uma imagem em que Martins não estivesse sorrindo. Tal manifestação de alegria não combinaria com o Brasil destes tempos de treva. Antes de ser sequestrado pelo perseguidor, Martins parecia vacinado contra a tristeza.)
Enquanto três inocentes permanecem presos, um criminoso confesso, condenado a mais de 400 anos de cadeia, pode sair para jantar com a nova namorada, dar entrevistas, manter um canal no YouTube, encontrar os filhos e até divertir-se em ensaios de escolas de samba. Feliz, Sérgio Cabral ameaça retomar a carreira de político bandido. A reportagem de Anderson Scardoelli revela a doce vida do ex-governador do Rio de Janeiro.
Teoricamente, Cabral é impedido de concorrer a cargos públicos pela Lei da Ficha Limpa. Mas está compreensivelmente esperançoso: “A Justiça tem sido muito correta”, anima-se. Faz sentido. Enquanto déboras, martins e vasques continuam presos, os cabrais, odebrechts e dirceus estão em liberdade. E Lula ocupa a Presidência da República.
Boa leitura.
Branca Nunes,
Diretora de Redação
Está tudo errado nesse país
A enumeras provas dos crimes cometidos pelos ministros do STF ,a pergunta ❓ até quando o senado vai permitir os feitos do STF ou senado faz parte da facção criminosa.
A enumeras provas dos crimes cometidos pelos ministros do STF ,a pergunta ❓ até quando o senado vai permitir os feitos do STF ou senado faz parte da facção criminosa.
Os dois pesos e duas medidas protagonizados por Gilmar Mendes, que consta no texto, mostra bem o seu caráter.
O STF se tornou o guardião de bandidos, traficantes, ladrões e corruptos. Isso é uma vergonha!
Tenho vergonha da nossa Justiça, especialmente do atual STF, corte que causa ojeriza ao cidadão comum por suas decisões, principalmenete as que vêm de um determinado ministro.
Acho que se um monge budista sentar na frente do STF e atear fogo em suas vestes os onze ministros vão cair na gargalhada e sentenciar: “Mais um bolsonarista cancelado”
Se há justiça divina, E HÁ, esses MONSTROS que infernizam a vida dos brasileiros, HONESTOS E DE BEM, pagarão muito caro.
Você sintetizou a calamidade jurídica brasileira.
Enquanto esse tribunal de bandidos tiver ai, o país não anda