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Joe Biden, presidente dos EUA, embarca no Força Aérea Um, na Base Aérea de Dover, em Delaware | Foto: Amanda Andrade-Rhoades/Reuters
Edição 223

‘Falsificações baratas’? Os defensores de Biden estão ficando desesperados

Parte da mídia está se esforçando para silenciar as preocupações sobre a saúde do presidente americano

Tom Slater, da Spiked
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Você acha que Joe Biden pode estar um pouco… gagá? Você está preocupado que o líder do mundo livre pareça distraído durante eventos públicos, confundindo o nome dos políticos e dizendo coisas explosivas por acidente — apenas para serem contraditas por seus cuidadores (desculpe, assessores)? Então, lamento informar que você — você, pobre alma desinformada — foi enganado por “falsificações baratas” da direita.

Esse é o novo termo que a Casa Branca está usando para descartar vídeos supostamente editados de Joe Biden, de 81 anos, que já é o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, ao que parece, entregando a idade em uma série de eventos públicos. Nas últimas semanas, viralizou uma série de clipes que mostram Biden parecendo estar “paralisado”. Em um deles, ele está numa celebração de Juneteenth (19 de junho), parecendo um display de papelão de si mesmo enquanto as pessoas dançavam ao seu lado. Em outro, está na cúpula do G7 na Itália, indo na direção errada durante uma foto oficial com líderes mundiais. E, num terceiro, está em um evento beneficente em Hollywood sendo gentilmente conduzido para fora do palco por Barack Obama.

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A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, criticou os clipes no início desta semana, chamando-os de desinformação partidária. “São falsificações baratas”, disse, “e são feitas de má-fé”. A resposta dela, e a dos “verificadores de fatos”, é que tuiteiros e jornalistas conservadores fizeram esses incidentes parecerem muito piores do que realmente foram, editando ou cortando partes importantes. “Os críticos de direita do presidente têm um problema de credibilidade porque… os verificadores de fatos os pegaram repetidas vezes divulgando desinformação e fake news”, afirmou Jean-Pierre. Ela até usou a expressão “deepfakes” em um dado momento, sugerindo falsamente que os clipes poderiam ser completas fabricações digitais. (Com mais do que um pouco de ironia, mais adiante, Jean-Pierre teve que esclarecer seus comentários falsos.) A mídia de inclinação esquerdista também saiu em defesa de Biden; e a CBS News exibiu um segmento rigoroso sobre as “falsificações baratas”, e sites liberais fizeram eco para as refutações da Casa Branca.

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Nas redes sociais, naturalmente, perfis liberais e conservadores têm analisado esses vídeos como se fossem pequenos filmes de Zapruder, discutindo e se acusando mutuamente de deturpar o comportamento de Biden. Que o debate político tenha sido reduzido a isso é, francamente, um pouco deprimente. Só para constar, o clipe viral do G7 definitivamente cortou de maneira enganosa um paraquedista, na direção de quem Biden estava andando para dar um sinal de positivo, fazendo parecer que ele estava apenas vagando sem rumo. Mas, correndo o risco de ser rotulado de trompista radical, ouso dizer que Biden não parece exatamente vigoroso em nenhum desses vídeos, seja qual for a forma como são editados. Claro, talvez ele estivesse apenas recebendo os aplausos no palco em Hollywood, como seus defensores sugeriram, mas em seguida foi conduzido para fora do palco por seu antigo chefe. Ok, ele pode não ter querido dançar no Juneteenth, que é a explicação de seus assessores para aquele momento de “paralisia”, mas na sequência ele fez seu discurso falando de maneira arrastada.

O presidente dos EUA, Joe Biden, é flagrado 'bufando'
Joe Biden, presidente dos EUA | Foto: Reprodução/Twitter/X/@peterdaou

Claro, o grande problema para a Casa Branca é que, mesmo que esses vídeos específicos em que Biden aparenta estar tendo momentos de senilidade não sejam o que parecem, há muitos outros por aí. O momento em que ele foi visto tirando uma boa soneca na cúpula climática de Glasgow ficou famoso. Mais recentemente, Biden confundiu os nomes de políticos vivos com seus homólogos falecidos há muito tempo, confundindo Emmanuel Macron com François Mitterrand e Angela Merkel com Helmut Kohl (que morreram em 1996 e 2017, respectivamente). Para um homem que tanto quer minimizar sua idade avançada, Biden parece passar muito tempo se comunicando com o além.

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Claro, ele ficou conhecido como um orador desajeitado durante grande parte de sua carreira política. “Não subestime a capacidade de Joe de estragar tudo”, foi o que Barack Obama (supostamente) disse certa vez. Mas suas gafes definitivamente se tornaram cada vez mais escancaradas. Seus momentos mais memoráveis antes da eleição de 2020 incluíram esquecer o nome de Obama, dizer aos pais para “não esquecerem de ligar o toca-discos à noite” e chamar um estudante de “soldado de cavalaria, com cara de cachorro e mentiroso”.

Não é preciso ser um republicano muito ativo na internet para temer que as pressões do cargo mais alto possam ter pesado no comandante em chefe, especialmente agora que seus deslizes têm enormes consequências geopolíticas. Durante uma visita à Polônia em 2022, Biden parece ter dito às tropas americanas que elas logo estariam na Ucrânia e declarado, em um grande discurso em Varsóvia, que Putin “não pode continuar no poder”. Esses comentários de potencial explosivo — nada menos que um apelo para uma mudança de regime e um conflito direto dos EUA com a Rússia — tiveram que ser rapidamente “desditos” por sua equipe.

Até mesmo alguns democratas estão começando a mencionar preocupações (anonimamente). Um relatório publicado recentemente no Wall Street Journal afirmou que, em reuniões com líderes do Congresso sobre financiamento para a Ucrânia em janeiro, Biden “falou tão baixo às vezes que alguns participantes tiveram dificuldade para ouvi-lo”, “pausou por longos períodos” e “às vezes fechou os olhos por tanto tempo que alguns na sala se perguntaram se ele tinha se desconectado”. “A maioria dos que afirmaram que Biden teve um desempenho ruim eram republicanos, mas alguns democratas disseram que ele entregou a própria idade em várias das interações”, relatou o WSJ.

O presidente Joe Biden fala aos repórteres no Marine One, em Washington (31/1/2024) | Foto: Jonah Elkowitz/Shutterstock

Talvez Biden seja apenas uma vítima de etarismo. Ou de capacitismo. Alguns sugerem que sua gagueira juvenil voltou com força, injustamente fazendo-o parecer muito menos atento do que de fato está. Sua postura rígida é resultado de uma coluna artrítica e dolorida. Nada disso significa que ele não possa liderar, necessariamente. FDR liderou os Aliados em uma cadeira de rodas. Churchill passava a maior parte das horas em que estava acordado bêbado. Mas, como acontece com tanta frequência nesta administração, a tentativa de encobrir tornou as coisas muito piores do que seriam de outra forma. Tentativas ostensivas de funcionários oficiais ou defensores da mídia de insistir que Biden está realmente afiado como uma navalha ou demonizar qualquer um que levante uma sobrancelha fizeram com que os eleitores se sentissem manipulados. Sem contar que não funcionou. De acordo com as pesquisas, três quartos dos americanos estão preocupados com a idade de Biden.

Vimos isso acontecer de forma mais ultrajante na reação ao conselheiro especial Robert Hur, que publicou um relatório extenso em fevereiro argumentando que Biden não deveria ser levado a julgamento por seu suposto manuseio incorreto de materiais confidenciais, em parte por causa de sua fragilidade mental. Hur descreveu Biden como um “idoso simpático e bem-intencionado com memória ruim”, observando sua incapacidade de lembrar o ano em que deixou o cargo de vice-presidente e o ano em que seu filho, Beau, morreu. Seria “difícil convencer um júri de que deveria condená-lo… por um crime grave que requer um estado mental de intenção”, concluiu Hur. Como recompensa, ele foi considerado um correligionário tendencioso. Os advogados da Casa Branca criticaram a linguagem “abrangente e altamente prejudicial” do relatório. Na CNN, o principal analista jurídico, Jeffrey Toobin, acusou-o histericamente de ser “um ultraje” e “uma desgraça”.

Aliás, com toda a conversa sobre uma máquina de mídia de direita produzindo “falsificações baratas” para beneficiar Donald Trump, o polo liberal da mídia corporativa tem agido instintivamente como a Guarda Pretoriana dos democratas, desqualificando toda crítica e até mesmo escândalos genuínos que possam prejudicar a posição do presidente. Vamos lembrar Hunter Biden, o filho do presidente viciado em crack e negociador de influências, que acabou de ser condenado por acusações federais relacionadas à compra de armas. Quando o New York Post publicou parte do conteúdo infame e incriminador de seu laptop em 2020 — levantando questões sobre o envolvimento do próprio presidente nas negociações de Hunter na Ucrânia e na China —, os meios de comunicação minimizaram a reportagem como algo com potencial de desinformação russa, aparentemente seguindo a orientação de agentes — que também instaram as grandes empresas de tecnologia a suprimir a história.

Joe Biden pode muito bem ser tudo o que seus assessores e defensores na mídia dizem que ele é: um senhor totalmente íntegro ainda em posse de suas faculdades mentais. Mas a maneira como a Casa Branca demoniza a dissidência, que trata qualquer preocupação como fruto da “desinformação”, é um insulto à inteligência dos eleitores

Em vez de se solidarizar quando o New York Post — um dos jornais mais antigos da República americana — estava sendo difamado e censurado, a mídia chamada liberal simplesmente fez coro. “Não queremos perder nosso tempo com matérias que não são matérias de fato”, respondeu com arrogância a NPR, quando perguntaram por que a rede não estava cobrindo o Huntergate. Demorou mais de um ano até que o New York Times e o Washington Post admitissem timidamente que pelo menos alguns dos e-mails de Hunter eram legítimos.

Hoje, ninguém pode fingir de maneira crível que foi tudo fabricado: no julgamento recente de Hunter, os promotores afirmaram a autenticidade do laptop. Mesmo assim, ainda há uma crassa falta de curiosidade jornalística sobre a questão mais condenatória do escândalo de Hunter: a saber, se o presidente sabia ou se beneficiou financeiramente dos negócios duvidosos do filho. Isso foi exposto de maneira brilhante no ano passado por um diálogo entre Philip Bump, do Washington Post, e o empresário de comédia Noam Dworman, no podcast Live from the Table. Dworman perguntou a Bump sobre um texto que Hunter tinha enviado à filha, dizendo “preciso dar 50% da minha renda para o pai”. “Não faço ideia do que isso significa”, Bump respondeu. “Alguém perguntou a ela?”, questionou Dworman. “Não sei”, veio a resposta vazia de Bump. Ele foi ficando cada vez mais agitado e depois saiu furioso.

Joe Biden pode muito bem ser tudo o que seus assessores e defensores na mídia dizem que ele é: um senhor totalmente íntegro ainda em posse de suas faculdades mentais. Mas a maneira como a Casa Branca demoniza a dissidência, que trata qualquer preocupação como fruto da “desinformação”, é um insulto à inteligência dos eleitores. Além disso, a maneira como certos jornalistas ficam irritados — em vez de, você sabe, investigar — com qualquer alegação feita contra o presidente e sua família é um insulto à profissão. Algumas edições seletivas são insignificantes quando colocadas ao lado dos excessos do Pravda de Biden.

Joe Biden atravessa a pista do Força Aérea Um, no JFK International, em Nova York (7/2/2024) | Foto: Evan El-Amin/Shutterstock

Tom Slater é editor da Spiked. Ele está no X: @Tom_Slater_

Leia também “Por que a ideologia de gênero correu solta por tanto tempo?”

1 comentário
  1. Indignado
    Indignado

    Qual a novidade? Aqui se faz o mesmo com o senil e sabidamente mal intencionado loola.

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