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Edição 223

Partido representa?

É bom lembrar, antes de mais nada, que os eleitores são os mandantes dos políticos, já que em democracia o poder emana do povo

Alexandre Garcia
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Escolas cívico-militares são lugares onde não entra droga nem violência nem bagunça; com a disciplina, a evasão cai e o aprendizado sobe. Professores ensinam seguros e famílias ficam tranquilas. Prefeitos querem escolas assim — e já são 800 no país. Mas o Psol e o PT não querem e não gostam dessas escolas ordeiras, disciplinadas e produtivas. Entraram no Supremo na tentativa de derrubar lei da maioria dos representantes do povo paulista, para impedir que o governo estadual tenha quase uma centena desses lugares. Cito o fato para lembrar que notícias assim devem ser consideradas ao escolher o partido em que votar numa eleição. O partido precisa representar a vontade de uma parte da população. 

Primeiro dia de aula no CED 01 da Estrutural, uma das escolas públicas do DF onde foi implementado o modelo cívico-militar | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No próximo 20 de julho, começam as convenções em que os partidos escolhem seus candidatos para as eleições municipais de 6 de outubro. Vão as convenções representar a vontade dos eleitores dos partidos? Estão os partidos políticos representando verdadeiramente as diversas correntes ideológicas, doutrinárias, culturais, que fazem parte da vida e das diferentes raízes de seus eleitores? É bom lembrar, antes de mais nada, que os eleitores são os mandantes dos políticos — e estes, seus mandatários —, já que em democracia o poder emana do povo. Estão os partidos sendo os reais representantes e defensores das expectativas, esperanças e necessidades do povo? Parece que não. E também parece que os partidos não querem encarar esse fato, porque não pretendem abandonar seu fisiologismo e sua distância do povo. Os partidos só se aproximam do povo em vésperas de eleição, como agora. Se nessa fase auscultam a origem do poder, parece que depois esquecem.

Os programas partidários são quase iguais. Emprego, desenvolvimento econômico, diminuição das desigualdades… Pergunte a um eleitor cujo casebre exibe na parede o cartaz de algum partido por 30 anos se sua vida melhorou por ter sido votante fiel. Se teve saneamento, atendimento à saúde, segurança, ensino eficiente para os filhos, oferta de bom trabalho. Quais os resultados dos discursos, entrevistas, declarações, promessas? Tornaram-se realidade? Os partidos políticos — com os bilhões de reais dos pagadores de impostos a garantir fundos para campanhas e para sustentar suas atividades — estão conscientes de que devem satisfações à origem do poder e do dinheiro que os sustenta?

Os partidos vão ter que mudar se quiserem permanecer como força e poder. Não adianta rotular pejorativamente as novidades; é preciso conhecer a vontade atual de seu patrão brasileiro

A recente eleição para o Parlamento Europeu mostrou como as correntes políticas tradicionais, a social-democracia e a democracia cristã, com todo o desenvolvimento europeu, não estão conseguindo dar respostas às necessidades de seus cidadãos. Na Europa, o eleitor votou em novas forças, e as velhas oligarquias limitam-se a tentar desqualificar as novidades, carimbando-as de populismo. Macron chama de fascismo. Mas o povo europeu sente que os oligarcas falharam, com imigrações descontroladas e importação do modismo woke americano. São os mesmos desde o fim da Segunda Guerra e não querem largar o poder; mas o povo avisou, nessa eleição do Parlamento Europeu, que vai tirá-los. Nessa Europa, pelo menos, todos garantem a liberdade de expressão.

Lá como cá os partidos — vale dizer, seus “donos” — vão ter que mudar se quiserem permanecer como força e poder. Não adianta rotular pejorativamente as novidades; é preciso conhecer a vontade atual de seu patrão brasileiro. Estão tentando enfiar goela abaixo do nosso povo ideias estranhas ao espírito nacional — e vão perder. Bobagens importadas e geradas por elites supostamente progressistas não são sequer compreendidas. Estamos precisando de saneamento, esgoto, água tratada, saúde básica, ensino de verdade, segurança, proteção à vida e à propriedade e respeito a um povo que pouco tem, mas percebe quando um político está mentindo e quando um partido contraria seus princípios.

Os programas partidários são quase iguais: emprego, desenvolvimento econômico, diminuição das desigualdades… | Foto: Shutterstock

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9 comentários
  1. Marcus M Riether
    Marcus M Riether

    Discordo de que o povo percebe quando um político está mentindo. Infelizmente, ainda estamos na fase em que pouquíssimas pessoas estão começando a tomar consciência de quando um político está mentindo…

  2. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    O Brasil nunca teve na história da sua triste república que completará 135 anos em novembro próximo uma representação que trabalhasse pelos seus anseios.
    Temos um bando de picaretas profissionais, com algumas exceções é claro, que se utilizam dos recursos do pagador de impostos para atingir seus projetos pessoais.
    Pior ainda é a excrescência do quociente eleitoral que “elege” políticos que nunca tiveram votação para se eleger nem como sindico de prédio.

  3. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Acompanhei todos os países europeus em que houve a eleição, e NENHUM tem algo similar as urnas eletrônicas do Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Ainda querem enfiar goela abaixo da população que este é o melhor sistema…

  4. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Alexandre vamos voltar a insistir na implantação do VOTO IMPRESSO já devidamente testado, não mais como uma PEC, mas como um aprimoramento das urnas eletrônicas para permitir AUDITAR e dar TRANSPARÊNCIA ao eleitor que será o primeiro AUDITOR ao constatar que seu VOTO estará contido nas duas urnas, a ELETRONICA e a do VOTO IMPRESSO.
    Ai sim quero ver quem se atreve a fraudar resultados. Não entendo porque o TSE e o STF temem tanto o VOTO IMPRESSO, que seguramente pacificará o eleitorado brasileiro. Bolsonaro disse diversas vezes que passaria a FAIXA para o vencedor com eleições TRANSPARÊNTES E AUDITÁVEIS. Simples assim, não haveria motivos para a FARSA do 8 de janeiro ao menos dos mais de 60 milhões de centro direita. Já da esquerda não imagino o que fariam se perdessem por 2 milhões de votos em um eleitorado de mais de 150 milhões de brasileiros.

  5. Joel Luiz Oliveira Rios
    Joel Luiz Oliveira Rios

    Vergonha, vergonha, dez vezes vergonha o comportamento dos donos de partido político do Brasil. O povo precisa saber que tanto seus cargos quanto os partidos pertencem ao povo que os elege. São nossos empregados, na maioria péssimos empregados, vagabundos mesmo, irresponsáveis, descomprometidos com seus eleitores, indígnos de nos representarem, a começar pelos atuais presidentes das casas Câmara e Senado Federais. Não nos representam, precisam ser extirpados de lá o quanto antes. Precisamos urgente urgentíssimo de uma reforma política séria com a inplantação do voto distrital pleno, fim do foro por prerrogativa do cargo, não permissão de parentes e aderentes como vice nas chapas eletivas, fim dos bilhões de reais dos nossos impostos pra se elegerem com compra de votos e apropriação indevida tornando-se milionários de forma ilícita, para depois darem uma banana pro povo. Essa casta de bandidos, com raríssimas e honrosas excessões, deveriam era prestar um serviço público de qualidade em benefício do povo e, assim, terem o crédito e a confiança dos seus eleitores para serem reeleitos com honras. Mas infelizmente não é assim que funciona. Mas o povo precisa mudar e virar este jogo se é que almejamos um dia termos direito de cobrar alguma coisa desses políticos, visto que nós o povo pra conquistarmos alguma profissão, estudamos, trabalhamos e arcamos com todos os custos do nosso sucesso ou insucesso na vida. Por que os políticos não agem assim? Por que o privilégio? ISSO PRECISA MUDAR< E JÁ MEU POVO, mas depende das cobranças e pressões sobre esta casta de políticos sem vergonha. PRESSÃO EM CIMA DELES!

  6. Joviana Cavaliere Lorentz
    Joviana Cavaliere Lorentz

    O golpe de estado começou quando DTF equiparou partido a povo baseado em estranha interpretação do artigo 1º da Constituição l aí veio o fundo partidário e outras excrescências.

  7. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Parabéns Alexandre pela clareza explícita. Parabéns oeste

  8. Isilda Neves
    Isilda Neves

    Com o TSE declarando quem ganhou a eleição , sem direito a recontagem de votos , ganha quem eles quiserem….

  9. Renato Perim
    Renato Perim

    Enquanto a totalidade da população continuar obedecendo ao supremo, esqueçam eleições. Jamais iremos eleger quem quer que seja da direita ou do espectro liberal. La na Europa as eleições ocorrem em papel, se houver dúvidas faz-se a recontagem. Aqui o tse declara o vencedor e fim de papo. Já passou da hora de sairmos da infância mental (inclusive o nobre e admirado articulista) e enxergar o que está realmente acontecendo e o que pode mudar o rumo das coisas. Através dessas eleições fraudadas eu garanto que não é.

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