No último domingo, 7, mais de 3 mil pessoas lotaram um pavilhão do Expocentro Balneário Camboriú, em Santa Catarina — a capacidade máxima da estrutura. A fria manhã catarinense não reduziu o entusiasmo de quem pagou R$ 249 para participar do CPAC Brasil, o maior evento conservador da América Latina. Discursaram na conferência personalidades como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Nikolas Ferreira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas a estrela principal foi o presidente argentino, Javier Milei.
Numa comparação rápida, nos tradicionais festejos do Dia do Trabalhador, em 1º de maio, num ato gratuito organizado por sindicatos no estádio do Corinthians, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mal conseguiu juntar um terço das pessoas que foram assistir a Milei — um argentino.
O CPAC foi apenas um episódio capaz de demonstrar como Milei consegue juntar mais gente do que quase todos os políticos brasileiros hoje em dia — a exceção é Bolsonaro, também presente em solo catarinense, que arrasta multidões pelo país.
O discurso liberal de Milei — que se autodefine como um “libertário” — é centrado na redução do gasto público, no fim dos privilégios a políticos e funcionários públicos, no corte do excesso de subsídios e benefícios sociais, na modificação profunda das leis trabalhistas e na privatização de tudo o que pode funcionar melhor nas mãos da iniciativa privada. No meio disso tudo ele usa palavrões, aparece empunhando uma motosserra e chama socialistas de delinquentes. Invariavelmente, é aplaudido de pé.
Mas e a Argentina, um país rotulado de “fábrica de pobres”, dependentes da máquina estatal, de cargos públicos e de benefícios sociais, aprova? Depois de sete meses de mandato aplicando duras políticas de austeridade, Milei continua com popularidade superior a 50%.
A uma fronteira de distância, Lula aumentou repasses do Bolsa Família, multiplicou a gastança estatal, abriu megaconcursos públicos, quer mais empresas estatais, teima em aplicar uma obsoleta legislação trabalhista da Era Vargas — até para motoristas de aplicativos. Mesmo assim, não pode sair nas ruas na maioria dos Estados, sob o risco de vaias. Discursa apenas para plateias domesticadas, formadas por apoiadores devidamente selecionados. E se desloca a bordo de helicóptero até mesmo em Brasília, para evitar qualquer contato com o povo.
Por enquanto, a população deu um voto de confiança para as doses amargas de Milei na economia, ante um país em frangalhos depois de anos do “kirchnerismo” populista de Cristina Kirchner e Alberto Fernández — inaugurado antes por Néstor Kirchner, morto em 2010. Com raros intervalos, são décadas a fio de domínio peronista — uma espécie de lulismo com sotaque castelhano.
Esquerda enfurecida
O triunfo de Milei num evento conservador e em território brasileiro deixou a esquerda furiosa. A ira foi agravada pelo fato de o presidente argentino se recusar a encontrar Lula, a quem chamou de “corrupto”, “ladrão” e “comunista”.
O petista também não faz a mínima questão de se encontrar com Milei, e pôs como condição que o libertário lhe peça desculpas. De Buenos Aires, a resposta foi: “Só falei verdades”.
A passagem de Milei pelo Brasil também foi uma mensagem diplomática para a região. O argentino esnobou uma cúpula do Mercosul realizada no Paraguai. A ausência dele foi mais noticiada do que a presença dos outros mandatários, dentre os quais o próprio Lula.
Ao não participar da reunião, Milei quis mostrar como o bloco regional, xodó do chanceler informal Celso Amorim, espécie de eminência parda da política externa brasileira, não tem mais relevância. Não conseguiu assinar o acordo de livre-comércio com a União Europeia. E cada país segue fazendo o que bem entende, a despeito dos tratados. Por exemplo: o Uruguai assinou acordos comerciais com a China, em aberta violação das regras do bloco. E a única ação concreta do Mercosul foi a adesão da Bolívia, que está à beira do colapso econômico, depois de reintegrar a Venezuela.
Em 28 minutos e 41 segundos de fala no CPAC, Milei deu uma aula de economia liberal, desmantelou as falácias socialistas e pareceu antecipar o que está por vir no Brasil.
“É notável que os socialistas iniciem um período de bonança econômica, num contexto de contas públicas ordenadas e altos preços internacionais das commodities. Neste primeiro momento, a economia cresce, a sociedade ganha poder de compra, o Estado arrecada, e o banco central acumula reservas. Mas os governos socialistas apaixonam-se pela popularidade gerada pela bonança que herdaram, têm medo que ela não dure para sempre e aumentam os gastos públicos”, disse. O que vem a seguir? “Quando o dinheiro acaba, começam a aumentar os impostos para arrecadar mais”, completou Milei.
No governo Lula 3, os gastos públicos aumentaram muito mais do que a arrecadação. A dívida pública bateu em 77% do produto interno bruto (PIB). Um em cada quatro brasileiros recebe o Bolsa Família. Já foi lançado um megapacote para concursos públicos. O governo voltou a injetar dinheiro em empresas amigas, como a dos irmãos Joesley e Wesley Batista. E o real está derretendo frente ao dólar.
O governo petista não gostou do frisson causado pela visita de Milei ao país. Lula chegou a declarar que o evento conservador seria “coisa da extrema direita”, “tão desagradável, antipovo, antissocial e antidemocrático”. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, afirmou que Milei tem “mau gosto”. Já o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que Balneário Camboriú precisaria de uma “limpeza espiritual”.
Saneando a Argentina
Milei tomou posse no dia 10 de dezembro de 2023. Naquele momento, a inflação superava 200%, o maior nível em 33 anos. Mais de 40% da população vivia abaixo da linha da pobreza. O Banco Central zerava as reservas internacionais de dólares. E a Argentina devia dinheiro para uma série de países e organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, faltou gasolina nos postos. O Aeroporto de Buenos Aires quase fechou sem querosene de aviação. E começaram a aparecer sinais de desabastecimento de alimentos.
O primeiro discurso de Milei como presidente foi muito claro: “Lamentavelmente, tenho que dizer: ‘No hay plata‘”. Ele anunciou medidas drásticas para reduzir as despesas do governo e tentar equilibrar as finanças públicas. Horas depois de chegar à Casa Rosa, baixou uma lei com 664 artigos, chamada de “Lei Ómnibus” (“Lei Geral”, em tradução livre). Era um pacote de reformas para reorganizar o Estado.
Os resultados foram imediatos. Nos cinco meses seguintes, a Argentina voltou a ter as contas no azul. Voltou a acumular reservas internacionais em dólares e a atrair investimentos internacionais. Conseguiu zerar a inflação dos alimentos pela primeira vez em 30 anos.
Os excelentes resultados não foram obtidos gratuitamente. Os aposentados, por exemplo, tiveram uma forte redução de seu poder de compra. Os beneficiados por programas sociais também estão recebendo menos.
“Milei iniciou seu mandato com um discurso muito parecido com o famoso ‘sangue, trabalho, lágrimas e suor’, de Winston Churchill quando se tornou primeiro-ministro. Mas, assim como o britânico conseguiu inspirar seu povo incitando a resistência contra o nazismo e indicando a vitória, Milei também está conseguindo mostrar para os argentinos que há uma luz no final do túnel”, disse a Oeste Alejandro Chafuen, diretor do Acton Institute, um instituto de estudos econômicos americano.
Nova liderança regional
Mas o que deixa a esquerda brasileira em parafuso é o temor de que Milei se torne uma liderança regional maior do que Lula. O estilo do argentino faz sucesso, sobretudo, nas redes sociais e atrai cada vez mais os jovens. A preocupação da esquerda brasileira é justamente esta: que o discurso liberal, eficiente e que se contrapõe às receitas socialistas ganhe adeptos no Brasil.
Milei já é recebido por líderes internacionais como uma nova promessa para a Argentina e para toda a região, como se viu durante o último G7 na Itália. Instituições multilaterais, como o FMI, elogiaram suas medidas econômicas. Enquanto pioram a projeção fiscal para o Brasil e criticam a política econômica de Lula.
O medo do PT e de seus satélites foi tamanho que, já na época da eleição, em outubro de 2023, Lula tentou interferir no pleito argentino, enviando dinheiro e marqueteiros para o candidato de esquerda, Sergio Massa. Naufragou junto com o “kirchnerismo”.
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“A boa consciência tem como grau anterior a má consciência – não o oposto” (Nietzsche). É isso aí. Brasil e Argentina em lados opostos.
Torço por Milei e pela Argentina, desde que não votem nos ladrões da esquerda. Assassinos do povo!
Nenhuma economia sobrevive sem o controle dos gastos, coisa que a esquerda detesta.
Se na economia de países, empresas ou famílias, as receitas e despesas devem manter equilíbrio ou a insolvência será o único caminho possível.
É assustador os discursos do Lula contra o Presidente do Banco Central e mais assustar ainda que ontem o descondenado declarou na TV Record que não é obrigado a cumprir a meta fiscal.
Em qualquer país sério uma declaração dessas já seria motivo de reações do Congresso. Aqui estão embriagados pelo amor.
Esta foto do Lula na cúpula do Mercosul, é impressão minha ou está na comitiva o Andrei Rodrigues, diretor geral da Polícia Federal?
Se sim, é só mais uma prova que a PF hoje não é polícia, mas sim o parquinho do PT/STF para perseguir a oposição.
Comunismo sempre tem corrupção, censura, zero liberdade, zero educação, zero saúde, zero segurança e zero economia.
Parabéns Carlo. Show de texto
Dane-se, loola.
O modelo socialista, está provado, leva qualquer país à ruína, essa compreensão se deu a partir da queda do muro em 1989. Já faz 200 anos que o Marxismo surgiu como doutrina. Tudo passa, vivemos uma modernidade, uma transformação científica e econômica que desfaz as filosofias nominativas. Só quem fica com esse pensamento são os “intelectuais” comprados ou vendidos e os cientistas da mesma estirpe, e a classe jumentolóide
Viva la libertad ,carajo!!!!
Espero que não aconteça o seguinte: conserta o país, esquerda ganha próxima eleição com muito $$$$ para torrar
A filosofia nomilalista perde o sentido, a IA é a descoberta
Excelente matéria sobre Milei. Sem dúvida nenhuma é o melhor presidente da América do Sul nesse momento. Tomara que nas próximas eleições os brasileiros aprendam com isso