Na mesma semana em que a Folha de S.Paulo revelou um método de trabalho do Ministro Alexandre de Moraes, fez 40 anos que o PMDB, em convenção nacional, escolheu a chapa de oposição Tancredo Neves e José Sarney para a sucessão de João Figueiredo, e para concorrer com a chapa governista Paulo Maluf e Flávio Marcílio. Tancredo me contou que, a pedido de Ernesto Geisel, fora a Montevidéu convencer o então vice-presidente João Goulart a aceitar o Parlamentarismo, para poder voltar ao país e assumir a Presidência, surpreendido que fora, enquanto estava na China, com a renúncia do presidente Jânio Quadros. Já Sarney, o vice da chapa, tinha sido da UDN, partido da direita; depois ingressou no partido criado pelo movimento de 1964, a Arena, onde ficou por todo o governo militar, até a mudança de nome para PDS, de que foi presidente. No ocaso do governo militar, participou da criação da Frente Liberal, que se tornou PFL, e filiou-se ao opositor PMDB, para ser candidato a vice — e se tornar, por cinco anos, o primeiro presidente após o período militar.
Não sei se os leitores que não testemunharam isso, como eu testemunhei, vão entender. Creio que não, porque até para quem viu há dificuldade de encontrar a lógica. Saio com uma vantagem: já não me surpreendo com o que vejo. Agora vejo o relator do “Inquérito do Fim do Mundo”, como batizou o ministro Marco Aurélio, usando métodos que muitos jornalistas conhecem, a partir de reuniões de pauta. O chefe traz uma tese que precisa ser comprovada pela reportagem. Quer dizer, primeiro se tem o fato, depois se buscam depoimentos, documentos, imagens que “comprovem” o que o chefe quer comprovar. “Use a sua imaginação” para justificar desmonetização da Revista Oeste. Essas coisas vão e voltam. No dia em que nasci, o ditador Getúlio Vargas baixava um decreto-lei para ele próprio nomear o presidente do Supremo, só porque ele não gostava do próximo vice-presidente do tribunal. Nomeou José Linhares. E, quando Getúlio foi derrubado, Linhares virou presidente da República (que aproveitou para nomear tantos parentes, que o trocadilho em voga era “Os Linhares são milhares”).
Não me surpreendi, mas fiquei assustado, quando cláusulas pétreas do artigo 5º da Constituição, que não podem ser mexidas a não ser por uma nova Constituição, foram canceladas por prefeitos. É que o Supremo deu aos prefeitos o poder de cancelar os direitos de ir e vir e de reunião, durante a pandemia, sem que o STF tivesse esse poder. Já estava se alastrando o ativismo do Supremo: o de cancelar artigos — e direitos fundamentais — da Constituição. Uma espécie de novo Estado Novo. O inquérito que começou no Supremo ignorando o Ministério Público e a primeira instância já dura quase cinco anos e meio. Foi instaurado com base no artigo 43 do regimento do tribunal, que o autoriza em caso de crime dentro das próprias dependências — e não foi o caso. A Constituição que veio depois do Regimento do STF estabelece que o Ministério Público é quem promove privativamente a ação penal. O plenário, ante o fato consumado, legalizou tudo — como políticos municipais legalizam invasões de área pública já com moradores.
Não me surpreendo nem mesmo quando o próprio nome do país perde o significado, porque República Federativa do Brasil reduz-se a um rótulo escrito na Constituição, como muitos outros, já que na prática é uma república unitária, pois os Estados têm pouca autonomia e dependem de recursos e da boa vontade do governo federal. A tal reforma tributária vai pôr a pá de cal na federação. Aliás, se a gente for ampliar a exigência, vai achar que República também é marca de fantasia. Tanto quanto foi a marca de Nova República, nascida há 40 anos.
A Constituição hoje sofre cancelamentos seletivos, recebidos com silêncio medroso e cúmplice no Senado, na OAB, na mídia
A Nova República repete a velha em seus defeitos e tem outros, como, por exemplo, a mistura do chamado crime organizado com a política. Além disso, tivemos a Lava Jato da nossa desesperança. Sonhávamos com o fim da impunidade entre os corruptos. E agora os eleitores recebem decisões das convenções municipais com a mesma surpresa risível com que nós, jornalistas, acompanhamos a mistura improvável de gente antes antagônica, na convenção de 40 anos atrás. E ainda temos “Getúlio Vargas” como há quase 84 anos, inventando decisões acima da Constituição. Pagamos pelo pecado da passividade e desinteresse pela política. Naquele tempo de Vargas não havia Legislativo. Hoje o Congresso está ficando tão significativo quanto o rótulo de Federativa na República do Brasil, a Nova.
Nova em quê? Está mais parecida com o Estado Novo de Vargas. Tem censura, intimidações, prisões arbitrárias, exilados políticos, viola mandatos, juiz natural, ampla defesa, devido processo legal. Legislativo e Constituição quase irrelevantes. A diferença está na impunidade premiada e nas relações do crime com a política. Pobre Lava Jato da nossa desesperança! Na Constituição cidadã está escrito que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; que é garantida a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à propriedade, que é livre a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo; que é vedada toda e qualquer censura e que nenhuma lei conterá embaraço à plena liberdade de informação. Mas, neste novo Estado Novo, juiz pode investigar, acusar, denunciar… e julgar, ainda que seja o queixoso. A Constituição hoje sofre cancelamentos seletivos, recebidos com silêncio medroso e cúmplice no Senado, na OAB, na mídia. Começou mal e se ampliou o inquérito de março de 2019 — e o que começa mal não tem chance de acabar bem. A meta do mal é o pior.
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Não podemos perder a esperança apesar da agenda 2030
Alexandrus I, o Calvo, decretou o abandono da Lei Maior e segue com sua sanha perseguidora.
E pior, com o silêncio absoluto de seu cúmplice Rodrigo Pacheco.
Ambos devem ser removidos de seus cargos e serem processados, julgados e punidos para devolver a normalidade ao país.
PARABÉNS AO JORNALISTA PELA MATÉRIA. GOSTARIA QUE UMA EXPRESSIVA QUANTIDADE DE BRASILEIROS E BRASILEIRAS LESSEM E ENTENDESSEM SOBRA A MESMA. MAS O DESINTERÊSSE DOS NOSSOS GOVERNANTES AO LONGO DA HISTÓRIA DESSE POBRE PAÍS, MUTILOU A CAPACIDADE DE LER, ENTENDER E PENSAR DO NOSSO POVO, EM SUA GRANDE MAIORIA. O ANALFABETISMO FUNCIONAL É INERENTE A ESTA TERRA SEM LEI, ERRONEAMENTE CHAMADA DE REPÚBLICA FEDERATIVA. NÃO HÁ SOLUÇÃO. NOSSO CAMINHO É O FRACASSO TOTAL, EM TUDO O QUE SE POSSA IMAGINAR. AFINAL, TER INTERÊSSE PELA BOA LEITURA NESTA TERRA DE NINGUÉM, SEMPRE FOI CONSIDERADO CAFONICE E BABAQUICE. O QUE INTERESSA MESMO SÃO AS BUNDAS, AS PARADAS GAYS, O FUTEBOL, E AS DROGAS, ENTRE ELAS AS NOVELAS DA GLOBO.
O Trauma dos acéfalos!
Os babaquinhas que ” nasceram em 90 “, mas que estão traumatizados pela ditadura militar, não enxergam a sordidez desse governo que tem um passado sujo e que justamente, os militares daquele ano de 1965 ,lutaram para não deixarem o país ficar à mercê desses terrorista assaltantes de banco hoje! Traumatizado, fico eu como a acefalia desses nojentos oportunistas preocupados pela liberação da maconha e outras drogas. Traumatizado fico eu de ver essa corja transformando jovens rapazes e moças lindas em caricaturas de tatuagem e quase anoréxicos. Traumatizado fico eu quando um cachaceiro de 9 dedos condenado, julgado e libertado pela suprema bosta dizer:” Dê 50 reais e safadeza a esses jovens e eles voltarão em você”.” Não posso ver um jovem roubar um celular e ser condenado por isso”! Traumatizado fico eu com mulheres e homens vagabundos usando bolsa família dizendo que o cartão é para pagar a cerveja de final de semana. Traumatizado fico eu vendo gente honesta ficar presa sem saber o por quê. Traumatizado fico eu em de ver tantos babacas ficarem traumatizados por serem acéfalos! Traumas do Brasil sem cultura.
Vamos falar das soluções !Para se tornar juiz é preciso ser eleito obtendo uma maioria de cinquenta por cento dos votos dos eleitores na Comarca, sendo eleito, seu mandato deveria ser de 4 anos . Neste periodo, os eleitores avaliam sua performance, podem remove-lo por intermedio do “recall”. Os candidatos às vagas de magistrado devem preencher alguns requisitos: ter anos de prática anteriores (a definir) à sua eleição, além de ter no mínimo, Trinta e cinco anos de idade. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto ! ! Você é a favor da eleição de Juízes feita pela população?
É como dizia Juca Chaves a respeito da ” velha imprensa” que está calada, surda e conivente
” SE VOCÊ PAGAR ELES ATE PUBLICAM A VERDADE “
Excelente artigo. Alexandre, a palavra “democracia” está tão desgastada, mal usada, subvertida, que acho melhor que seja extinta da língua portuguesa no Brasil.. Não concorda comigo? Você é contra a democracia. Pisei no seu pé e você disse Ai. Você é contra a democracia. Daqui a pouco, juízes de futebol que não chamam o VAR em lances polêmicos serão acusados de ser contra a tal da democracia. País ridículo.
Esta foto da PGR simboliza Brasília. Um oásis, onde “privilegiados” tomam decisões que afetam a todos, sem contato com a realidade.
Brilhante como sempre mestre Alexandre Garcia! Devemos agradecer humildemente pela destruição da nossa Constituição de 1988 e de todas as leis do nosso lindo Brasil ao maior covarde RODRIGO PACHECO. Os brasileiros esperam que RODRIGO PACHECO pague por seu crime de cumplicidade e não cumprimento de seu DEVER.
Vc é mestre no jornalismo, parabéns. Me orgulho dê fazer parte da família oeste
Tchê. Acho que tenho uma parte da teoria conspiratória: os dez ministros tem medo de um ministro que é o que ameaça até eles.
é provavel, também creio que esse ‘ministro’ tem chefe superior…pcc