Lula corre o risco de virar um pária, ficando mal entre os países democráticos e sendo considerado traidor pelos amigos caribenhos. Para manter-se fiel aos objetivos do Foro de São Paulo, de apoio às forças esquerdistas da América Latina, Lula constrange o Itamaraty e o Brasil ao não acompanhar a reação de 11 governos democratas do continente que “rechaçaram categoricamente” a certificação, pelo Supremo venezuelano, de vitória de Maduro, com proibição de mostrar as atas do Conselho Nacional Eleitoral, “de forma inapelável”. Em outras palavras, num jogo em que Maduro perdeu, o juiz pegou a bola e decretou a vitória de Maduro, sem o direito de mostrar o VAR dos gols. A ONU, a União Europeia, a OEA e 11 países americanos protestaram contra a fraude explícita, mas o Brasil, não. Ficou mal.
Para Maduro, Lula também ficou mal, parecendo traição. Ortega, da Nicarágua, vocalizou o desagrado dele e de Maduro. Acusou Lula de “querer se converter em representante dos ianques”. Chamou Lula de bajulador dos Estados Unidos e até lembrou as condenações de Lula na Lava Jato. Ficou mal por todos os lados. Além disso, o PT, partido de Lula, reconheceu imediatamente a vitória de Maduro, antecipando-se até à certificação do Supremo de Maduro. Sem ficar ao lado das democracias, Lula também contrariou Maduro, Ortega e seu próprio PT, e está num impasse.
A Colômbia, onde estão 3 milhões de refugiados venezuelanos, e o Brasil ainda esperam convencer Maduro… a quê? Lula, apressado, havia afirmado que a eleição fora normal, que a oposição insatisfeita poderia recorrer à Justiça, e agora insiste na realização de outra eleição (até que Maduro ganhe?). Ante as evidências de fraude e a repressão nas ruas venezuelanas, ele tentou não ficar tão mal e admitiu que o regime de Maduro é “muito desagradável”. Reafirmou, com o presidente colombiano Gustavo Petro, que é preciso mostrar as atas, o que foi proibido pelo Supremo. O vencedor, Edmundo González, teria que se apresentar ao Ministério Público, supostamente para explicar a página da oposição que mostra os resultados em 82% das urnas. Para não ser preso, ele não vai. O MP considera que a oposição mostrar o que obteve na transparência da apuração parcial é uma usurpação de competência, alegando que só o Conselho Eleitoral (CNE) pode mostrar o resultado. Só que não mostra. Porque, se mostrasse, demonstraria que Maduro perdeu.
Lula e Fidel fundaram o Foro de São Paulo em 1990, no âmbito do PT. Na época, ainda faltavam dois anos para o tenente-coronel paraquedista Hugo Chávez buscar o poder por um golpe de Estado, em fevereiro de 1992. Foi condenado e preso. Popular, em fevereiro de 1999, Chávez foi eleito presidente. Em 2003, perguntei ao então ministro José Dirceu como lidar com Chávez, que já era conhecido por suas bravatas. Dirceu respondeu-me — não recordo as palavras exatas — que seria como lidar com um desequilibrado. Em dezembro de 2002, Lula, presidente eleito, ouviu de George W. Bush que os Estados Unidos não se meteriam na Venezuela, deixando com Lula a missão de lidar com Chávez. Lula está imbuído até hoje dessa tutela, estendida ao sucessor, Maduro.
Em 2008, Chávez criou com Lula, em Brasília, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Bolsonaro tirou o Brasil da Unasul e rompeu com o governo de Maduro, reconhecendo o de Juan Guaidó. Quando Lula assumiu seu terceiro mandato, pôs de volta o Brasil na Unasul e expulsou a embaixadora de Guaidó. Anunciou que ia reconstruir a Unasul. Algo a serviço do Foro de São Paulo. No início de seu atual governo, em Brasília, Lula tentou “vender” Maduro para os colegas sul-americanos na reunião da Unasul, o que irritou alguns, como o esquerdista Boric — que agora denuncia a fraude eleitoral na Venezuela.
A auditoria em tempo real, por leitura do QR Code, permitiu que a oposição e o Centro Carter, convidado pelo acordo de Barbados, acessassem o resultado. Agora o Supremo de lá proibiu mostrar, mas já é tarde
A situação parece impossível de ser solucionada. Lula foi longe demais como marqueteiro de Maduro e agora está diante desse impasse. Para nós, brasileiros, uma oportunidade para comparar o sistema eleitoral venezuelano com o nosso. Lembram de quando Maduro ironizou nosso sistema eleitoral, dizendo que “no Brasil nem um único boletim de urna é auditado”? Pois agora ele está pagando por isso. É “vítima” das suas urnas auditáveis. Não pode mostrar as atas, porque elas revelam que ele perdeu. A auditoria em tempo real, por leitura do QR Code, permitiu que a oposição e o Centro Carter, convidado pelo acordo de Barbados, acessassem o resultado. Agora o Supremo de lá proibiu mostrar, mas já é tarde.
Aqui no Brasil buscamos mais segurança na apuração depois do Caso Proconsult, que quase derrotou Brizola, no Rio. Por três vezes o Congresso aprovou o comprovante de voto digital. Projetos de Roberto Requião e Brizola Neto; de Flávio Dino e Brizola Neto; e de Jair Bolsonaro. Os dois primeiros sancionados por FHC e Lula, o terceiro vetado por Dilma, com veto derrubado por 71% do Congresso. Mas por três vezes o Supremo derrubou. E nós em breve teremos eleição. Lá na Venezuela, ficou provado que é impossível fraudar sem que se perceba. Aqui, paira a dúvida sobre os eleitores. Ironias da história: o PDT, por causa de Brizola, sempre desconfiou de apuração sem comprovante, mas foi o partido que entrou com a ação que tornou Bolsonaro inelegível. Alegou que ele levantou dúvidas sobre o processo de apuração, quando chamou ao Alvorada embaixadores estrangeiros.
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Não precisa nem de nenhum comprovante de eleição basta fazer eleição igual a da França
Alexandre, excelente análise (como sempre). A grande pergunta é: O que Maduro sabe de Lula? Lula não é um cara de tipo que “pisa em ovos”, aí tem coisa.
Delegar a eleição e apuração aos estados, tirando do controle central de Brasília, já é um bom começo de evolução.
Boa Alexandre, agregue seus velhos e jovens amigos jornalistas, juristas, militares, religiosos, cientistas criadores das urnas eletrônicas e TI, artistas, enfim brasileiros realmente democráticos e iniciem uma campanha para IMPLANTAR o VOTO IMPRESSO sem necessidade de Lei ou PEC, porque seguramente o STF derrubará, mas como determinação da sociedade no APRIMORAMENTO das URNAS ELETRÔNICAS com a única forma de serem AUDITADAS. Isto seguramente evitará novas farsas do 8 de Janeiro, e acalentará perdedores porque democraticamente reconhecerão os desejos da maioria dos eleitores. Por que o TSE/STF temem tanto o VOTO IMPRESSO?
As urnas eletrônicas brasileiras desenvolvidas em 1990 e similar a um vídeo game ATARI da mesma época é o único sistema eletrônico do mundo imune a fraudes segundo o Encarcerador Mor Alexandre de Moraes.
Tudo passa por atualização e as urnas eletrônicas são a única exceção por decisão da “justiça” eleitoral.
PRECISAMOS COLOCAR O QUE O CONGRESSO JÁ APROVOU – COMPROVANTE DE VOTO DIGITAL
JÁ APROVADO PELO CONGRESSO !!
TENHO PREOCUPAÇÕES !!!
SE NUM PAIS QUE RECHACOU AS NOSSAS URNAS ELETRONICAS ONDE EXISTEM VOTO ESCRITOS PARA CONFERENCIA – ISTO OCORREU !!!!
O QUE PODERA OCORRER ONDE SO TEM URNAS ELETRONICAS SEM COMPROVAÇÃO ESCRITA E OS ORGÃOS DA IMPRENSA NÃO PODE COMENTAR SOBRE AS ELEIÇÕES DE URNAS ELETRONICAS.
CONTO COM A NOVA MINISTRA NO TSE PARA CORREÇÃO !!!!