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Montagem: Revista Oeste/Marcelo Camargo/Agência Brasil
Edição 238

Nazipetismo

Somos um pária global, que rejeita empresas de judeus, mas sai em defesa de terroristas que querem varrer Israel do mapa

Rodrigo Constantino
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Há uma “eterna” discussão acadêmica de onde colocar o nazismo, na direita ou na esquerda. Por uma estratégia comunista, tudo aquilo que era seu adversário virava fascismo ou nazismo, e assim muita gente conclui automaticamente que, se nazistas disputavam o território com comunistas, então só poderiam ser de “direita”. Essa é uma tese que carece de embasamento, porém. 

Em minha opinião, o nacional-socialismo pode ser mais bem encaixado como uma ideologia totalitária de extrema esquerda. São várias evidências disso, como o fato de Hitler mesmo ter se dito alguém que iria superar o marxismo, fonte da qual bebeu intensamente, ou o de ter pregado a socialização do homem, o que tornaria supérfluo socializar os meios de produção. Seu programa de governo seria endossado quase integralmente por esquerdistas modernos, delegando ao Estado todo o poder. Aliás, o direito de propriedade continuava apenas de jure na Alemanha Nazista, tendo sido eliminado de facto, já que era o Estado que controlava tudo.

Apoiadores de Hitler reunidos na Ópera Kroll, em Berlim, em outubro de 1935 | Foto: Shutterstock

Mas entendo que alguns podem querer enxergar o nazismo como uma reação da classe média ao comunismo, no afã de resgatar um passado idealizado, valores perdidos e, principalmente, a ordem e o orgulho nacional, o que poderia colocá-lo mais à direita para quem confunde um saudável patriotismo conservador com um nacionalismo tosco. O problema, claro, é que o stalinismo também foi nacionalista.

E eis o maior perigo que vejo nesse debate: deixarem de lado as enormes semelhanças entre os experimentos comunista e nazista, como se fossem realmente antagônicos, ou pior, como se o nazismo e o fascismo estivessem mais próximos da direita, de Thatcher e Reagan, do que de Fidel Castro, Mao ou Pol Pot, que eram de extrema esquerda. E essa confusão prejudica muito o debate.

Afinal de contas, tudo vira nazismo na boca de esquerdistas radicais. Se você é conservador nos costumes, se respeita as tradições, se é patriota, se rejeita uma visão “progressista” de mundo, logo acaba rotulado de nazista, o que não faz o menor sentido. Na tática suja de comunistas, todos somos nazistas: menos aqueles que pregam abertamente a morte de judeus!

A esquerda levou tão longe essa inversão que acusa até Israel, pasmem!, de nazismo, o que é uma bizarrice sem tamanho, além de uma grave ofensa. Israel luta para se defender de neonazistas, de terroristas islâmicos que, naquelas décadas de 1930 e 1940, eram aliados de Hitler em sua “solução final”. Desde então, o nazismo alemão desapareceu com a derrota da guerra, mas os muçulmanos fundamentalistas que desejam “varrer Israel do mapa” continuam representando uma enorme ameaça aos judeus. E com o apoio da esquerda radical.

Hamas
Israel luta para se defender de neonazistas, de terroristas islâmicos que, naquelas décadas de 1930 e 1940, eram aliados de Hitler em sua “solução final” | Foto: Reprodução/@ShaykhSulaiman

Nesta semana tivemos um caso que ilustra com perfeição a postura nazista do governo petista brasileiro. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que o Palácio do Planalto estava interferindo nos negócios da pasta, principalmente na licitação para a compra de 36 blindados para a artilharia do Exército vencida por uma empresa israelense. Mesmo o próprio Tribunal de Contas da União (TCU) deu parecer favorável, mas barrada pela Presidência.

“Houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus, o povo de Israel. Mas, por questão da guerra, do Hamas, dos grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar”, disse Múcio em um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele não especificou qual licitação foi barrada, mas a negociação em andamento se refere à licitação de quase R$ 1 bilhão vencida pela Elbit Systems pelos critérios técnico e de menor preço à frente de concorrentes da França, China e Eslováquia.

Essa divergência não é de agora, e Celso Amorim, aquele que escreve prefácio de terrorista do Hamas, atuava nos bastidores para impedir a vitória israelense. Os “judeus” não podem mais vencer licitações do governo brasileiro, pelo visto. É discriminação étnica e religiosa, claro, vedada em nossas leis. Mas quem liga para isso, não é mesmo? 

É o ódio do bem, já que o amor venceu. Todos sabemos da capacidade tecnológica israelense, mas o governo Lula rejeita essa expertise por questões ideológicas, enquanto tenta aproximar o Brasil ainda mais da China, da Rússia e até do Irã, sem falar dos terroristas do Hamas e do Hezbollah. Lula colocou oficialmente nosso país no eixo do mal.

desaprovação ao governo lula - presidente luiz inácio lula da silva - governo Lula Israel Rafah
O governo Lula rejeita a tecnologia israelense por questões ideológicas, enquanto aproxima o Brasil de países como China, Rússia, Irã e grupos como Hamas e Hezbollah | Foto: Isaac Fontana/Shutterstock

Somos um pária global, que rejeita empresas de judeus, mas sai em defesa de terroristas que querem varrer Israel do mapa e eliminar judeus, tal como Hitler desejava. Como se sentem aqueles que fizeram o “L” para “salvar a democracia” diante de um quadro sombrio desses? O Brasil está nas mãos do nazipetismo, uma ideologia perversa, que protege os regimes mais nefastos do planeta enquanto demoniza tudo que presta, que é democrático e que resguarda as liberdades individuais. 

E vale notar que havia sinais no passado, que nada disso pode ser uma grande surpresa para os mais atentos. Lula sempre defendeu tiranos psicopatas como Fidel Castro e Mao Tsé-tung, além do carniceiro Che Guevara. Esses foram seus heróis. E, numa entrevista para a Playboy, o petista encontrou espaço para tecer elogios até mesmo ao genocida do bigodinho estranho: “O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer”. Sim, Hitler tentou mesmo fazer “algo” com muita determinação, e 6 milhões de judeus morreram no processo. Lula é menos ambicioso: só não quer o Brasil comprando nada de “judeus”. É a judeofobia dos nazipetistas, em pleno 2024!

Leia também “O legado de Barroso”

7 comentários
  1. Gui
    Gui

    Parabéns Constantino, ótima análise.

  2. Gui
    Gui

    Parabéns Constantino, ótima análise.

  3. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    A guerra civil antes de virarmos escravos (corrigindo)

  4. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    O Brasil não pensa feito esse analfabeto ladrão bandido comunista terrorista narcotraficante genocida desse Lula, nem o Brasil, nem a China nem a Rússia, nem a Nicarágua, nem a Venezuela, nem todas as nações do mundo. Os homens que se apoderaram do poder com o ego maior do que o lóbulo frontal, como a NOM e a ONU. Esperemos uma guerra civil antes à escravidão

  5. Vinicius Freitas
    Vinicius Freitas

    Na realidade, o método de ensino Paulo Freire não permite que os estudantes consigam fazer interpretação de texto. Daí a entenderm o que é nazismo, fascismo e comunismo é querer demais. Os PTralhas estão a 40 anos exterminando o ensino nas escolas, inclusive particulares. A nossa direita dormiu no ponto. Ao invés de correr na frente, estamos correndo atrás do prejuízo. Quem corre atrás, por si só, já é um perdedor.

  6. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Aqui nos comentários a gente também dança com a música do X e das outras redes sociais. Portanto, lembro a você que faz tempo que te enviei comentários dizendo que o Moraes e o Lula são nazistas+comunistas+fascistas, uma receita moderna da invasão terrorista da esquerda na Democracia.

  7. Suely Epsztein Grynberg
    Suely Epsztein Grynberg

    Assim como o Alasca e a Sibéria por pouco não se avizinham, a extrema esquerda e a extrema direita também se aproximam. Eu sempre vi que o nazismo tem personalidade muito mais à esquerda, assim como o fascismo.
    A esquerda brasileira é barata, amoral e sinceramente, eu não consigo entender que povo é esse que a defende e vota nela.

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