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Foto: Revista Oeste/IA
Edição 238

O alto preço da ideologia patológica

Em menos de 2 anos de mandato, Lula mandou às favas a eficiência administrativa do governo Bolsonaro e destruiu a economia do país

Adalberto Piotto
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Quanto custou ao Brasil a imposição da ideologia do lulopetismo à economia brasileira a partir de 2023, quando Lula tomou posse para um terceiro mandato? Se as escolas de economia e de ciências sociais ainda se detivessem em produzir ciência e pesquisa de verdade, saindo do debate partidário rasteiro que as contaminou, teríamos esse número e a mensuração de todo o retrocesso de mais um solavanco brasileiro produzido artificialmente por cabeças atrasadas. Não temos esse número com exatidão, mas podemos fazer um cálculo aqui entre nós. E a percepção final será muito próxima da realidade.

Comecemos com uma declaração recente do ministro da Defesa, José Múcio, um dos poucos comprometidos com os fatos e o país no atual governo por se distanciar do núcleo palaciano do rame-rame sem propósito que assola o país. Ao reclamar da interferência da ala ideológica do governo, a que pulsa mais forte no coração de Lula — um palanqueiro, e jamais administrador — para a compra de carros blindados para o Exército, Múcio deixou claro que resultado, eficiência, interesses do Estado e bem-estar da população não são prioridades deste governo. O caso concreto revela o descaso com a modernização rápida do Exército e com o dinheiro público.

José Múcio, ministro da Defesa | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A indústria israelense Elbit Systems venceu, em abril deste ano, a licitação para o fornecimento de 36 veículos blindados de disparos de grande alcance e precisão, os chamados obuseiros, num negócio de R$ 1 bilhão. O produto israelense — ou “judeu”, como disse Múcio — era melhor em preço e qualidade do que todos os concorrentes. De lá para cá, o negócio está emperrado porque Celso Amorim, assessor palaciano de Assuntos Internacionais de Lula que ofusca o Itamaraty, trava o negócio. No entendimento de Amorim, como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou Lula “persona non grata”, negócios com Israel não podem avançar mais. Não entra na conta de Amorim a sucessão de declarações desastrosas do chefe brasileiro que ofenderam o povo israelense atacado por terroristas em seu território e que assombram o mundo civilizado inteiro. Tampouco a desconexão do governo Lula com a história de equilíbrio da antes respeitada diplomacia brasileira, além dos laços históricos de amizade entre os dois países. Para o atual governo, a vaidade ideológica de Lula e de seu entorno é mais importante do que decisões técnicas do Ministério da Defesa e das Forças Armadas, que vivem sob um dos piores momentos de sucateamento de seus equipamentos militares, o que compromete a defesa do território nacional. Por ideologia, quando Israel é parte do negócio, o governo Lula faz do interesse público brasileiro uma ideia non grata.

A indústria israelense Elbit Systems venceu, em abril deste ano, a licitação para o fornecimento de 36 veículos blindados de disparos de grande alcance e precisão, os chamados obuseiros, num negócio de R$ 1 bilhão | Foto: Reprodução/Elbit Systems

Voltemos um pouco mais no tempo. No afã de ter muito dinheiro para gastar e impor o perdularismo genético e maléfico do PT que deforma a vida brasileira, Lula negociou uma emenda fura-teto de R$ 197 bilhões para seu primeiro ano de mandato, ainda na transição. Um Congresso vendido pela promessa de emendas do partido que criou o Mensalão e acovardado em defender o legado que ajudara a construir deu a Lula autorização para gastar, um salvo-conduto para a irresponsabilidade fiscal sem receio de o presidente sofrer um processo de impeachment

Qual é o sentido da nova leva de irresponsabilidade fiscal petista se o governo de Bolsonaro havia entregado o país com um superávit fiscal acima de R$ 54 bilhões no final de mandato, apesar da pandemia e da guerra na Ucrânia? Surpreendendo o mundo com uma recuperação mais rápida e bem-sucedida, o Brasil encerrava o ano de 2022 com crescimento de 2,9% do PIB, alta nos investimentos externos e melhora do ambiente socioeconômico, mesmo se impondo uma rígida disciplina fiscal e respeito à coisa pública.

Tínhamos a receita sustentável de fazer o bolo crescer e dividi-lo, mas Lula veio com a ideologia ultrapassada de sempre e jogou tudo fora no tal governo de “reconstrução” que só faz acumular déficits e ideias ruins que pioram a vida brasileira.

Logo no início de seu primeiro ano, picuinhas presidenciais de animador de palanque sindical atrasaram a queda da taxa básica de juros. De março de 2021 a agosto de 2022, o Comitê de Política Monetária do Banco Central havia elevado a taxa Selic por 15 vezes consecutivas para combater a ameaça inflacionária que assombrava o planeta. Apesar disso, a lógica de política liberal de atração de investimentos, menos burocracia e austeridade fiscal do então ministro da Economia, Paulo Guedes, tiraria o país dos efeitos de uma pandemia global e de uma guerra em outro hemisfério. O país viria a crescer em 2021 e 2022, mesmo com juros que atingiram o astronômico patamar de 13,75% ao ano. 

Lula ignorou a eficiência administrativa da gestão anterior, partiu para a explosão fiscal e, de forma grosseira e sem nenhum respeito à liturgia do cargo, começou a atacar Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. O incômodo de Lula era a impossibilidade de interferência política no banco que manteve as decisões técnicas para cumprimento da meta de inflação ancorado na emenda constitucional que lhe garantiu autonomia de ação. Autonomia esta que o governo Bolsonaro trabalhou para ver aprovada no Congresso. Restou ao ocupante do Palácio do Planalto o insano barulho ideológico e o afrouxamento fiscal de seu governo que só conseguiram provocar atrasos na queda da Selic. Pior, diminuíram os investimentos externos, reduziram a confiança no país e criaram um clima de confronto institucional completamente ultrapassado e desnecessário. Como o governo insistiu na gastança, colecionando déficits mensais, o Banco Central teve de voltar a subir os juros.

Na última semana, o Senado aprovou a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, a partir de janeiro. Na sabatina do Senado, Galípolo, que tem defendido a postura técnica da instituição nas votações que têm sido unânimes, disse que tem boa relação com Lula e com Roberto Campos Neto. Se mantiver a política de controle inflacionário da atual gestão, como se espera, ou vai arranjar briga com o presidente da República ou vamos descobrir que o Lula falastrão e deselegante só fez atrasar o país. Mais uma vez.

Na última semana, o Senado aprovou a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, a partir de janeiro | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

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9 comentários
  1. Rosalia Alvim Saraiva
    Rosalia Alvim Saraiva

    Ótimo artigo! Parabéns!

  2. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    Por situações análogas ao ocorrido com José em empresas que trabalhei, minha decisão foi me demitir.
    Mucio deveria tomar a mesma decisão. Se não concordo, porque devo fazer parte de uma administração totalmente desastrosa.

  3. Clesio Wagner de Araújo
    Clesio Wagner de Araújo

    Sua benção Pioto…..só espero não chegar ao fim….obrigado

  4. Clesio Wagner de Araújo
    Clesio Wagner de Araújo

    Sua benção Pioto…..só espero não chegar ao fim….obrigado

  5. Valesca Frois Nassif
    Valesca Frois Nassif

    Excelente análise, Piotto.

  6. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    José Múcio fala como se não fosse integrante da quadrilha. Tem a mesma culpa dos cabeças.

  7. Silas
    Silas

    É bom ler matérias com honestidade intelectual. 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

  8. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Esse Zé Múcio não vale merda e o Celso Amorim é pior do que rapariga de pé de escada

  9. MNJM
    MNJM

    Piotto como sempre muito preciso em suas análises. Esse governo é um desastre em todos os sentidos.

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