— Festinha boa, né?
— Não é festa.
— Não? É o quê?
— Reunião.
— Ah, tá. Delícia de reunião, né?
— Vamos decidir coisas importantes aqui.
— Com certeza! Eu mesmo já tomei uma decisão muito importante.
— Qual?
— Adiei a dieta. Seria um crime fechar a boca aqui.
— Estou falando de outro tipo de decisão.
— Eu sei. E também já tomei outro tipo de decisão importante.
— Qual?
— Vou parar de beber só amanhã. Não vou desperdiçar um vinho desses, né?
— Vamos decidir aqui coisas importantes para o país.
— Que bom! Eu apoio.
— Apoia o quê? Ainda nem falamos qual causa vamos abraçar.
— Mas eu quero abraçar. Quero abraçar muito. E beijar também, se der.
— Vai com calma.
— Calma, nada. Meu idealismo não tem limite.
— Precisamos unir nossas forças para defender os indefesos.
— Tô dentro.
— Tá dentro de quê?
— Por enquanto, da festinha. Quer dizer, da reunião. Cara… Esse salmão foi pescado agora, hein?
— Vamos focar.
— Claro! Quem não focar um salmão desses não tem alma. Garçom! Cuidado que o meu copo tá quase vazio, hein? [risos]
— Vamos focar a proteção do meio ambiente.
— Genial. O ambiente tá ótimo, mas sempre pode melhorar.
— O homem não pode se achar mais importante que a natureza.
— Aí você falou tudo. Nem o homem, nem a mulher. Aquela ali tá casada?
— O meio ambiente equilibrado é fundamental para as populações carentes.
— Meu conselho pra quem tá carente: vem numa festinha dessas. Quer dizer: numa reunião dessas. A carência passa na hora.
— Aqui é um ambiente seleto, pra poucos. O importante são as decisões que vamos tomar aqui.
— Tem toda razão. Encher esse salão maravilhoso de gente carente ia destruir o meio ambiente.
— Precisamos de ações estratégicas.
— É isso! Salve a Amazônia!
— Amazônia, não.
— Por quê? Não somos mais contra as queimadas?
— Somos. Mas neste momento tem causa mais urgente.
— Qual?
— As baleias.
— Isso é verdade. A gordofobia chegou a um ponto insuportável.
— Estou falando das baleias que vivem no mar.
— Ah, tá. Elas também sofrem um preconceito terrível. Garçom! Não me esquece, não, seu bandido… Mas continua. A gente tava falando de quê mesmo?
— Das baleias.
— Isso! Ozempic para todos!
— Não é por aí. Nós somos contra o arpão.
— Apoiado! Esse negócio de arpão não tem nada a ver mesmo, não. Pode encher, garçom.
— Então vamos lançar um manifesto em defesa das baleias.
— Sensacional. Como seria o manifesto?
— Depois te explico, agora tô com a boca seca. Garçom, enche o meu também.
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Sempre com excelentes comentários!
Grande Fiúza!
Saudade de teus comentários, na Oeste…, competentes e sempre com tua ironia sútil.
… na Oeste Sem Filtro… ironia sutil.
Fiuza, esse domina como poucos a arte de transmitir coisas sérias com ironia e bom humor. Um mestre da palavra.
Essa reunião deve ter sido a de Roma patrocinada pelos irmãos Wesley e Joesley Batista para entre outros os ministros do STF. Essa conversa deve ter sido entre o Toffoli e o Barroso do perdeu Mané e nós derrotamos o Bolsonarismo. É o tragicômico vivenciado pelo povo brasileiro. Parabéns Fiuza
Sensacional, o texto demonstra dois tipos de pessoas, uma focada em banalidades e outra extremamente focada em sacanagens, porém as duas estão ao mesmo tempo focadas “nas pessoas”, seja para banalidades ou para sacanagens.
A namoradeira de carcereiro, Janja, adora essas reuniões.
Discutir o problema da fome mundial em Nova Iorque. Por que não no foco do problema, na África? Porque não tem o glamour…
Uma urtiga na barriga da turminha do cinismo ambientalista, do politicamente correto, dos salvadores do planeta, sugadores do cofre público, salvadores da “democracia”. Dá para entender que o conceito de RECIVILIZAR daquele ministro que preside as togas, consiste nas ‘reuniões’, digo jantares regados a bons vinhos. O “recivilizar” significa a conquista das delícias do poder, dos privilégios sem fim, do autoritarismo e da supremacia sobre o povo brasileiro submisso a uma profunda anemia parasitária de impostos, que financia as “reuniões políticas” com a pauta de iguarias.
A canalhice dessa gente não tem limites. O Fiuza retratou muito bem os bastidores dessas “reuniões”, que não servem para nada além da combinação dos conchavos e das maracutaias.
Sensacional Fiuza. A hipocrisia dessa gente não tem limites.
hahahahahá sensacional Fiuza !!
o meio ambiente tá carente, salve as baleias !
e enche minha taça garçom !!
kkkk, protótipo de conversa em reunião de ONGs
Fiuza o chargista literário
Gostei do termo “chargista literário” em um país que não tem o costume da leitura, pasquim neles !
reuniões (ou festas) neste governo de merda deve ser assim mesmo.
estão todos focados para o “não tô nem ai” para os verdadeiros problemas. GARÇON…. pra mim também.
… ótimo Fiuza.