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Foto: Revista Oeste/IA
Edição 240

Na Austrália a Selic já está em 13,5%

FMI alerta para a alta da dívida pública brasileira e deixa o mercado ainda mais pessimista

Carlo Cauti
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O mercado já está precificando que o Banco Central será obrigado a subir novamente os juros no ano que vem, chegando a 13,5% no final de outubro. As curvas de juros futuros mostram que as altas devem ocorrer no primeiro semestre e em setembro de 2025.

As palavras duras do diretor do BC Paulo Picchetti, que afirmou que há “razões claras” para começar um ciclo de alta dos juros no Brasil, também contribuíram para esse resultado.

“O mercado está preocupado com a inflação que poderia chegar e com a crise fiscal que já está precificada”, disse a Oeste um analista de mercado que preferiu ficar anônimo.

FMI tocou o alerta

A alta dos juros futuros chegou poucas horas depois de o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) lançar um alerta sobre a alta da dívida pública brasileira.

Segundo a entidade, o endividamento vai chegar a 94,7% do produto interno bruto (PIB) em 2026. Mais de 10 pontos porcentuais além do nível deixado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse não acreditar no cenário desenhado pelo FMI. O mercado teve opinião contrária.

O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) lança alerta sobre a alta da dívida pública brasileira | Foto: Revista Oeste/IA

Esteves preocupado

O chairman do BTG Pactual, André Esteves, explicou que o mercado está mais pessimista com o Brasil.

Segundo o banqueiro, a principal dúvida é sobre a sustentabilidade da trajetória fiscal do país. O que explica a trajetória do real, que está se desvalorizando mesmo com os juros em alta.

“Temos um passado de falta de disciplina fiscal”, disse. Mas, segundo ele, “a boa notícia é que o fiscal está sendo discutido todo dia. Para resolver um problema, primeiro é preciso identificar o problema”.

Campos Neto tenta tranquilizar

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tentou amenizar a situação, dizendo que está tudo sob controle.

Em entrevista coletiva em Washington, Campos Neto declarou que “os preços nos mercados estão exagerados” e que o “Brasil está bem melhor que a média na produção de resultado primário”.

Lula afirmou que não tem problemas pessoais com Roberto Campos Neto | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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Um café com o rating

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com representantes da agência de classificação de risco S&P Global Ratings, em Washington.

O encontro teria sido solicitado pela agência para passar informações sobre os cenários de médio e longo prazo do Brasil.

No final de setembro, poucos dias após outro encontro de Haddad e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com uma agência de classificação de risco americana, a Moody’s, a nota de crédito do Brasil foi elevada.

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Empresas brasileiras começam a se municionar

As empresas brasileiras estão tentando recolher o máximo possível de recursos do mercado para se preparar para tempos complicados.

Segundo os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), somente de janeiro a setembro as empresas captaram quase R$ 542 bilhões. Um valor recorde para o período e 15,9% acima de todo o ano de 2023.

A maior parte desse valor (R$ 480,7 bilhões) foi de papéis de renda fixa, dos quais o principal destaque são as debêntures.

As empresas brasileiras estão tentando recolher o máximo possível de recursos do mercado | Foto: Shutterstock

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Hypera disse não

A proposta de fusão apresentada pela EMS à Hypera foi recusada por unanimidade pelo conselho de administração da farmacêutica. O fundador da companhia, João Alves de Queiroz Filho, teria considerado a oferta “absolutamente hostil”.

A decisão foi tomada depois da análise do portfólio de produtos da EMS, substancialmente focado em medicamentos genéricos, o que não está alinhado com os segmentos que a Hypera avalia como estratégicos.

Além disso, as duas companhias têm cultura organizacional e práticas de governança corporativa absolutamente distintas. Sem contar que, para a Hypera, a avaliação apresentada na proposta subestimaria significativamente o valor da empresa.

Todavia, o dono da EMS, Carlos Sanchez, já deixou claro que não vai desistir do negócio.

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Alianças estratégicas para a B3

A B3 e o grupo canadense TMX, operador das bolsas de valores Toronto Stock Exchange (TSX) e TSX Venture Exchange (TSXV), anunciaram um projeto conjunto com foco na dupla listagem de projetos de exploração de minerais críticos e de energia renovável.

Segundo o presidente do TMX Group, Loui Anastasopoulos, existem na América Latina mais de 400 companhias com projetos de mineração e energia identificados, sendo 270 deles em minerais críticos.

O objetivo é fornecer recursos para projetos no Brasil que necessitem de capital intensivo, ao qual poderão obter acesso mediante uma plataforma conjunta com a B3.

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Gringos às compras

A Wilson Sons, um dos maiores grupos de logística do Brasil, foi vendida para a Shipping Agencies Services (SAS), uma subsidiária do grupo MSC, gigante global dos transportes marítimos sediado na Suíça.

A Wilson Sons controla terminais de contêineres na Bahia e no Rio Grande no Sul, 80 rebocadores, 23 embarcações de apoio offshore, duas bases de apoio offshore na Baía de Guanabara (RJ), um centro logístico alfandegado em Santo André (SP), dois estaleiros no Guarujá (SP), além de serviços de logística internacional para mais de 70 países e uma das maiores agências marítimas independentes do Brasil.

A empresa estrangeira pagará R$ 4,3 bilhões pelo equivalente a 56,47% do capital da brasileira.

A operação deverá ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

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Mercado Livre de olho na Linx

O Mercado Livre estaria avaliando a compra da Linx, empresa de software do grupo Stone.

O Mercado Pago, braço digital do gigante do varejo argentino, lançou um software de gestão para PMEs focado no gerenciamento de vendas e de estoque em lojas físicas e on-line.

O prazo para o envio de propostas não vinculantes termina no final deste mês.

O Mercado Livre terá que competir com outros players internacionais que também têm interesse na Linx, como GIC, Advent e Constellation.

Mercado Livre estaria avaliando a compra da Linx, empresa de software do grupo Stone | Foto: Shutterstock

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Latam otimista com América Latina

A Latam está otimista com o futuro e de olho na América Latina.

A aérea realizou um evento para investidores em Nova York para celebrar a relistagem na Bolsa de Valores americana, da qual havia saído durante seu processo de recuperação judicial (Chapter 11).

Na ocasião, o CEO global da Latam, Roberto Alvo, afirmou que vê uma janela para ampliar as operações na região. “Agora posso tirar proveito das decisões que tomamos no passado e temos oportunidade de crescer. Temos o balanço para isso”, declarou o presidente.

No Brasil, a Latam passou de uma participação de 34% em 2019 para 40% no segundo trimestre de 2024.

Um avião da Latam em pleno voo, com nuvens ao redor. A aeronave é branca
A Latam está otimista com o futuro e de olho na América Latina | Foto: Reprodução/Redes Sociais

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Mercado otimista com a Sabesp

O mercado está otimista com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No último ano, as ações da empresa valorizaram cerca de 50%. E desde a privatização, ocorrida em junho, a alta dos papéis acelerou.

O novo diretor financeiro da companhia, Daniel Szlak, se reuniu com analistas e apresentou ao mercado os principais objetivos e estratégias para os próximos anos, reforçando a percepção positiva dos analistas sobre a Sabesp.

Leia também “Lula promete respeitar o arcabouço fiscal, mas gringos não acreditam”

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