Donald Trump foi ridicularizado por toda a elite democrata, tratado como nazista pela velha imprensa, alvo de impeachment sem fundamento e indiciamento politizado, e não obstante teve uma vitória emblemática que garantiu o controle das duas Casas do Congresso para o Partido Republicano. Agora Trump está na fase de montar sua equipe, e o que temos até aqui é música para os liberais clássicos e conservadores.
Cumprindo suas promessas de campanha, Trump tem apontado gente preparada e alinhada ao seu projeto de governo. Na política externa, será uma turma bastante linha-dura, com a premissa de que a paz só é possível pela força, ou seja, o xerife do mundo livre voltará a falar grosso para que os inimigos do Ocidente falem mais manso. A dissuasão pela ameaça crível de uso do maior aparato bélico do planeta será a estratégia utilizada, e os nomes indicados comprovam isso.
A América Latina ganha destaque com a indicação do senador Marco Rubio como secretário de Estado, um cargo da maior importância. Rubio, da Flórida, concentra boa parte de suas críticas aos regimes ditatoriais do continente, como Cuba, Venezuela e Nicarágua, e andou criticando bastante Lula e Alexandre de Moraes. Rubio não quer conversa com tiranos ou terroristas: quer impor ordem por meio do poder americano.
Para auxiliar essa nova postura firme, os Estados Unidos terão Elise Stefanik como embaixadora na ONU. Sem tanta experiência diplomática, a congressista tem clareza moral de sobra, e é isso que anda faltando na ONU. Stefanik é uma defensora aguerrida de Israel e foi quem apertou a reitora de Harvard numa comissão no Congresso após atos de judeofobia no campus, o que acabou levando à sua demissão do cargo.
Mike Huckabee fará coro nessa luta como embaixador em Israel, escolha que foi muito festejada por ninguém menos do que Benjamin Netanyahu. Israel sabe que os Estados Unidos sob Trump voltarão a ser aliados fiéis e de primeira ordem, para desespero dos seus inimigos, em particular o regime dos aiatolás xiitas do Irã.
Para secretário de Defesa, Trump convidou Pete Hegseth, que serviu na Guarda Nacional e esteve no Afeganistão e no Iraque, recebendo duas medalhas de bronze. A esquerda democrata foca o fato de ele ser apresentador na Fox News, mas sua formação acadêmica inclui Harvard. Trump quer acabar com a palhaçada woke nas forças armadas, e Pete é a pessoa certa para essa missão.
Como secretária de Segurança Doméstica, a governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, será encarregada de endurecer as políticas nas fronteiras, entre outras coisas. Contará com o “pitbull” Tom Roman como “czar das fronteiras”, alguém insensível ao sensacionalismo democrata e que terá autonomia para inclusive deportar os imigrantes ilegais do país. É o resgate do império das leis.
Para diretora da Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, a militar democrata que abandonou seu partido por causa do radicalismo esquerdista, poderá usar sua experiência de veterana com duas passagens pelo Oriente Médio para alimentar o presidente com informações preciosas sobre a segurança nacional. John Ratcliffe, como diretor da CIA, trará sua vasta experiência e lealdade para o governo Trump.
O principal conselheiro de Segurança Nacional será Mike Waltz, um veterano do Exército que foi o primeiro Boina Verde eleito para o Congresso, e mais um da Flórida. Waltz foi um duro crítico da saída atabalhoada dos militares americanos do Afeganistão durante o governo Biden.
Como procurador-geral e AGU, cargos que se misturam nos Estados Unidos, Trump indicou Matt Gaetz, também da Flórida e com seu conhecido estilo “bombástico”, ou seja, sem freios politicamente corretos. Gaetz é fiel a Trump e já foi alvo de investigações pelo que chama de Estado aparelhado, e quer justamente combater essa instrumentalização da Justiça pelos democratas.
A Agência de Proteção Ambiental terá Lee Zeldin à frente, um republicano leal a Trump e que pretende cumprir sua tarefa de reduzir as regulações do setor e permitir, assim, o retorno de investimentos produtivos sem a paranoia alarmista dos militantes.
Coordenando tudo isso, Trump colocou Susie Wiles como chefe de gabinete, a primeira mulher a ocupar o cargo. Respeitada como brilhante estrategista na campanha, Susie tem moral para delegar e cobrar dos secretários (ministros) aquilo que foi incumbência dada pelo presidente.
E last but not least, como dizem os americanos, ninguém menos do que Elon Musk terá a missão de tocar o Departamento de Eficiência do Governo, ao lado de Vivek Ramaswamy. Dois empreendedores extremamente bem-sucedidos receberam de Trump a função de combater a burocracia encastelada no Estado, o famoso deep state. Trump comparou esse trabalho com o Projeto Manhattan, que deu a bomba atômica aos americanos — e a grande vantagem bélica na época. Em busca de maior transparência da coisa pública e de cortes nos enormes desperdícios estatais, não resta dúvida de que muitos servidores públicos serão exonerados e a eficiência aumentará.
Bill Ackman, investidor bilionário que apoiou Trump, comentou: “A confiança empresarial é uma profecia autorrealizável. Os líderes empresariais estão cada vez mais confiantes no país e na economia. Isso significa que farão mais investimentos no nosso futuro, o que impulsionará a economia e o mercado de ações, reduzindo o custo do capital e reforçando ainda mais a confiança, catalisando mais investimento e mais crescimento num círculo virtuoso e autorreforçado”.
Em suma, a gestão Trump poderá ser marcada pela volta da meritocracia ao país mais capitalista do planeta, o fim da palhaçada woke que tanto estrago tem causado nos negócios e no tecido social, e a relativa paz mundial obtida pela força americana e pela expansão da produção de petróleo. Podemos estar falando de uma nova Era Reagan de prosperidade. Trump, com esse “dream team” que está montando, tem tudo para deixar como legado uma América efetivamente grande novamente.
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