O termo “primeira-dama” surgiu nos Estados Unidos em 1789 e se refere à mulher do presidente da República. Nos EUA, a primeira-dama é vista como uma figura institucional, com responsabilidades e regras a seguir. Ela é considerada um símbolo de caridade e elegância, que serve como exemplo inspirador para outras mulheres.
O Brasil adotou o título de primeira-dama em 1889, com Mariana, a mulher de Deodoro da Fonseca. Embora a Constituição não preveja um cargo, e por isso não haja salário ou funções oficiais, as primeiras-damas geralmente atuam como anfitriãs das residências oficiais e se envolvem em causas sociais.
Várias primeiras-damas da história brasileira se destacaram em alguma das qualidades exigidas pelo padrão republicano para a ocupante da posição. Sarah Kubitschek, Maria Thereza Goulart e Marcela Temer são lembradas por seu estilo e elegância, sendo frequentemente comparadas a outras mulheres que ditavam as tendências de moda de suas épocas.
Darcy Vargas, Ruth Cardoso e Michelle Bolsonaro são reconhecidas pelo trabalho em causas sociais. Entre 1942 e 1995, a primeira-dama coordenava a Legião Brasileira de Assistência, que promovia ações nas áreas de alfabetização e combate à fome. Entre 2019 e 2023, décadas depois da extinção do órgão, Michelle liderou iniciativas como Pátria Voluntária, Brasil Acolhedor e Projeto Sinais.
O comportamento da primeira-dama, em especial, era visto como crucial pelas próprias detentoras do título. Em uma entrevista ao jornal O Globo em 1972, Sarah Kubitschek afirmou: “A mulher de um presidente vive num aquário, exposta a tudo. É preciso que ela tenha uma contenção de palavras e gestos. Se for negligente, pode criar problemas”.
Comparada às outras mulheres de presidentes, Janja Lula da Silva é uma espécie de “antiprimeira-dama”. Além da notória falta de elegância e de não encabeçar nenhum tipo de programa social relevante, sua extensa lista de gafes chegou a um tamanho “nunca antes visto na história deste país”. Especialmente depois da performance num evento paralelo ao G20, realizado no último fim de semana.
Primeiro, falou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, era um “grande parceiro nessa questão das fake news”. Um juiz não pode por definição ser parceiro de um dos poderes da República. Depois, chamou o suicida de Brasília de “bestão que se matou com fogos de artifício”.
E numa espécie de “strike final”, mandou o empresário Elon Musk “se f*der”. Depois de abaixar-se durante um discurso em razão de um possível ruído no ambiente, interrompeu sua fala para dizer: “Acho que é o Elon Musk. Não tenho medo de você. Inclusive, fuck you, Elon Musk.”
Diplomacia padrão Janja
Não foi a primeira vez que Janja atacou o empresário. Em dezembro de 2023, depois de ter sua conta no Twitter/X hackeada, a primeira-dama afirmou, durante um programa com Lula, que o empresário tinha ficado “muito mais milionário” depois do ocorrido.
Desta vez, a gravidade da declaração é muito maior. Elon Musk fará parte da equipe de Donald Trump a partir de janeiro de 2025. Ou seja, Janja ofendeu um futuro integrante do governo americano.
"Por uma hora e meia, o seu Elon Musk fico muito mais milionário com aquele ataque", diz @JanjaLula durante live ao lado de @LulaOficial. https://t.co/pHTaqNG6Bh pic.twitter.com/twgivRU7GX
— O Antagonista (@o_antagonista) December 19, 2023
Uma apuração do jornal O Globo revelou que diplomatas do Itamaraty estão preocupados com os desdobramentos dessas ofensas, especialmente porque o governo tem buscado estratégias para aproximar os dois países. O constrangimento foi visível. Pouco depois, também no G20 Social, Lula afirmou que “não é necessário xingar ninguém”, referindo-se ao incidente de forma indireta.
A diplomacia de Janja varia conforme os países: ela se envolve em problemas com nações que já foram aliadas do Brasil, mas também tenta agradar aquelas com relações econômicas ou diplomáticas menos relevantes. No começo do ano, por exemplo, quando Lula causou uma crise diplomática com Israel ao comparar as ações do país contra o Hamas na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista, Janja saiu em defesa do marido ao dizer que a crítica de Lula era direcionada ao “governo genocida de Israel [sic]”, e não ao povo judeu.
Em setembro, a primeira-dama viajou ao Catar para se encontrar com Moza bint Nasser, uma das mulheres do sheik Hamad bin Khalifa, e participou de um painel sobre educação em Doha. Deslumbrada, elogiou o “trabalho de acolhimento” da sheika e não deu um pio sobre a ausência de figuras femininas na gestão. Muito menos mencionou as leis restritivas às mulheres no país.
No Catar, as mulheres não podem dirigir, trabalhar em órgãos públicos nem viajar (para menores de 25 anos) sem a aprovação de um tutor homem (pai, marido ou avô). Além disso, há um código de vestimenta rigoroso. Segundo o Relatório da Anistia Internacional, as mulheres são discriminadas e não têm proteção legal contra a violência doméstica.
Sucessora do dilmês
Na lista de gafes, os erros de português ocupam um lugar de destaque. Em 21 de setembro, durante um evento na Universidade Columbia, em Nova York, Janja disse que o Brasil tinha “abrido o caminho” para o combate à fome. Oito dias depois, em Nova York, avisou que estava fazendo um importante chamado aos “cidadões globais”.
Em 13 de novembro, numa entrevista à CNN depois de uma falha técnica ocorrida no avião oficial conhecido como aerolula durante uma viagem no México, Janja avisou primeiro que era “meia” cismada. Depois, disse que seria “inresponsável” colocar o presidente num avião com tantos “ploblemas”.
Janja diz que pane no Aerolula é “irresponsabilidade:
— Revista Point Carré (@PointCarreRev) November 14, 2024
Em entrevista na CNN (13.11.24), Janja critica falhas no Aerolula, afirmando que é “irresponsabilidade com a vida do presidente da República” colocá-lo em uma aeronave com tantos problemas. pic.twitter.com/xOe4rkZgSf
Vida de socialite
Dias depois dessa entrevista, Janja declarou que não possui um gabinete formal no Palácio do Planalto por causa do “machismo”. Também se queixou de ter que pagar pelo envio de documentos e pelas roupas que usa. Como mostrou a Edição 222 da Revista Oeste, o guarda-roupa da primeira-dama é repleto de itens de luxo.
Em janeiro de 2023, uma semana depois da posse de Lula, Janja recebeu uma equipe de reportagem da TV Globo no Palácio da Alvorada para denunciar uma suposta negligência do governo Bolsonaro com a residência presidencial. A primeira-dama acusou o casal de furtar alguns móveis. Sob essa alegação, Janja decidiu mobiliar todo o Alvorada.
No total, a extravagância da primeira-dama custou quase R$ 30 milhões aos pagadores de impostos. Nas compras destacam-se persianas e cortinas de R$ 202 mil, um enxoval completo de R$ 131 mil e um tapete de R$ 114 mil. Um ano depois das acusações de Janja, os itens que supostamente haviam sido furtados por Bolsonaro foram encontrados em uma sala do Palácio da Alvorada.
Além de ser uma apreciadora de itens de luxo, Janja também gosta muito de viajar. Para se ter ideia, a primeira-dama esteve fora do Brasil 16 dias a mais do que Lula. Suas duas últimas viagens sem o marido, para o Catar e Paris, custaram cerca de R$ 280 mil e R$ 240 mil, respectivamente. Tudo financiado com dinheiro público.
Mais gafes
No começo de novembro, durante uma visita à galeria de fotos do Palácio da Alvorada, Janja afirmou que há presidentes que “não deveriam estar” na exposição. O comentário foi feito quando ela viu a foto de Ranieri Mazzilli, que governou o país por dois curtos e importantes períodos: entre 25 de agosto e 7 de setembro de 1961, durante a crise política desencadeada pela renúncia de Jânio Quadros, e entre 2 e 25 de abril, depois da ruptura política de 1964.
“Do dia 2 ao dia 15, gente, ele não merece estar aqui”, palpitou. “Ah, tem vários que não merecem.” Ao olhar para a câmera, Janja deu um risinho e colocou uma das mãos na boca.
Também ao estilo Dilma Rousseff, que costumava dar pitos durante discursos e entrevistas, começando a bronca sempre com um “minha querida”, Janja se irritou com o termo “Janjapalooza”, usado por uma mulher na plateia. “Não, filha”, ironizou. “É Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Vamos ver se consegue entender a mensagem.”
O “Janjapalooza”, realizado entre 14 e 16 de novembro no Rio de Janeiro, contou com a participação de 29 artistas e teve um custo de pelo menos R$ 33,5 milhões aos cofres públicos. Cada artista recebeu um “cachê simbólico” de R$ 30 mil.
Quebra de protocolo
As quebras de protocolo também fazem parte do repertório de gafes da primeira-dama. Além de “representar” Lula em várias agendas oficiais, um papel que deveria ser do vice-presidente Geraldo Alckmin, Janja tomou iniciativas em gestos reservados a chefes de Estado e a outras autoridades.
Em agosto, durante a posse de novos juízes federais no TRF-3, em São Paulo, Janja afirmou que o ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, fazia parte do STF. Também se referiu ao STJ como “Supremo Tribunal de Justiça”.
Na cerimônia, quebrou o protocolo ao entregar pessoalmente o diploma e o colar à juíza Gabriela Shizue Soares de Araujo, madrinha de seu casamento com Lula e mulher do deputado Emídio de Souza (PT-SP), amigo do presidente. Normalmente, esse papel cabe ao presidente do tribunal.
O último incidente ocorreu no G20, quando Janja correu para cumprimentar Macron com beijos no rosto e tentou sair na foto oficial. Em registros compartilhados nas redes sociais, Lula parece incomodado com a postura da mulher.
Nesta semana, voltou a circular nas redes um vídeo da campanha de 2022, em que Lula a manda “se acalmar”. Naquela época, Janja já começava a encarnar a antiprimeira-dama que se tornou.
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Queria saber quanto o janjapalooza arrecadou contra a fome, já que “investiu” 30 milhões….
Jangisse. Atributo de quem fala palavrões, é deselegante, se mete onde não é chamado.
Sobre Janja, fico a definição apresentada pelo próprio filho do descondenado.
Uma piriguete inconsequente e perigosa.
Excelente texto. A Janja é o retrato da decadência do país .
Deslumbrada, sem classe, sem carisma e falta de bons modos. Em suas entrevistas arrasa com a língua portuguesa. UM VEXAME
O Lula é o bandido da luz vermelha, o STF 11 urubus numa carcaça e Janja uma hiena. Isso é só uma representatividade. Me perdoe os urubus e as hienas
É impossível cobrar qualquer coisa boa dum governo desse. O mundo todo sabe que é um governo de bandidos uns fora da lei
Ótimo artigo !
É uma vagabunda. Que passou a vida procurando, e achou agora, uma maneira de viver luxando com o dinheiro dos outros.
Continua a comportar-se como a rameira que sempre foi, desde os tempos em que se esfregava com empresários amigos que a apresentaram ao “primeiro corno”, já nos tempos em que a Marisa leticia ainda era viva.
Imaginem se essa marmita de presidiário um dia fosse presidente. Deus que nos livre e guarde.
Ele “come” na mão dela e gosta!! Ela é especialista em sedução e deve saber de caaada coisa que nossa imaginação nem sonha!!!
Essa mulher é um pé no saco , em todos os sentidos , porém ela e o marido se merecem afinal ele também é outro pé no saco.
Tudo isso é muito triste. Não saber se portar é um problema de berço. E isso está longe dessa senhora ter.
Que continue a ser assim. Melhor pra direita
Essa mulher é um dos piores sintomas de um país falido econômica e culturalmente.