Já faz alguns anos que toda semana no Brasil termina com uma notícia suficientemente barulhenta para abafar o ruído causado pelo fato da semana anterior. Neste segundo semestre de 2024, tem-se a sensação de que o que era semanal passou a ser diário.
Tome-se como exemplo o período que vai de 13 a 21 de novembro. No dia 13, uma quarta-feira, Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, morreu ao disparar explosivos nas imediações do STF — um dos artefatos explodiu perto da própria cabeça. Soube-se depois que se tratava de fogos de artifício.
Embora Francisco fosse um lobo solitário visivelmente perturbado, o ato reacendeu a teoria do golpe militar. A narrativa foi logo abafada por declarações da primeira-dama. Janja começou por referir-se ao ministro Alexandre de Moraes como “grande parceiro”. Em seguida, referiu-se ao suicida de Brasília como “o bestão”.
Na sequência, observa Rachel Díaz, disparou um “fuck you, Elon Musk” durante um evento que ocorria paralelamente ao encontro do G20. Foi demais até para Janja, conhecida pela coleção de gafes, gastos excessivos, erros de português e tentativas frequentes de “lacração”.
A fala de Janja foi logo abafada por outra estridente denúncia de golpe de Estado. Segundo a Polícia Federal, 37 pessoas estão envolvidas — entre elas, claro, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Houve algumas surpresas, como, por exemplo, a inclusão do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, conhecido por ter apoiado todos os governos deste século.
“De acordo com Alexandre de Moraes, a trama tinha características de ‘terrorismo’, com forte aparato bélico e apoio de veículos militares — embora a única referência feita sobre rodas seja o deslocamento de um Fiat Palio, de Brasília a Goiânia”, conta Silvio Navarro, na reportagem de capa. O site Metrópoles afirma que uma das razões para o fracasso do plano tem seu lado cômico: um dos militares não conseguiu um táxi para chegar ao destino. Só no Brasil.
Também só no Brasil poderia ocorrer uma reunião do G20 como a descrita por Carlo Cauti. Encarregado por Oeste de cobrir o evento, Carlo garante que nunca viu nada parecido nas dezenas de encontros semelhantes que testemunhou. Faltava wi-fi para a imprensa, mas sobraram latas de cerveja à disposição nos refrigeradores espalhados pelo local.
Enquanto Janja se diverte insultando Elon Musk, o Brasil protagoniza ocorrências vexatórias e o consórcio no poder se distrai com outro ataque imaginário às instituições, centenas de inocentes continuam encarcerados. Cristyan Costa revela o cotidiano dos advogados que esbanjam coragem e paciência para trabalhar em defesa dos presos do 8 de janeiro.
Uma advogada conta, por exemplo, o que faz quando confrontada com distorções kafkianas espalhadas pelos processos: pergunta a juristas e ex-professores se sua estranheza faz sentido — ou se está enlouquecendo aos poucos.
Boa leitura.
Branca Nunes,
Diretora de Redação
Bom dia, para complementar o “inquérito” tem que convocar os “golpistas do WhatsApp” (véio da Havann e seus cúmplices” kkkkk