Programas de benefício social como o Bolsa Família deveriam ser emergenciais e limitados no tempo. Uma sociedade economicamente saudável produz sua riqueza e não depende da “caridade” estatal. Infelizmente o Brasil trocou as bolas com o Bolsa Família e passou a considerar a exceção como regra. Fica difícil religar o mecanismo produtivo quando a população recebe uma “esmola” do governo sem precisar trabalhar. Isso só se justifica em situações de crise grave, como uma epidemia ou um grande desastre natural. Mas, quando se torna o novo normal, a pobreza se perpetua. Felizmente o Brasil tem gente se esforçando para romper esse círculo vicioso.
Localizada na Serra Gaúcha, a cidade de Bento Gonçalves é conhecida por ser a capital nacional do vinho. Colonizado por italianos a partir de 1875, o município se destaca pela riqueza da agricultura e das fábricas que rodeiam a região.
Com 123 mil habitantes, a cidade possui grande quantidade de empresas de setores como agro, moveleiro, mecânico, metálico, turístico, além do comércio. “Não falta emprego para ninguém aqui”, afirma o prefeito, Diogo Segabinazzi.
Apesar da grande oferta de trabalho, os empresários locais se depararam com um grande problema: a dificuldade de contratar trabalhadores para empregos mais simples. A necessidade os levou a visitar os bairros da cidade para buscar pessoas que estivessem dispostas a trabalhar. O mutirão foi realizado em conjunto com funcionários da prefeitura.
‘Visitamos as pessoas e oferecemos um emprego’
O prefeito conta que, ao visitarem diferentes regiões da cidade, encontraram homens e mulheres que estavam desempregados, mas não aceitavam a oferta de trabalho. Estupefato com o que viu e ouviu, Segabinazzi decidiu saber o motivo. Descobriu que cerca de 2,1 mil moradores preferiam não trabalhar com carteira assinada para não perder o benefício do governo.
Diogo Segabinazzi e os empresários de Bento Gonçalves decidiram agir conjuntamente. Num primeiro momento, fizeram o mapeamento da cidade em parceria com o Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC). O objetivo era quantificar os beneficiários que estavam irregulares e analisar a situação social de cada um.
A partir do estudo, a prefeitura deu início, em maio deste ano, a uma força-tarefa que visa a tirar o benefício dessas pessoas e oferecer-lhes um emprego formal. Nessa etapa inicial, a ação focou homens e mulheres de 18 a 40 anos e sem filhos.
“Visitamos as pessoas e oferecemos um emprego”, conta o Segabinazzi. “Para facilitar, analisamos qual é a empresa que está mais próxima da casa da pessoa. Depois a conduzimos para fazer a entrevista.”
Ganhando quase seis vezes mais
“A força-tarefa, apesar de recente, começa a dar resultado”, comemora o prefeito. Até a publicação desta reportagem, a ação havia tirado o benefício de 90% das pessoas naquela faixa etária que estavam irregulares. Segundo Segabinazzi, a força-tarefa tira do programa cerca de 20 pessoas por semana.
“Meu objetivo é tirar o cidadão do Bolsa Família e colocá-lo no mercado de trabalho”, afirma o prefeito. “Queremos acabar com essa ‘mamata’ de assistencialismo e fazer com que a pessoa tenha dignidade e emprego. Que ande com as próprias pernas. Para aqueles que apresentam resistência, cortamos o benefício.”
Ralph Murillo Silva Feitosa é um dos moradores de Bento Gonçalves que conseguiram emprego por meio da força-tarefa. Natural do Pará, o soldador mora no Rio Grande do Sul há seis meses. Ele conta que recebia R$ 650 do Bolsa Família até que funcionários da prefeitura o abordaram e ofereceram um emprego em uma metalúrgica.
Hoje, Ralph ganha R$ 3,5 mil com o suor de seu rosto — o que equivale a 5,8 vezes mais. Além disso, ele se convenceu de que o trabalho formal lhe daria dignidade. “Comecei a trabalhar na metalúrgica e hoje consigo pagar meu aluguel”, contou. “A empresa me ajudou e hoje vejo que não preciso do Bolsa Família.”
Benefício para quem precisa
O prefeito ainda destaca outro efeito positivo da força-tarefa: as pessoas que fazem parte do Bolsa Família irregularmente estão telefonando para a prefeitura para conseguir emprego e sair do programa. “Eles estão vendo que também vão perder o benefício.”
Segabinazzi diz, entretanto, que há aqueles que realmente necessitam de alguma assistência para poder se sustentar. Mães de filhos com necessidades especiais, pessoas com deficiência, idosos e outros que não conseguem trabalhar precisam, de fato, de algum benefício social. “Para isso, contam com outros tipos de auxílio, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC)”, afirma. “Temos o sentimento de cidadania. Ajudamos quem realmente precisa.”
Para dar sequência à força-tarefa, o prefeito encaminhou à Câmara de Vereadores o Projeto de Lei da Ordem do Bolsa Família. O documento estabelece medidas para coibir fraudes no programa. Visa também a garantir “a correta destinação dos recursos públicos aos cidadãos que realmente necessitam”.
De acordo com o projeto, o cidadão que tiver utilizado dados falsos ou informações inverídicas estará sujeito ao corte imediato do recurso, além da aplicação de multa de R$ 7,2 mil — correspondente a 12 meses do benefício.
A vitória do trabalho
A ação conjunta entre Segabinazzi e os empresários locais representa a vitória do trabalho em Bento Gonçalves. A cidade venceu o Bolsa Família. Além disso, a administração local acredita que pode haver uma cultura de pouca interferência estatal, o que leva a um nível de prosperidade só compatível ao de países desenvolvidos.
Santa Catarina, vizinho do Rio Grande do Sul, é um exemplo disso. É o Estado brasileiro que menos depende do Bolsa Família. Assim como em Bento Gonçalves, os colonos que chegaram às terras catarinenses se acostumaram a trabalhar sem nenhuma interferência do governo.
No oeste de Santa Catarina, por exemplo, o isolamento do século 19 marcou o caráter dos colonos que chegaram da Europa. Eles tiveram que aprender a plantar e semear sem auxílio do Estado. Essa autonomia ajudou a formar a cultura do trabalho na região. Cresceram sem a ideia de paternalismo político e assistencialismo.
O resultado é impactante. De acordo com a revista Forbes, Santa Catarina é o terceiro Estado que mais tem bilionários no Brasil, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Para Segabinazzi, essa mesma cultura é a que deve prevalecer em Bento Gonçalves — e não a de benefícios estatais. Segundo o prefeito, o município deve ser um exemplo para outras cidades onde grande parte da população depende do Bolsa Família.
É o caso de Mairi. A cidade baiana tem 18 mil moradores, dos quais menos de mil têm um emprego, e 4,5 mil famílias dependem da ajuda federal. Pelas estimativas do governo, 10 mil moradores (56% dos habitantes) são dependentes do auxílio. É o oposto do que o prefeito Diogo Segabinazzi deseja para os cidadãos de Bento Gonçalves.
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Grande reportagem! Deveria estar estampada em todas as redes!
Grande reportagem! Deveria estar estampada em todas as redes!
Bolsa família nada mais é do que a compra oficial de votos.
Tudo depende da região do Brasil. A diversidade cultural (e não apenas étnica ou racial) é marcada historicamente por epreendedorismo e pelo mode de vida, do modo de ser da pessoa individualmente combinando com o processo social coletivo. O governo do PT sempre generaliza em suas estatísticas e análises parecendo que não conhece o Brasil profundo. Lula é o maior presidente negacionista da história do Brasil. Ele nega a ciência e a realidade das famílias. Só agora ele chegou a conclusão que muitas famílias siquer tem banheiro em sua casa, parecendo que só presidiu o Brasil por dois anos..