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alckmin e lula
As complicações de saúde do Presidente Lula deixaram clara que seu Vice, Geraldo Alckmin, não passa de um decoração | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Edição 248

O vice decorativo

Temporada de Lula na UTI comprova a nulidade de Geraldo Alckmin na estrutura do governo

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Anderson Scardoelli
Uiliam Grizafis
Uiliam Grizafis
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Em vigor desde 1988, a Constituição Federal destaca o papel do vice-presidente da República. A Carta Magna cita o cargo em 16 ocasiões. Reforça, por exemplo, que duas das responsabilidades de quem está à frente da função são substituir o presidente “no caso de impedimento” e auxiliá-lo “sempre que por ele convocado para missões especiais”. Na prática, nada disso ocorre em relação a Geraldo Alckmin.

Depois de declarar que Luiz Inácio Lula da Silva queria ser presidente para “voltar à cena do crime”, Alckmin virou seu parceiro de chapa em 2022, numa aliança que envolveu a sua saída do PSDB e o ingresso no PSB. Mas sua função constitucional foi descartada como um papel velho. Alckmin se vê alijado do poder, mesmo com o acúmulo de funções — desde o início do atual governo, em janeiro de 2023, desempenha também o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Ele não participa de decisões pertinentes ao país e não assume a Presidência nem durante uma hospitalização do petista.

Na madrugada de 10 de dezembro, Lula foi internado às pressas na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo. Passou por três cirurgias no crânio, em razão de uma hemorragia provocada por uma queda que sofreu em outubro. Recebeu alta médica no domingo 15 da mesma forma que entrou e permaneceu no leito durante os cinco dias de internação: como presidente do Brasil.

A primeira-dama Janja Lula da Silva e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Hospital Sírio-Libanês | Foto: Ricardo Stuckert/Gov.br

Sem passar o poder para o vice, a quem começou a chamar de “companheiro” depois de décadas de rivalidade política e trocas de acusações, Lula preferiu despachar do hospital. Ao conversar com a imprensa, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que, mesmo internado, o presidente seguia chancelando documentos oficiais. Assim, diretamente da UTI, assinou o decreto que instituiu o Comitê Interministerial para a Transformação Digital e sancionou a lei sobre o mercado de carbono.

O poder de Rui Costa

Durante o período de internação, Lula alinhou ações do governo federal com um de seus homens de confiança. Não com o vice-presidente. A responsabilidade administrativa caiu sobre os ombros do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa — que, assim como o presidente da República, integra os quadros de militantes do PT.

A gestão administrativa ficou a cargo do ministro Rui Costa, da Casa Civil, em vez do vice-presidente | Foto: Ricardo Stuckert/Flickr

O protagonismo adquirido por Costa virou notícia. Conforme os veículos de comunicação, o titular da Casa Civil passou a decidir políticas estratégicas do governo. Além disso, foi para ele que Lula telefonou para saber como estava o andamento de pautas de interesse do Executivo no Congresso Nacional. O próprio ministro foi quem confirmou o teor da conversa.

“Depois de fazer o relato de todos os encaminhamentos, aproveitei para reforçar que estamos desejando uma ótima recuperação”, afirmou Costa, em seu perfil no X, no dia 12 de dezembro. “Com fé em Deus, logo teremos nosso presidente em Brasília e ele também não vê a hora de voltar à rotina de trabalho.”

Promovendo ‘crianças trans’ e o hip hop

Enquanto Rui Costa ganha poder, Alckmin acumula gafes. Com a internação de Lula, ele virou notícia não por tomar alguma decisão relevante. Acabou nas manchetes por errar o nome de um país. Ao servir como anfitrião da visita oficial ao Brasil do primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, disse que era uma “alegria” receber o representante da… Iugoslávia, país do leste europeu formalmente dissolvido em 2003 — e do qual a Eslováquia nunca fez parte.

A confusão entre Eslováquia e Iugoslávia não foi o primeiro momento constrangedor de Alckmin desde que assumiu a Vice-Presidência da República. Assumidamente católico fervoroso, recebeu em seu gabinete lideranças de um movimento que jura que “crianças trans existem”. No encontro, ocorrido em março do ano passado, ele aparece segurando cartaz com dizeres em prol da militância transgênera.

alckmin - minha criança trans
Alckmin segura cartaz em defesa de ‘crianças trans’ | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Com tempo de sobra, ele resolveu se aventurar como influenciador digital. Um dos momentos mais constrangedores foi quando, em agosto de 2023, se propôs a gravar vídeo em homenagem aos 50 anos do surgimento do hip hop. De paletó, gravata e boné, Alckmin ainda tentou simular o jeito de Raul Gil de apresentar programas de auditório. “Amigas e amigos, hoje eu tiro o boné para o hip hop“, disse. “Movimento vibrante que ganhou o mundo e inspirou gerações, mudando a dança, a música, a arte.”

YouTube video

Fã de Anitta e mestre Miyagi

Ainda na parte cultural, o vice-presidente registra predileção pelo trabalho de Anitta. Em setembro do ano passado, usou o X para parabenizar a cantora brasileira pela vitória no Video Music Awards, “o mais importante prêmio da música internacional”, segundo ele. “O talento e a força do entretenimento brasileiro nos orgulham.” Já em abril deste ano, Alckmin promoveu o então recém-lançado álbum da artista, chamado Funk Generation, para abordar a isenção da taxa para inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio.

Nem mestre Miyagi, personagem do filme Karatê Kid, escapou das postagens do influencer Alckmin. Em setembro de 2023, o vice-presidente citou a figura ao parabenizar a Confederação Brasileira de Karate Interestilos pela realização do campeonato que havia realizado em São Paulo. Seis meses depois, voltou a evocar o personagem em postagem em homenagem aos caratecas do país.

Alckmin na festa com terroristas

Em viagem à China em junho deste ano, Alckmin preferiu praticar acupuntura em médicos locais a estreitar laços com o maior parceiro comercial do Brasil. A cena foi divulgada nas redes sociais pelo vice-presidente, que aparece sorridente enquanto aplica “agulhas” nos chineses.

O tema acupuntura parece ter agradado Alckmin. No mês passado, diante da valorização do dólar frente ao real, ele sugeriu que a moeda norte-americana deveria encarar o procedimento para “aliviar o estresse”. A recomendação não surtiu efeito. Nesta semana, o dólar bateu o valor de R$ 6,26.

Durante viagem ao Irã para participar da cerimônia de posse do presidente Masoud Pezeshkian, em 30 de julho, Alckmin ficou a poucos metros do terrorista Ismail Haniyeh, então líder máximo do Hamas e que foi eliminado por Israel um dia depois. Faziam parte da cerimônia outros conhecidos terroristas do Hezbollah, dos Houthis e da Jihad Islâmica.

Responsável por momentos constrangedores dentro e fora do Brasil, Alckmin, que não assumiu a Presidência da República nem quando Lula esteve na UTI, está tão próximo do poder quanto esteve em 2018, ocasião em que obteve menos de 5% dos votos na disputa presidencial. Diante da derrota humilhante, ensaiou a retirada da vida pública. Ganhou emprego de professor de medicina na Universidade Nove de Julho e comandou um quadro com dicas de saúde no programa de Ronnie Von na TV Gazeta de São Paulo. Para ficar na frase em que ele fez menção ao mestre Miyagi, Alckmin é a prova de que “a vida pode te derrubar”.

Leia também “Lula rumo ao fim”

15 comentários
  1. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    Em um país onde quadrilhas se instalaram no poder com sustentação do judiciário, militantes e incompetentes participam de um desastroso “governo”, Alckmin é apenas o bobo da corte.
    O problema é que se o rei não gostar das piadas do bobo da corte, sua decapitação é inevitável. Sempre foi assim.

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Nenhum partido político no Brasil vale merda, o menos ruim é o novo de Van Hattem, e esse Alckmin é abaixo da crítica, basta olhar ele todo ano de eleição no mercado nordestino de São Paulo tomando cafezinho, uma cara de rapariga com ar de deboche. E o rôdo anel superfaturado em 655 milhões. Esse Lula esses ministros parasitas e ladrões dele e esse poder judiciário e mais 80% do parlamento é pra estar todos numa cadeia subterrânea, ainda não paga o que eles fizeram e ainda continuam fazendo com a nação brasileira

  3. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Lamentavelmente como tucano desde a fundação do PSDB, admirei esse sujeito, como conservador, liberal, extremamente cristão católico, respeitoso com as tradições, para recentemente ficar surpreso com a homenagem que fez ao COMUNISTA “CRISTÃO” Flavio Dino quando tomou posse na CORTE SUPREMA.
    Com seus dons paroquiais subiu no altar de uma cerimônia religiosa para dizer a seguinte insanidade: “Quis o destino que Flavio Dino fosse o Ministro da Justiça e Segurança, na hora certa e no momento certo para salvar nossa democracia e evitar o GOLPISMO”. Flavio Dino foi aquele que sumiu com as gravações das câmeras do Palácio da Justiça. Para ocultar o que?
    Como consegue dormir esse CRISTÃO assistindo a condenação humilhação severa de patriotas sem antecedentes criminais que sempre se manifestaram pacificamente na CORTE SUPREMA última instância que não mais cabe recurso?
    Confesso que aos 74 anos desisti desse partido e desde 2018 sou bolsonarista, mesmo com Barroso dizendo em exibição na radical UNE: “nós derrotamos o bolsonarismo”.

  4. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Vergonha alheia uma criatura dessa. Difícil escolher a pior de tantas, mas acho que o encontro com terroristas foi o ápice da canalhice.

  5. Vanessa Días da Silva
    Vanessa Días da Silva

    Criatura patetica

  6. Vanessa Días da Silva
    Vanessa Días da Silva

    Criatura patetica

  7. Renato Perim
    Renato Perim

    O Alckmin tá substituindo o Suplicy na tarefa de ser o bobo da corte, o palhaço do dia.

  8. Leonardo Cordeiro
    Leonardo Cordeiro

    O Chuchu só está fazendo jus ao seu apelido. Depois de ser humilhado nas urnas em 2018, ele agora é humilhado no cargo de vice-presidente, e mantém a mesma postura de bunda mole. Patético.

    1. Walmir Paulo Forgiarini
      Walmir Paulo Forgiarini

      “vergonha alheia” pelo tal “picolé de chucho”

      1. Walmir Paulo Forgiarini
        Walmir Paulo Forgiarini

        * chuchu

  9. Teresa Guzzo
    Teresa Guzzo

    Como fui votar nessa peça rara para governador de São Paulo?mudou o discurso sem qualquer pudor ou vergonha na cara.Esse está falido politicamente, mas nunca financeiramente.

  10. ROGILDO GALLO
    ROGILDO GALLO

    O Alckmin sempre será lembrado por seus ex-eleitores como um grande traidor ao se aliar ao Lulla. Na vice-presidência também tem sido um fantoche. Aliás o cargo de vice no Brasil só serve para torrar dinheiro dos contribuintes, pois não serve para nada. Na morte ou afastamento do titular, seria muito melhor convocar novas eleições !!!

  11. Eldo Amílcar Franchin
    Eldo Amílcar Franchin

    Ridículo, sem crítica nem amor próprio ,boneco de pano sem recheio.
    Deveria se associar ao ministro de exterior e organizar cursos de culinária.

  12. RODRIGO DE SOUZA COSTA
    RODRIGO DE SOUZA COSTA

    Caso clássico em que a fome de poder o levou a vender sua alma ao Diabo. Entre morrer em pé e viver de joelhos, ele preferiu a última opção. Presença garantida na lata do lixo da história.

    1. Eldo Amílcar Franchin
      Eldo Amílcar Franchin

      Que não seja o logo descartável, para não haver chance de retornar em nenhuma forma.

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