O fio que foi puxado nesta semana envolvendo a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional — a USAID — já é considerado um dos maiores escândalos de corrupção e desvio de recursos públicos da história dos Estados Unidos. Novas informações não param de ser publicadas pelo governo de Donald Trump, e talvez, quando chegarmos ao final deste artigo, precisaremos de atualizações.
A USAID é a principal agência do governo dos EUA para fornecer ajuda externa e “gerenciar programas em países de baixa renda para vários propósitos, tais como: ajuda em desastres, socorro aos pobres, cooperação técnica em questões globais, incluindo o meio ambiente, interesses bilaterais dos EUA e desenvolvimento socioeconômico”. Pelo menos essa é a descrição oficial do órgão.
Em 1961, o Congresso Americano aprovou a Lei de Assistência Estrangeira, que reorganizou os programas de assistência internacional dos EUA e determinou a criação de uma agência para administrar a ajuda econômica. A USAID foi posteriormente estabelecida pela ordem executiva do presidente John F. Kennedy, que buscou unir várias organizações e programas semelhantes já existentes sob uma única agência.
Mas foi apenas agora, em 2025, que o fio da corrupção do órgão foi puxado.
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Na primeira semana de mandato, uma das primeiras ordens executivas de Donald Trump foi a criação do Departamento de Eficiência Governamental — DOGE —, liderado por Elon Musk. Em outra ordem executiva assinada por Trump, ele determinou uma suspensão por 90 dias de todas as operações de ajuda externa, para reavaliação e realinhamento pelo departamento de Musk, que mira o gasto desnecessário do governo federal. Trump chegou a afirmar que a USAID era um “ninho de cobras e dirigida por um bando de lunáticos” e que deveria ser fechada.
No momento, a agência encontra-se com suas atividades quase totalmente paralisadas, enquanto os novos controladores do poder em Washington decidem o seu destino. Depois de ficar fora do ar por horas nesta semana, o site da USAID voltou apenas com uma mensagem dizendo que a partir desta sexta-feira, 7 de fevereiro, os funcionários diretamente contratados pelo órgão seriam colocados em licença administrativa em todo o globo, e que apenas os funcionários essenciais para importantes programas seriam mantidos no momento.
A medida considerada radical para muitos tem suas razões. Há quatro dias, a Casa Branca vem publicando uma lista que parece interminável dos mais absurdos desvios de dinheiro dos pagadores de impostos americanos. A cada coletiva de imprensa, a porta-voz do governo Trump, Karoline Leavitt, expõe estupefata para onde foram bilhões de dólares dos cofres públicos nas últimas décadas.
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Os democratas estão irritadíssimos. Nos últimos dias, tentaram invadir o prédio da USAID para tentar bloquear as ações da equipe de Elon Musk que trabalha dia e noite e que está dormindo no local. O desespero se deve ao fato de que a operação do governo Trump vai expor como a USAID foi usada mundialmente — inclusive no Brasil — para a propaganda e a agenda radical da esquerda. Nas seis décadas desde que foi estabelecida, a USAID deixou de lutar contra a pobreza, espalhar ideais americanos e minar a propaganda soviética para se tornar uma operação de propaganda woke que mina ativamente os pilares da civilização ocidental. O órgão parou de exportar democracia para exportar desvios — e agora todos nós podemos ver isso. Tudo será exposto da maneira mais visceral.
A revisão e revelação das doações e despesas da agência são chocantes. A miríade de iniciativas apoiadas pela USAID, e que agora perderão financiamento, passava por programas LGBTQ na Sérvia por meio de um grupo chamado Grupa Izadji, que significa “Grupo Saia do Armário”, com US$ 1,5 milhão para “promover a diversidade, a equidade e a inclusão nos locais de trabalho e comunidades empresariais da Sérvia, promovendo o empoderamento econômico e a oportunidade para pessoas LGBTQI+”, ou projetos que impulsionam a agenda de diversidade, equidade e inclusão (DEI) de um grupo na Irlanda para produzir um musical ao custo de US$ 70 mil.
A lista vai muito além de qualquer compreensão. A patifaria e roubalheira não tiveram limites:
- US$ 2,5 milhões para veículos elétricos no Vietnã.
- US$ 47 mil para uma ópera transgênero na Colômbia.
- US$ 32 mil para a produção de “história em quadrinhos transgênero” no Peru.
- US$ 30 milhões para uma ONG que financia mulheres que fazem ponchos na Guatemala.
- US$ 2 milhões para ativistas na Guatemala “para ajudar organizações lideradas por transexuais a realizar mudanças de sexo no país”.
- US$ 6 milhões para promover infraestrutura no norte do Egito.
- US$ 20 milhões para um show no estilo Vila Sésamo no Iraque.
- US$ 2 milhões para promover cerâmica no Marrocos.
- US$ 15 milhões para preservativos e anticoncepcionais no Afeganistão controlado pelo Talibã.
- US$ 5 milhões para o grupo envolvido em escândalos que financiava pesquisas em um laboratório chinês em Wuhan e suspeito de ser a origem da covid-19.
- US$ 56 milhões para impulsionar o turismo na Indonésia e no Egito.
- US$ 40 milhões para construir escolas na Jordânia.
- US$ 11 milhões para que o povo do Vietnã pare de queimar lixo.
- US$ 2 milhões para fortalecer ONGs que fornecem assistência médica de afirmação de gênero.
- US$ 45 milhões para programas DEI na Birmânia.
- US$ 520 milhões para investimentos ESG na África.
- US$ 6,7 milhões para proteger a biodiversidade de crimes contra a vida selvagem no sul da África.
- US$ 7,4 milhões para melhorar a governança inclusiva e eficiente na Síria.
- US$ 10 milhões em refeições para terroristas ligados à Al-Qaeda.
- US$ 40 milhões para construir escolas na Jordânia.
- US$ 45 milhões para bolsas DEI na Birmânia.
- US$ 2 milhões para um ambiente de apoio às pessoas LGBTQ na Macedônia do Norte.
- US$ 1,9 milhão para os direitos humanos das pessoas LGBT nos Bálcãs Ocidentais.
- US$ 59 milhões para mulheres agricultoras na Ucrânia.
- US$ 420 mil para atividade solar piloto em Djibuti.
- US$ 3,3 milhões para um programa chamado “Ser LGBT” no Caribe.
- US$ 20 mil para assistência à comunidade LGBT nas eleições de 2021 em Honduras.
- US$ 11 milhões para um acordo de cooperação para a parceria EUA-China sobre energia limpa e clima.
- US$ 750 mil para Princeton coletar informações sobre desigualdade e diversidade no Oriente Médio e no Norte da África.
- US$ 10 milhões para criar empregos no setor de carpetes e joias para mulheres no Afeganistão.
- US$ 30 milhões para implementar crescimento econômico sustentável e mitigação das mudanças climáticas globais em Honduras.
- US$ 110 milhões para a Deloitte Consulting apoiar o programa Power Africa na Nigéria.
- US$ 100 milhões para melhorar as condições de famílias rurais afetadas por conflitos na Colômbia.
- US$ 66 milhões para o programa de acesso à Justiça no Iraque.
- US$ 27 milhões para apoiar projetos comunitários para responder às mudanças climáticas na África.
- US$ 53 milhões para a biodiversidade e as mudanças climáticas na África Ocidental.
- US$ 12 milhões para a resistência na Ásia Africana, Latino-Americana e à mudança climática.
- US$ 40 milhões para “galvanizar a Comunidade Internacional” para se unir para evitar o colapso do sistema educacional no Afeganistão.
- US$ 7 milhões para salvaguardar os direitos cívicos e as liberdades da mídia no Afeganistão.
- US$ 4,9 milhões para empreendedores da Guatemala que estão trabalhando na resistência climática.
- US$ 38 milhões para uma entidade nacional não revelada para um projeto de segurança cibernética na Ucrânia.
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Isso não é um décimo do que já foi publicado pela Casa Branca de Trump. A lista aumenta significativamente a cada coletiva de imprensa ou atualização do site.
E o Brasil?
A USAID atua no Brasil desde 1962, um ano após a sua fundação, e, desde a década de 1990, o órgão tem sido um dos principais financiadores da agenda ambiental, inclusive com ativos programas de capacitação de “profissionais treinados em meio ambiente”. Muitos dos atuais líderes do aparato das ONGs ambientalistas no país operam por meio do programa americano de “lideranças ambientais”. Em média, a “ajuda” referente ao meio ambiente passou a representar cerca de metade do seu orçamento dedicado ao Brasil
Em 2005, a USAID iniciou a sua ambiciosa iniciativa para Conservação da Bacia Amazônica, que visava uma ocupação efetiva de áreas críticas da Amazônia, por meio da coordenação de ações de diversas ONGs ambientalistas no Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Guiana e Guiana Francesa. O objetivo do programa era “estabelecer uma barreira verde de áreas protegidas” — para conter as atividades econômicas de uma vasta região transnacional do bioma Amazônia.
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Mas não são apenas as velhas e podres ONGs ambientalistas que podem estar no maior esquema de corrupção e desvio de recursos públicos dos EUA.
Mike Benz, um antigo funcionário do Departamento de Estado na primeira administração Trump e agora diretor-executivo da Foundation for Freedom Online, vem afirmando que a USAID gastou dezenas de milhões de dólares de fundos dos cofres americanos para remover Jair Bolsonaro do poder e acabar com a liberdade de expressão no Brasil:
“Quando ondas populistas varreram o mundo dentro dos EUA em 2016 com Trump e com o que aconteceu em toda a Europa com Marine Le Pen, Matteo Salvini e Nigel Farage, a USAID declarou guerra santa à censura contra todos os grupos populistas, incluindo Bolsonaro. Se a USAID não existisse, Bolsonaro ainda seria o presidente do Brasil e o Brasil ainda teria uma internet livre e aberta.”
Ele continua com uma grave acusação:
“Foi a USAID que gastou dezenas de milhões de dólares de dinheiro dos impostos americanos financiando o esforço para que projetos de lei antidesinformação fossem aprovados no parlamento de lá, financiando os defensores legais que pressionaram o tribunal de censura de lá, o TSE, a reprimir Bolsonaro, tuítes e mensagens do WhatsApp e do Telegram.”
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Benz afirma que, sem os recursos da USAID, a liberdade de expressão no Brasil não estaria em frangalhos como agora:
“Eles construíram um polvo da censura no Brasil, e tudo foi construído inteiramente porque a USAID declarou Bolsonaro um populista, ‘o Trump dos trópicos’. Então, foi estabelecida essa operação para controlar o ecossistema de informações do Brasil. Um dos beneficiários da USAID até disse em uma chamada pública que o propósito era eliminar a troca internacional de ideias entre o movimento Trump e o movimento Bolsonaro. É isso que a USAID faz. Ela mata o populismo doméstico porque ele atrapalha seus objetivos de política externa.”
Em 2021, o Tribunal Superior Eleitoral publicou uma notícia de um evento internacional que contou com a presença do ministro Luís Roberto Barroso. No encontro em parceria com a USAID e chamado de “Eleições e a transformação digital”, Barroso declarou que a “revolução tecnológica deve caminhar junto com a educação digital e a regulamentação das plataformas digitais para que a desinformação não abale o sistema eleitoral e a democracia”.
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Já em 2022, Barroso viajou até o Texas para participar do evento “Como se livrar de um presidente”.
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Qual é a extensão dos tentáculos da USAID na combalida democracia brasileira? Uma investigação séria é mais do que urgente e necessária.
Enquanto finalizo este artigo, manifestantes pró-USAID, incitados por políticos democratas, estão em Washington para exigir a prisão de Elon Musk e o fechamento do Senado. Milhares de organizações dentro e fora dos Estados Unidos são totalmente ou quase totalmente financiadas por meio de subsídios da USAID, o que equivale a uma enorme fraude contínua. Para eles, perder esses fundos significa que suas ONGs simplesmente vão falir.
E elas devem falir. O que começou como uma agência do Departamento de Estado para promover liberdade e estabilidade no exterior durante a guerra fria se transformou, como talvez fosse inevitável, em um golpe que rouba dos pagadores de impostos americanos e usa seu dinheiro para promover hoje a dissolução da liberdade de expressão e a destruição dos ideais da América.
E os patifes ao redor do mundo não estão em desespero por causa do dinheiro que não terão mais — eles estão exaltados porque foram pegos.
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Ana,
o descondenado Lula critica o Trump por desejar interferir em Gaza.
No entanto nunca criticou o Irã por transformar a região em um campo de terrorismo.
O Irã que gastou bilhões em túneis e armas ao invés do bem estar dos palestinos.
Com certeza a a atuação americana será mais produtiva na área.
Minha querida Ana Paula você sabe por os pingos nos is ! Conte sempre com a minha admiração desde o tempo em que você nos orgulhava no vôlei !
Drain the swamp!