O Batalhão 6888 foi a primeira e única unidade do Exército americano formada por 855 mulheres negras a servir na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Sua importância na história foi substancial. No entanto, ao longo do tempo, o grupo foi esquecido.
Somente depois de sete décadas, o Batalhão começou a ter o reconhecimento que merece. Em 2021, o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma lei que condecorou o 6888, também conhecido pelo nome Seis Triplo Oito (Six Triple Eight), com a Medalha de Ouro, uma das honrarias mais altas do país.
Infelizmente, existem pouquíssimos documentos sobre o Batalhão nos relatórios de operações da Segunda Guerra Mundial, registrados entre 1940 e 1948. Recentemente, em dezembro do ano passado, um filme de Tyler Perry foi lançado na plataforma de streaming Netflix e ficou entre os indicados na categoria Melhor Canção Original da 97ª edição do Oscar — realizada no último domingo, 2 —, pela balada The Journey, de Diane Warren. A música é apresentada no final do filme e tem como pano de fundo imagens de arquivo históricas da unidade.
Lideradas pela tenente-coronel Daytonian Charity Adams Earley, as mulheres do 6888º tinham uma missão que parecia impossível. Elas ficaram responsáveis por classificar e dar fluxo a 17 milhões de cartas estagnadas enviadas e recebidas por militares que estavam lutando no front e por membros da Cruz Vermelha. Elas tiveram seis meses para completar o trabalho, mas terminaram em apenas 90 dias, entregando correspondências a mais de 7 milhões de soldados.
Um dos poucos registros oficiais mostra que as mulheres foram enviadas, inicialmente, para Birmingham, na Inglaterra, só em 4 de março de 1945 — seis meses antes do fim da guerra. Birmingham era onde estavam localizadas as cartas paradas, em inúmeros hangares da base militar. Depois foram designadas para Rouen, na França. As mulheres trabalhavam três turnos de oito horas, sete dias por semana, para resolver o atraso, com cada turno tendo cerca de 65 mil correspondências. Mantinham cartões de informações atualizados sobre cada soldado.

“A coisa mais importante sobre as integrantes do Six Triple Eight é o trabalho que fizeram em um momento extremamente difícil”, disse Earley. “E faziam sua tarefa inteiramente à mão, sem computadores, máquinas de classificação ou scanners. Realizaram uma tarefa que ninguém pensava que poderia ser feita naquele intervalo de tempo e sob tais circunstâncias, e a executaram bem. E é por isso que merecem ser homenageadas.”
Perante a adversidade e a discriminação, incluindo a vida em habitações segregadas, sem luz e calor adequados, a dedicação e a coragem dessas 855 mulheres trouxeram esperança quando esta era uma das poucas coisas que restavam para quem lutava na linha de frente.

Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
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Incrível!
História sensacional. Nunca imaginei que algo assim acontecera. Parabéns pela revelação.
Vi o filme. É uma história de preconceito, sabedoria e equilíbrio para superar as adversidades. Heroísmo.
Giorno você é 10
Obrigada, Erasmo! 😉
Corajosas! Merecem, sim, serem homenageadas.
Assisti o filme, mostra o trabalho eficiente das moças.m