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Edição 260

A crise já começou?

E mais: a míngua da concessão de crédito, o retorno do investimento dos gringos, a greve dos petroleiros e a escassez de café

Carlo Cauti
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Os analistas do mercado financeiro já previam uma desaceleração da economia brasileira em 2025. Mas todos imaginaram que começaria no segundo semestre. Os dados mostram que a crise, aparentemente, já começou.

O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) mostrou queda de 0,4% nas vendas no varejo brasileiro em fevereiro na comparação com o ano anterior.

Esse foi o terceiro mês seguido de queda no comércio brasileiro apurada pelo ICVA.

Segundo a Cielo, o resultado negativo foi provocado pela inflação, e poderia ter sido pior ainda se o Carnaval não tivesse caído em março, como foi neste ano.

Números parecidos com os registrados pelo iGet, índice desenvolvido pelo departamento econômico do Santander no Brasil em parceria com a Getnet, que acompanha o desempenho do comércio varejista e do setor de serviços prestados às famílias, e que registrou uma queda de 0,5% em fevereiro de 2025 na comparação com o mesmo mês de 2024.

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Stone concorda

Para o Índice do Varejo Stone (IVS), as vendas em fevereiro registraram uma queda de 0,9% na comparação com janeiro, e 1% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Para a Stone, os sinais de desaceleração ficaram ainda mais evidentes em fevereiro, a criação de novos empregos formais perdeu força, e a alta no preço dos alimentos continua pesando no bolso das famílias.

Na análise mensal, somente dois de oito segmentos tiveram alta em fevereiro: material de construção e móveis e eletrodomésticos.

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Ninguém quer mais crédito?

A concessão de crédito, outro motor da economia brasileira, também aparece minguando.

Segundo o Banco Central (BC), as concessões de empréstimos no Brasil caíram 16% em janeiro na comparação com o mês anterior, com o estoque total de crédito ficando praticamente estável no período, a R$ 6,4 trilhões.

As concessões de financiamentos com recursos livres, nos quais as condições dos empréstimos são livremente negociadas entre bancos e tomadores, recuaram 14,8% em janeiro em relação a dezembro.

Para as operações com recursos direcionados, que atendem a parâmetros estabelecidos pelo governo, como o consignado, a queda registrada no período foi de 26,9%.

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Investir no Brasil é bom, mas é uma…

Os gringos aparentemente estão de volta ao mercado brasileiro.

Desde o começo do ano, os investidores estrangeiros já aplicaram quase R$ 9 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

O banco de investimentos americano JP Morgan elevou a recomendação de compra para as ações brasileiras de “neutra” para “positiva”.

Em relatório enviado aos clientes, todavia, o banco salientou que o movimento é “tático”, e que os problemas domésticos brasileiros continuam “muito vivos”.

Investidores estrangeiros já aplicaram quase R$ 9 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) | Foto: Shutterstock

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Andbank

O Andbank, banco de Andorra há 15 anos no Brasil, adquiriu a gestora carioca Kymas, com cerca de R$ 1 bilhão em ativos sob gestão divididos em seis fundos.

Em entrevista, o CEO do Andbank no Brasil, Rodolfo Pousa, explicou como o banco obteve, em 2024, seu melhor resultado da história desde que chegou ao país.

A instituição atingiu a meta de captar R$ 5 bilhões em 2024, e nos primeiros três meses deste ano já conseguiu uma entrada líquida de R$ 3,9 bilhões.

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Petroleiros contra o home office

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) convocou uma greve no dia 26 de março para protestar contra o home office.

Em nota, a entidade que representa 12 sindicatos de petroleiros se posicionou contra a decisão da Petrobras de ampliar de dois para três dias por semana o regime de trabalho em casa para as áreas administrativas a partir do dia 7 de abril.

A FUP se opõe à redução da remuneração variável dos trabalhadores e quer a recomposição dos efetivos e a garantia de segurança em todo o Sistema Petrobras.

A Federação Única dos Petroleiros convocou uma greve no dia 26 de março | Foto: Reprodução/Redes Sociais

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Vai ter menos café neste ano

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou um levantamento sobre a produção brasileira de café para este ano.

Segundo o órgão, até dezembro o Brasil produzirá 52,8 milhões de sacas de 60 quilos. Uma queda de 7,5% na comparação com 2024.

A área a ser colhida vai cair 2,5%, e a produtividade, 5,1%, principalmente pela bienalidade negativa natural de boa parte das áreas de café arábica. Além disso, o clima quente e seco registrado no ano passado terá efeitos sobre a produção deste ano.

Em 2024, o preço do café aumentou quase 40%. E somente em fevereiro de 2025 a alta foi de 10%.

Clima quente e seco registrado no ano passado terá efeitos sobre a produção deste ano | Foto: Shutterstock

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Vitória para a B3

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) saiu vitoriosa de um processo bilionário no Carf contra a Receita Federal.

Um ato de infração de quase R$ 6 bilhões contra a empresa tinha sido aplicado na base do questionamento da amortização do ágio gerado na incorporação da Bovespa, em 2008.

O mercado gostou, e na quinta-feira, 13, as ações da B3 subiram mais de 10%.

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FMU em RJ

O Centro Universitário FMU entrou com um pedido de recuperação judicial por dívidas de mais de R$ 116 milhões e um passivo tributário de R$ 57 milhões.

A empresa, que pertence à gestora Farallon, cita a pandemia de covid-19 como uma das causas para a dificuldade financeira, além de uma briga com os fundadores da companhia, o que já resultou na penhora de R$ 7 milhões em bens.

O faturamento líquido da FMU em 2024 foi de R$ 318 milhões, e a previsão para 2025 é de R$ 336 milhões.

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Evitando golpes

A Serasa Experian informou que o número de golpes evitados contra bancos e cartões de crédito cresceu 10,4% em 2024 na comparação com 2023, representando 53,4% das fraudes registradas no período.

Segundo o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, o prejuízo potencial que essas fraudes poderiam provocar seria de R$ 51,6 bilhões.

Cerca de 50,7% dos brasileiros foram vítimas de fraudes no último ano, um salto de 9 pontos porcentuais em relação a 2023. Mais da metade deles acabou perdendo dinheiro.

Número de golpes evitados contra bancos e cartões de crédito cresceu 10,4% em 2024, na comparação com 2023 | Foto: Shutterstock

Leia também “Economistas preocupados com a escalada populista no governo”

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