Desde janeiro de 2023, Oeste vem jogando luz sobre um episódio que ocupará um lugar de destaque no capítulo brasileiro da história universal da infâmia: o golpe militar que não houve. Trata-se de um crime impossível. Como derrubar um governo sem tanques e sem tropas, mobilizando apenas donas de casa, cabeleireiras, moradores de rua e até autistas? Esses “golpistas” tentaram tomar o poder com estilingues, bolinhas de gude e um batom — qualificado como “substância inflamável” pelos investigadores do crime.
“Não havia a mais remota possibilidade material de alguém dar um golpe de Estado com zero comando, zero planejamento, zero meio de derrubar nada, muito menos um governo”, afirma J.R. Guzzo no artigo de capa. Mais: “O STF eliminou o princípio básico da individualização das penas e dos delitos da ordem jurídica do Brasil”.
Pela primeira vez na história dos tribunais, por exemplo, o ônus da prova foi transferido para o acusado.
Em seu artigo, Augusto Nunes lembra que absurdos semelhantes não ocorreram nem mesmo durante a ditadura do AI-5. As restrições impostas aos advogados também não têm precedentes. No Brasil, como prova a entrevista concedida a Cristyan Costa por Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro, os defensores dos réus não tiveram acesso aos autos. Nos Julgamentos de Nuremberg, que decidiram o destino dos chefes da Alemanha Nazista com o fim da Segunda Guerra Mundial, os países vencedores respeitaram exemplarmente o direito de ampla defesa e o devido processo legal.
Bolsonaro está prestes a ser julgado pela Primeira Turma do STF, composta dos ministros Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino. Zanin foi advogado pessoal de Lula. Dino afirmou que Bolsonaro “não é apenas um seguidor do demônio; para mim, ele é o próprio demônio”. Moraes é o que é. A reportagem de Silvio Navarro demonstra detalhadamente por que o tribunal deveria considerar-se impedido de julgar o ex-presidente.
Enquanto isso, na vida real, a inflação sobe e o PIB cai, registra a reportagem de Carlo Cauti. Esses são dois dos muitíssimos problemas do Brasil. As universidades, por exemplo, seguem dominadas pela extrema esquerda, o governo não governa, e o Congresso age como se a Constituição não estivesse sendo desrespeitada diariamente.
De costas para a verdade, a maior parte da imprensa finge não enxergar a gravidade da situação. “Agem como os três macaquinhos: ouvidos tapados, olhos bloqueados, boca fechada”, compara Alexandre Garcia. “Amanhã, quando os macaquinhos decidirem abrir os olhos e os ouvidos, e quiserem falar, será que conseguirão?”
Para nós e também para os assinantes e leitores, trata-se de uma montanha de absurdos sobre a qual falaremos até que a vida normal seja restabelecida. Como mostram as ilustrações na capa, Oeste não se limita a tratar de problemas. Também apresenta soluções. Uma delas está resumida em duas palavras: “Anistia já”.
Boa leitura.
Branca Nunes,
Diretora de Redação

País destruído
Governo ladrão justiça ladrona
Bravo Branca Nunes,por todo trabalho impecável que realiza na melhor revista do Brasil .
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