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Edição 32

Carta ao Leitor — Edição 32

A defesa do meio ambiente como pauta conservadora, a realidade sobre a vacina anticovid e a esculhambação do sistema eleitoral

Redação Oeste
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A partir dos anos 1970, quando começava a ficar evidente sua absoluta incompetência para tratar de questões relacionadas a economia, a esquerda passou a levantar bandeiras associadas a pautas culturais e ambientais. Mais tarde, a falência do bloco soviético expôs as fraturas e a pobreza das sociedades que sobreviviam nos limites da Cortina de Ferro, e a oportunista defesa do meio ambiente, com protestos e gritarias juvenis, ganhou tração no debate público. Infelizmente, os conservadores não foram capazes de elaborar uma boa narrativa de modo a alertar o mundo de que a preservação ambiental é, na essência, uma causa conservadora.

Ocorre que, para um conservador, o cuidado com a natureza é responsabilidade prioritária da sociedade, organizada por meio da atuação dos “pequenos pelotões” — família, comunidade, igrejas —, e não de instituições transnacionais. A partir da leitura de importantes títulos da obra do sociólogo Gilberto Freyre e do filósofo Roger Scruton, o cientista político Bruno Garschagen escreve um artigo excepcional sobre o tema. “Desgraçadamente, há quem destrua ou dê pouca importância ao meio ambiente, como se não fosse imperativo proteger o lugar que nos abriga”, diz Garschagen. “Também existem aqueles que, diante do ambientalismo radical, reagem estupidamente mimetizando os vícios dos adversários com base num antiambientalismo radical.

Outra narrativa desfavorável ao conservadorismo, esta em âmbito nacional, é aquela acerca da “Constituição Cidadã”. O Brasil tem, na verdade, uma Carta de péssima qualidade, estatista, excessivamente controladora, praticamente uma garantia de perpetuação do atraso. Portanto, devemos abandoná-la e começar uma nova do zero? Não é bem assim. “Uma Constituição ruim como a nossa deve ser reformada, e não anulada para que outra seja escrita; esta é a solução conservadora”, adverte o economista Rodrigo Constantino. “Mexer em uma Constituição é sempre um perigo, é como fazer tábula rasa do passado.”

Há, no entanto, quem defenda a convocação de um plebiscito nacional sobre o assunto. O deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, quer ver em ação uma nova assembleia constituinte. “O Brasil não consegue fazer nem a reforma administrativa e o Congresso não dá um passo na reforma tributária, mas uma nova Constituição sai”, ironiza o escritor Guilherme Fiuza. Fiuza assinala o despropósito da pauta em meio ao indispensável esforço fiscal para a recuperação econômica. “O coronavírus não é ninguém perto da pandemia de estupidez.”

Para investigar as reais possibilidades de que a pandemia — esta, de covid-19 — venha a se encerrar com uma vacina, a editora Paula Leal estudou a fundo o desenvolvimento de imunizantes, especialmente o processo que envolve a produção da CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac. Os especialistas entrevistados duvidam da aceleração de etapas nos testes clínicos. Um deles chega a afirmar que a urgência das vacinas serve mais para aplacar a ansiedade dos leigos do que para entregar uma solução. Está claro: é necessário encarar a realidade para que políticas públicas consistentes possam ser estabelecidas.

Não foi exatamente o que se viu na Câmara Federal. Aécio Neves (PSDB-MG) propôs uma lei para punir  lei quem se recusar a tomar vacina. Augusto Nunes imagina como seria o “termo de declarações” do deputado. Um trecho certamente registraria: “Declarou (…) que resolveu apresentar o projeto de lei sem esperar a chegada da vacina, muito menos os testes que irão avaliar sua eficácia, porque está na hora de o brasileiro aprender a fazer ontem o que só pode ser feito amanhã; que ainda não decidiu se vai vacinar-se já na primeira dose porque pretende primeiro saber se a imunidade parlamentar torna um deputado imune também à covid-19.”

Aécio é um dos muitos exemplos de que a vida política brasileira é mesmo uma catástrofe. Em 1.500 palavras, J. R. Guzzo revela com exatidão o diagnóstico do nosso processo eleitoral e apresenta as poucas e simples medidas que têm potencial de acabar com a esculhambação. “O voto distrital simplesmente implode o sistema em vigor e elimina quase todos os seus vícios”, afirma Guzzo, citando a principal das providências. “Os ajustes não têm nada a ver com a Justiça Eleitoral ou com a palhaçada geral dos discursos em defesa das instituições.”

A propósito, a Justiça Eleitoral é uma invenção nacional que custa R$ 25 milhões por dia, trata de demandas que poderiam ser resolvidas na Justiça comum e escancara a ineficiência do Estado. A editora Branca Nunes e o repórter Artur Piva trabalharam num esclarecedor “raio X” desta que é uma das cinco repartições do Poder Judiciário no país. O resultado é mais um robusto conjunto de dados a apontar para a imperiosa reforma do Estado. Caso o país pretenda alcançar um nível básico no estágio civilizatório.

Boa leitura.

Os Editores.

 

5 comentários
  1. Júlio Rodrigues Neto
    Júlio Rodrigues Neto

    Pior do que o coronavírus no Brasil, é o CORONELvirus. São pessoas com poder, muita grana vinda de verba pública e muita influência, que comandam os cidadãos e os destinos do País.

  2. Decorozo Ortiz De Lima
    Decorozo Ortiz De Lima

    NO ATUAL ESTÁGIO, TANTO O TAL DO STF QUANTO O TAL DO CONGRESSO NACIONAL, AMBOS UMAS PORCARIAS, ANTROS DE BANDIDOS, CRÁPULAS, DESQUALIFICADOS. CONIVENTES, LENIENTES E COMPLACENTES COM TUDO QUE HÁ DE PIOR NA POLÍTICA E NO JUDICIÁRIO. VIDE OS PIORES CORRUPTOS E LADRAVAZES LIVRES, LEVES E SOLTOS …. NO TOPO DA CADEIA, UM VERME RASTEJANTE, ABJETA CRIATURA, MORTO E AINDA INSEPULTO, CONHECIDO PELOS CODINOMES, #LULARÁPIO, LULADRÃO … TENHO DITO !!!

  3. Felice Preziosi
    Felice Preziosi

    Com o sistema judiciario sujo e comandado pelos pseudotogados do STF, o sistema legislativo repleto de ladrões;
    Ambos os sistemas, auxiliados pela imprensa e alguns idiotas de plantão se esforçando para implantar o comunismo e entregar o Brasil para a China;
    O representante “infalível” da fé, namorando com a ditadura comunista chinesa
    O que nos resta?
    A historia nos ensina que não existe país livre cuja liberdade não tenha sido conquistada com o sangue nas ruas.
    Não quero sangue, mas quero meu país livre dos comunistas, ladrões e falsos juízes.

  4. Jose Maria Miranda da Silva
    Jose Maria Miranda da Silva

    Já passou da hora de irmos pra rua exigir a reforma política. Voto distrital já!!!

  5. Mauro Costa Faria
    Mauro Costa Faria

    Muito bom . Concordo plenamente.

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