A St Paul’s Girls’ School, tradicional escola britânica só para mulheres localizada em Londres, não tem mais uma “head girl” — espécie de presidente do conselho estudantil. A palavra “girl”, ou menina, foi considerada binária demais e não inclusiva para esse estabelecimento caro, voltado para apenas um sexo. O termo foi então excluído e substituído por um cargo de gênero neutro: “head of school”.
Isso importa. E transmite a mensagem de que a palavra “girl” está ultrapassada e é ofensiva. Quando uma das principais escolas para meninas do Reino Unido, sob o pretexto de ser “progressiva” e “inclusiva”, não pode mais dar nome ao sexo de suas alunas, sabemos que alguma coisa deu muito errado — não só na educação, mas também no coração do establishment britânico.
Ame ou odeie, todo o objetivo dessas escolas é oferecer uma experiência educacional desenvolvida especificamente para as necessidades de meninos ou meninas. Para as meninas, isso pode significar oportunidades de se tornar mais confiante, assumir papéis de liderança ou destacar-se em disciplinas que podem ser estereotipicamente consideradas “masculinas”, como ciência ou matemática. Pais de estudantes da St Paul’s estão dispostos a pagar 26 mil libras por ano por essa vantagem.
No entanto, em uma sessão de treinamento recente, funcionários da escola aprenderam que existem pelo menos “150 identidades de gênero”. Se a administração da escola de fato acredita nessa bobagem, então não é só o título “head girl” que precisa ser eliminado, mas também o nome da escola junto com todos os seus critérios de admissão e seu sistema de valores. Uma escola para meninas que não é capaz de incutir em suas alunas o orgulho e a confiança no próprio sexo é pior que inútil.
Uma leva de universidades e de departamentos governamentais pode ter cortado relações com Stonewall nas últimas semanas, mas essa instituição LGBT claramente continua influente. Na semana passada foi dada uma orientação para que professores substituíssem “meninos e meninas” por “estudantes”, e dessem aulas de Educação Física mistas. Recomendou-se que estudantes trans usem os banheiros e vestiários condizentes com sua identidade de gênero, e não com seu sexo. Centenas de escolas de ensino fundamental e médio britânicas cadastraram-se como Stonewall School and College Champions — e a St Paul’s foi noticiada como uma delas.
É perfeitamente possível defender e celebrar o corpo feminino sem ser transfóbico
Aliás, no começo do mês, a St Paul’s chegou às manchetes mais uma vez por convidar uma equipe de pesquisadores norte-americanos para conversar com as alunas sobre transição de sexo. A apresentação destacou os supostos resultados positivos para a saúde mental de garotas que vivem como garotos e vice-versa. Isso não é educação, é propaganda transgênero. Ela promove uma ideologia prejudicial que pode levar garotas pelo caminho dos binders, como são chamadas as faixas usadas para esconder o crescimento dos seios, ou da terapia hormonal. Sem dúvida seria melhor para as estudantes celebrar serem garotas, e para as escolas promover as infinitas oportunidades disponíveis para as mulheres, em vez de “transicionar” meninas e mulheres.
Infelizmente, como já vimos repetidas vezes, não é só nas escolas que “feminino” se tornou um palavrão. Na semana passada, a Royal Academy retirou trabalhos da artista têxtil Jess de Wahls de sua loja depois de receber apenas oito reclamações sobre sua “transfobia”. De Wahls é uma feminista, e seu trabalho é uma corajosa celebração das mulheres e de seus corpos — uma de suas exposições se chamou Big Swinging Ovaries, algo como “Grande Ovários Balançantes”.
É perfeitamente possível defender e celebrar o corpo feminino das mulheres sem ser transfóbico, mas ficou claro que essa distinção não foi compreendida pela Royal Academy. Eles simplesmente excluíram a pecadora. Seus bordados foram retirados da loja de lembranças, e pedidos de desculpas dramáticos foram feitos para as poucas pessoas que afirmaram ter ficado ofendidas.
O crime de De Wahls não estava em suas obras, mas em seus pensamentos — em 2019 ela publicou num blog um texto crítico à questão de gênero e é perseguida desde então. Os artistas de hoje — em especial, ao que parece, as mulheres — precisam ser puros ideologicamente e não desobedecer aos deuses de Stonewall e seus discípulos nas nossas instituições culturais. Tirar artistas de circulação, impedir as mulheres de reivindicar a propriedade sobre o próprio corpo e destruir a criatividade é, aparentemente, um pequeno preço a pagar diante de oito reclamações. O desejo de aquiescer é de fato impressionante.
Escolas de elite, como a St Paul’s, estão ocupadas criando a próxima geração de estudantes da universidade woke (termo usado para identificar causas típicas das ideologias de esquerda) que vão, por sua vez, se tornar os futuros acadêmicos, curadores, editores e políticos. Eles podem ser fluentes na língua da diversidade e da inclusão, mas o zelo implacável com que esses ativistas defendem suas bandeiras não deixa espaço para a diversidade política, para as diferenças intelectuais ou mesmo para a empatia humana.
Infelizmente, com frequência são as mulheres — e as feministas em especial — que se tornam os alvos desses guerreiros woke. De Jess de Wahls a J. K. Rowling, passando por Chimamanda Ngozi Adichie, mulheres que ousam defender os direitos baseados no sexo repetidas vezes acabam sendo atacadas. Uma escola para meninas de elite alinhada com aqueles que estão preparados para apagar palavras como “menina” e “mulher” nos mostra como a ideologia transgênero se tornou bem enraizada — e como seus incentivadores são covardes.
Houve algumas reações muito bem-vindas contra essa ideologia em tempos recentes, desde instituições públicas retirando-se de Stonewall até uma importante vitória legal para Maya Forstater — uma fiscal que perdeu o emprego depois de escrever numa rede social que as pessoas não poderiam mudar o sexo biológico e que acaba de ganhar uma apelação para a Justiça —, passando pelo lançamento de uma nova rede de acadêmicos críticos das teorias de gênero na Open University. Mas isso quase não surte efeito contra a tirania do woke.
Leia também “Acreditar em sexo biológico se tornou um crime?”
Joanna Williams é colunista da Spiked e diretora da Cieo, onde publicou recentemente How Woke Conquered the World.
Um bando de imbecis querendo colocar goela abaixo de todos essa bosta.
Excelente texto. Que mundo é este no qual estamos vivendo?
Incrível como instituições seculares se submetem as políticas identitárias de parte das minorias histéricas e raivosas
Travestis podem frequentar mesquitas?
As meninas dessa escola que resolverem fazer a transição para menino, terão que migrar para outra instituição de ensino?
Zélia….. sensacional o comentário!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!
Cambada de idiotas, eita…rebotalhos, negacionistas da verdade biológica.
O mundo acabou e esqueceram de apertar o End
Não dá para acreditar no mundo que estamos vivendo!!!! Excelente artigo 👏👏👏👏
Um ditado tradicional diz que “se todos gostassem apenas do amarelo o que seria das outras cores?”. Pois nosso mundo é um só e não queremos manter minorias em guetos, não é? Por outro lado, aqueles que preferem os guetos para as minorias também estariam em sintonia com as ideias nazistas.
O feminismo é uma manifestação já anacrônica e insustentável, se concordam com o exposto anteriormente. PORÉM, estaria errado menosprezar o ovário em enaltação da transexualidade. Em verdade não faz sentido se colocar como oponentes tais definições. Simples assim, um mundo de todos e para todos. Será que as religiões iriam rever seus dogmas (?), pois a psicanálise já o fez com seus postulados ❤️.
Tati, cliquei errado e não é uma resposta para a sua mensagem e sim para a reportagem. Me desculpe.
Continuam tentando matar Eva.
Sem Eva o que teríamos ?