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Edição 74

A segunda revolução elétrica

O futuro da energia é o tema desta série de reportagens da Oeste

Dagomir Marquezi
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Pense na sua vida sem eletricidade. Por apenas um dia. Ou uma hora que seja. Nossa vida está dependendo cada vez mais de energia elétrica. Rotina, saúde, vida financeira, diversão, comunicação, trabalho, tudo hoje precisa estar conectado a uma tomada. Ou usa baterias, que mais cedo ou mais tarde terão de ser recarregadas.

Agora pense que essa necessidade tende a aumentar rapidamente, especialmente na área dos transportes. Por enquanto, pouco mais de 2% de carros e caminhões são elétricos. Mas a tendência é que essa fatia aumente muito quando os veículos se tornarem mais confiáveis e baratos. Barcos e aviões estão mudando para a eletricidade. Cerca de 75% da rede de trens de passageiros já é elétrica. Novas tecnologias, como drones, Hyperloop e maglev também funcionam com eletricidade.

Segundo a Enciclopédia Britannica, no início do século 21, 80% das fontes de energia eram derivadas de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural. Com uso minimamente racional, essas fontes podem durar até cerca de 2050.

Existem alguns fatos incômodos sobre os combustíveis fósseis que não se encaixam nos conceitos de direita e esquerda: 1) eles vão acabar, e a metade do século 21 está a apenas 29 anos de distância; 2) sua exploração não costuma ser amistosa com o meio ambiente; 3) sua emissão não faz bem para a saúde nem para a natureza. E nem falamos aqui da discutível questão das mudanças climáticas.

Vivemos a segunda revolução da eletricidade. A primeira sacudiu o mundo no final do século 19, quando os lampiões deram lugar à luz elétrica, o metrô se tornou possível e começaram a se popularizar refrigeradores e rádios.

Essa nova fase está levando a um momento em que a eletricidade deixa de ser um conforto para se tornar um fator de dependência. E precisaremos de redes cada vez mais complexas de geração de energia. Logo mais estaremos em veículos movidos a baterias e numa densa rede de sinais 5G guiando nossos dias.

É desagradável dizer isso, mas nada é completamente seguro. Os ataques de hackers estão se tornando cada vez mais ousados e poderosos, e um dos alvos prioritários são as redes de eletricidade. Uma única bomba nuclear de baixa potência que exploda em grande altitude pode torrar a rede elétrica de grandes complexos urbanos através do EMP (ou Pulso Eletromagnético).

Mas já temos pesadelos apocalíticos demais para evitar. Paralelamente à dependência cada vez maior da eletricidade, estamos em busca de novas fontes seguras e sustentáveis de energia, como o hidrogênio e a fusão nuclear.

O futuro da energia é o tema desta série de reportagens de Oeste. É um problema vital, que precisa ser equacionado com rapidez e mente aberta. Vamos analisar diversas opções, algumas mais tradicionais, outras ainda no campo da experimentação.

A primeira reportagem, do engenheiro Gerhard Walter Schultz, toca num ponto nevrálgico da realidade. Passamos as últimas décadas aprendendo a repelir a energia nuclear como perigosa, usando o caso de Chernobyl como modelo. Quando na verdade Chernobyl foi uma exceção.

Na última edição de Oeste, o climatologista Ricardo Felício deixou claro quando perguntado sobre as opções energéticas do Brasil: “Eu investiria em energia nuclear”, afirmou. “Ela é a mais eficiente e a que produz mais ocupando menos espaço, tem resíduo controlado e ainda gera desenvolvimento em qualquer lugar — uma vez que atrai um capital humano altamente qualificado. Construiria três usinas atômicas em cada uma das grandes regiões do país. Essas tecnologias estão avançando e nós estamos ficando para trás. Índia, China, Rússia, Estados Unidos e grande parte da Europa, por exemplo, são parceiros no desenvolvimento do Reator Internacional Termonuclear Experimental, o Iter [na sigla em inglês], que promete revolucionar a geração de energia”.

Leia também “Energia nuclear: vilã ou solução?”, texto de Gerhard Walter Schultz

8 comentários
  1. Luiz Antonio Moreti
    Luiz Antonio Moreti

    Me lembro muito bem, eu morava em Birigui-SP tinha lá meus 14 anos, e naquela região, muitos chefes de famílias foram pra lá trabalhar, milhares deles na construção da maior Usina Hidrelétrica construída no governos militar de Artur Costa e Silva e concluídos no governo de Emílio Garrastazu Médici.. Aquela foi uma obra estupenda, e que hoje sua demanda é pouca em relação ao consumo, acredito que vamos mesmo precisar de usar energias nucleares, para não termos mais os apagões de energia.

  2. Ronaldo Marques
    Ronaldo Marques

    Falar que “o petróleo vai acabar…” como premissa de eletrificação é o mesmo que afirmar que energia hidrelétrica é poluente. O bRasil tem dimensões continentais, e vai continuar consumindo petróleo e seus derivados para uso em transporte e em petroquímicas. O Brasil não tem dinheiro para gastar com carros elétricos, que até hoje no mundo todo só foi vendido com subsídios de impostos e mesmo assim custa o dobro de um carro movido a bateria.
    A solução para o país e’ utilizar a energia abundante de menor custo em cada região: Etanol no eixo São Paulo – Centro Oeste, gás natural e bio gás no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Sul, energia solar e éolica no nordeste. Interligar todo o sistema de transmissão do país removendo todos os obstáculos impostos pelo Judiciário e partidos nanicos de esquerda, e finalmente estimulando a construção de milhares de PCHs, pequenas centrais hidrelétricas via financiamento direto aos operadores e com contratos de venda de energia no mercado.
    Usinas nucleares são ótimas – mas são caríssimas, obrigando ao país a gastar dólares para importar todos equipamentos em um custo final por kWh completamente inviável- veja Angra 3.
    Deixem a China e a India resolver o problema ambiental deles, que são responsáveis por mais da metade das emissões do mundo.
    O problema ambiental do Brasil é a falta de saneamento: água e esgoto tratados e encanados, e eliminação dos lixões que contaminam os rios e o lençol freático.

  3. Robson Oliveira Aires
    Robson Oliveira Aires

    Ótimo texto.

  4. Marcelo Gomes Santos
    Marcelo Gomes Santos

    Acabou?!!!

  5. Edith Deamo Ferreira Pinto
    Edith Deamo Ferreira Pinto

    Para a existência de um planeta sustentável, o homem precisa estar consciente dessa evolução. Energias limpas . A energia elétrica faz parte do corpo humano. Parabéns excelente inicio.

  6. Genivaldo Pereira da Silva Junior
    Genivaldo Pereira da Silva Junior

    Excelente reportagem serve para abrir a mente de como devemos pensar em um futuro próximo sobre a questão essencial da energia elétrica

  7. Marcio Fernandes Calmezini
    Marcio Fernandes Calmezini

    Gostei. Todo esse pensamento elétrico futuro me faz lembrar de uma palestra de André Trigueiro se não me falha a memória foi no salão do automóvel de 2017 ou 2018,… onde o tema futuro é a energia elétrica pra td ao nosso redor…. da a venda da Petrobras o mais rápido possível enquanto há valor de mercado e interesse do mercado….enfim são muitas as mudanças que estão por vir e quando começar serão rápidos demais pro humano acompanhar…. taí uma reflexão pra tds nós começar a mudar a forma de enxergar o futuro muito próximo… logo aí… da energia elétrica suas transformações e seus impactos… podendo ao meu ver uma ruptura no mercado de ações com um segundo crash 100 anos depois ou seja 2029… logo aí.

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