O Artigo 220 da Constituição brasileira é de uma clareza solar. O capítulo V determina que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição”. O parágrafo 1º estabelece que “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social”. Em resumo, a lei garante a liberdade de opinião, de expressão e de imprensa.
No começo deste ano, um jornalista e um deputado federal foram presos por criticar o Supremo Tribunal Federal, arbitrariedade repetida há duas semanas com a prisão do presidente de um partido político. Poucos dias atrás, a Corte editou a Resolução 742, que cria um certo “Programa de Combate à Desinformação”. Quase diariamente, passaram a ser retirados do ar vídeos, entrevistas, programas e reportagens rotulados de fake news pelas chamadas agências de checagem e pelos funcionários das redes sociais — todos sem nome, sem rosto nem endereço conhecido —, que decidem o que pode ou não ser visto, lido ou ouvido.
Animado com essa versão brasileira do Ministério da Verdade concebido por George Orwell em 1984, o ex-presidente Lula ressurgiu num programa de rádio para reiterar o aviso: “Eu estou ouvindo muito desaforo, leio muito a imprensa e tem alguns setores da imprensa que não querem que eu volte a ser candidato, porque se eu voltar eu também vou regular os meios de comunicação neste país”. Como o entrevistador não pareceu entusiasmado com a ideia, a voz roufenha traiu o espanto: “Você não acha que a internet precisa ter uma regulamentação?”, quis saber o ex-presidiário. E mentiu de novo: “Uma regulamentação que não seja censura. Uma regulamentação que permita que a gente conduza a internet mais para o bem do que para o mal”.
É a censura anunciada, resume o título da reportagem de capa desta edição, assinada por J. R. Guzzo. “Não existe na história humana, desde que Gutemberg inventou a máquina de imprimir 500 e tantos anos atrás, nenhum episódio — nenhum mesmo — em que um governo tenha feito leis sobre a imprensa sem reduzir, prejudicar ou acabar com a liberdade da imprensa”, escreveu Guzzo.
Nenhuma democracia merece tal nome sem liberdade de expressão. Quem luta por ela não se limita a defender o próprio direito de falar. Um genuíno democrata luta com igual tenacidade para que mesmo quem dele divirja possa expor livremente opiniões e ideias, sejam elas quais forem.
Entre um soco e um pontapé na Constituição, os ministros do STF aproveitaram para retomar o debate sobre mudanças na lei que fixou regras para a demarcação das terras indígenas. O tema é dissecado na reportagem especial assinada por Cristyan Costa e Paula Leal e na entrevista com Aldo Rebelo, ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff. Ao repórter Fábio Matos, Rebelo afirmou categoricamente que ONGs usam a questão indígena com o objetivo de prejudicar o agronegócio brasileiro.
Para que os leitores conheçam melhor o pilar mais robusto da economia nacional, Oeste estreia nesta semana a seção A Voz do Agro, série de perfis dos principais nomes do agronegócio brasileiro. O capítulo inaugural, escrito por Sabrina Nascimento, retrata Júlio Cézar Busato, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. Entre outras revelações, ele conta que, até o fim do ano, peças de roupas serão vendidas com um QR Code que mostrará em detalhes toda a cadeia produtiva, da colheita até a chegada às lojas.
Outra novidade que merece destaque é a capa da edição passada, que exibia um presidiário Sérgio Cabral em movimento. Uma inovação do tipo só foi possível graças à tecnologia, ao universo digital e ao empenho da equipe comandada por Daniela Giorno, editora de arte de Oeste. Em breve, mais novidades virão. Não percam.
Boa leitura.
Branca Nunes
Diretora de Redação
Boa Branca.
Emplacou mais uma.
Parabéns para a revista e seus articulistas! Gostaria de sugerir um tema que saiu das reflexões de muitos … O que vai ser das delações de Dario Messer? Os poderosos abafaram o caso? A mídia séria e informativa perdeu o interesse?
Porque os comentários do JR Guzzo estão bloqueados? Porque não podemos dar nossa opinião sobre seu artigo?
e PORQUE vc NÂo se identifica oohh robô ??? MTM ??? aaahhh sai fora ptralha
É eita atrás de eita! Essa Revista é o oxigênio pra´ nos tirar desse ar rarefeito.
Parabéns Branca, adorei essa introdução!