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Edição 86

Síndrome da Insanidade Climática

É a histeria sobre a mudança climática que representa a maior ameaça à humanidade

Brendan O'Neill, da Spiked
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A mudança climática vai ser pior que o Holocausto. Ela vai gerar uma epidemia global de estupros coletivos. Vai haver assassinatos, guerra, massacre. Seus amigos vão morrer. Seus filhos também. O aquecimento do planeta causado pelo carbono vai causar o fim, violento e implacável, da “vida humana como a conhecemos”. Vai ser basicamente o apocalipse.

Essas são apenas algumas das alegações histéricas feitas nas discussões ligadas à COP26. Enquanto líderes mundiais iam, em suas aeronaves particulares, para Glasgow para a mais recente festividade da ONU sobre como salvar o planeta da sujeira, da soberba e da avareza, houve um grave surto de Síndrome da Insanidade Climática. Primeiros-ministros, bispos, príncipes e ambientalistas barulhentos tentam se superar com seus alertas apocalípticos. Tem sido uma triste competição de catástrofes, uma orgia de profecias hiperbólicas que não pareceriam fora de lugar no Livro das Revelações, da Bíblia.

Tudo começou meses antes da COP26. Quando o IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, publicou seu relatório mais recente em agosto, jornalistas delirantes em todo o mundo ocidental estavam procurando seus dicionários de sinônimos para fazer seus pobres leitores entenderem o tamanho do pesadelo que as promessas do futuro representam. É um “alerta vermelho” para a humanidade, todos insistiram, de maneira uniforme. Se não controlarmos as emissões de carbono logo, “no futuro nosso clima pode muito bem se tornar uma espécie de inferno na Terra”, afirmou Tim Palmer, da Universidade de Oxford. “O planeta está pegando fogo, e a culpa é nossa — vamos todos viver no inferno”, declarou o Guardian, parecendo um pastor milenar e lunático. Cada evento climático desagradável foi covardemente colocado aos pés da humanidade. “Com incêndios descontrolados, enchentes e pandemias, parece o Fim dos Tempos — e a culpa é toda nossa”, afirmou um colunista. Esses brandimentos febris do relatório do IPCC como uma espécie de indiciamento divino da humanidade criaram o cenário para a loucura que vimos a respeito da COP26. O arcebispo da Cantuária, a suposta âncora moral do Reino Unido, deu o tom com sua perversa insistência de que as consequências da mudança climática vão ofuscar até mesmo o maior crime da história — o Holocausto. Será um genocídio “em uma escala infinitamente maior”, disse ele. Desde então, o arcebispo se desculpou por seu lamentável uso dos horrores do Holocausto para a causa das classes médias queixosas pelo meio ambiente.

Boris Johnson, que apenas alguns anos atrás escrevia colunas de jornal falando mal da histeria ecológica, afirma que a mudança climática é um marcador de tempo do Juízo Final na contagem regressiva para uma “detonação que vai acabar com a humanidade como a conhecemos”. Se não reduzirmos as emissões de carbono, logo será “tarde demais para as nossas crianças”, ele declarou, numa implicação clara de que a mudança climática vai deixar para a próxima geração uma terra arrasada à moda Mad Max, em que a vida quase não valerá a pena viver. “Falta um minuto para a meia-noite”, anunciou Boris. Na verdade, contribuiu o arcebispo da Cantuária, “o tempo acabou”. Decidam — o apocalipse chegou ou o apocalipse está quase chegando?

O tempo está “literalmente esgotado”, afirmou o príncipe Charles. Ele disse que precisamos assumir uma “posição de guerra” em relação à mudança climática. A mudança climática é “outra forma de guerra”, e logo precisaremos fazer racionamentos, como viagens de avião, comentou a famosa viajante Joanna Lumley. Se a COP26 falhar, será uma “sentença de morte” para a humanidade, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Estamos cavando nossas covas”, alertou.

Claro, coube ao Extinction Rebellion, o culto de morte da classe média, dizer com todas as letras o que as elites globalistas apenas insinuam. Cameron Ford, porta-voz viral do movimento Insulate Britain, dissidência do Extinction Rebellion, declarou em uma entrevista para o colunista e ativista político Owen Jones que a mudança climática vai significar a escassez dos alimentos e o “colapso da sociedade”. E aí? “Vocês vão ver massacres. Vocês vão ver estupros. Vocês vão ver assassinatos.” E piora, acredite ou não. “Nossos amigos, nossos irmãos e nossos filhos — vamos perder tudo o que amamos.” Versão resumida: todo mundo vai morrer. Owen Jones não rebate em nenhum momento essas afirmações lunáticas e totalmente não científicas.

Então, descobriu-se que o próprio Nostradamus da Extinction Rebellion — seu famoso cofundador maluco Roger Hallam — tem previsto fervorosamente a decadência da humanidade a um inferno bárbaro na Terra. Foi revelado um documento que ele escreveu no ano passado enquanto estava preso por suspeita de conspiração para cometer atos criminosos, com o alegre título de “Advice to Young People, as You Face Annihilation” (“Conselho para os jovens, uma vez que vocês estão diante do aniquilamento”, em tradução livre”), desenhando um cenário do futuro que faria João, o Presbítero estremecer.

Vamos assistir ao “colapso da nossa sociedade”, diz Hallam. E, assim como todos os melhores profetas malucos, ele sabe exatamente o que vai acontecer em seguida. “Uma gangue de garotos vai invadir a sua casa exigindo comida. Eles vão ver sua mãe, sua irmã, sua namorada, e vão estuprá-las coletivamente na mesa da cozinha. Vão forçar você a assistir, rindo de você. No fim, vão acusar você de gostar do que viu. Vão pegar um cigarro e queimar seus olhos. Você nunca mais vai ver nada. Essa é a realidade da mudança climática.”

Você foi avisado. É melhor começar a reciclar.

Pode ser tentador olhar para as profecias desvairadas de Hallam como só mais um surto de um homem tão esquisito de quem até mesmo os ecoloucos do Extinction Rebellion se afastaram. Mas na verdade ele está só engordando o boi da Síndrome da Insanidade Climática das elites. Quando pessoas como Hallam e Ford preveem massacres, estupros e queima de olhos em um futuro transformado em poeira pelas emissões de carbono, eles estão apenas colocando tintas pornográficas no consenso das elites de que a mudança climática vai ser um evento no nível do Holocausto, em que milhões vão morrer. Não existe nenhuma diferença entre a profecia do arcebispo da Cantuária de uma calamidade climática pior que o Holocausto e os vaticínios milenares de Cameron Ford sobre massacres, estupros e assassinatos. Eu gostaria de ver uma distinção significativa entre a previsão do professor Tim Palmer sobre o “inferno na Terra” e as visões da cadeia de Roger Hallam do inferno na Terra.

Precisamos falar sobre isso. Precisamos falar sobre a Síndrome da Insanidade Climática e como ela se tornou totalmente descontrolada. Para ser mais específico, precisamos falar sobre como esse modo de pensar é perigoso para a razão, a liberdade e a prosperidade futuras da humanidade. Aliás, não é a mudança climática que ameaça desfazer as grandes conquistas da civilização humana — é a histeria sobre a mudança climática.

A primeira coisa a notar sobre a Síndrome da Insanidade Climática, quer ela esteja nos bloqueios chiques do Insulate Britain, na Clarence House ou na Igreja Anglicana, é que ela não tem absolutamente nada a ver com a ciência. Essa eco-histeria consegue destruir o mito de que o ambientalismo contemporâneo é um movimento orientado pela ciência, preocupado apenas em agir diante dos alertas contidos nos gráficos e nos modelos elaborados pela climatologia. Quero ver alguma pesquisa científica que diga que uma gangue de meninos vai estuprar a sua mãe se não atingirmos a neutralidade de carbono até 2030. Onde está o estudo revisado por pares que indica o momento em que massacres, estupros e genocídio vão ocorrer se os nossos governos não conseguirem reduzir o uso de combustíveis fósseis?

De forma vergonhosa, Boris Johnson fez eco para as críticas retrógradas à Revolução Industrial

Claro que esses estudos não existem. Essas alucinações dos horrores do futuro surgiram no reino da fantasia, não na ciência. São os preconceitos misantrópicos das classes médias deprimidas, não projeções científicas. Elas emergiram do poço de medo existencial em que as elites contemporâneas chafurdam, não da modelagem sensata e equilibrada. E a verdade é que já faz tempo que isso tem acontecido com o alarmismo da mudança climática. “Ciência” é a roupagem jogada sobre o que na realidade é o presságio do Fim dos Tempos dessas elites confusas do novo milênio. “Mudança climática” é o conceito genérico de juízo final por meio do qual a burguesia ocidental expressa sua noção de exaustão moral, política e econômica. Todas as conversas recentes sobre fim do mundo e genocídio revelam o grau extraordinário em que a questão da mudança climática foi transformada em catástrofe; como ela se tornou, de um problema totalmente administrável, em um apocalipse que a modernidade provocou para si mesma; de uma teoria científica sobre o impacto do ser humano no planeta para uma prova definitiva e inquestionável da insensatez da era industrial; de um desafio entre muitos que a humanidade enfrenta no século 21 para uma condenação de toda a espécie humana. Em resumo, de uma incógnita técnica para uma revelação divina dos males do ser humano ganancioso e trabalhador.

A Síndrome da Insanidade Climática é, na raiz, uma revolta contra a modernidade. É um grito de angústia reacionário, romântico e nostálgico contra o mundo incrível de produção e consumo que o ser humano criou nos últimos 200 anos. É por isso que algumas pessoas na COP26 denunciaram abertamente a Revolução Industrial. Primeiro veio Greta Thunberg, a profetisa do fim do mundo do ambientalismo moderno. Raivosa, ela denunciou o governo britânico como os “vilões do clima”. O Reino Unido, disse ela, é em grande parte responsável pelos horrores da mudança climática — isso “mais ou menos… começou no Reino Unido, uma vez que foi lá que a Revolução Industrial teve início, onde começamos a queimar carvão”.

De forma vergonhosa, Boris Johnson fez eco para as críticas retrógradas à Revolução Industrial. Em seu discurso na COP26, ele destacou que Glasgow foi o local onde o motor a vapor, “produzido pela queima de carvão”, nasceu. Essa, nas palavras dele, foi “a máquina do apocalipse” que nos levou à situação preocupante em que nos encontramos agora.

Esqueçam os michês ou as comparações entre niqabs e caixas do correio — esse desprezo à moda Greta sobre a Revolução Industrial foi, sem dúvida, a coisa mais ridícula e ofensiva que Boris já disse. Ouvir o líder eleito do Reino Unido descrever as extraordinárias contribuições do Reino Unido à industrialização como os primeiros passos do “fim do mundo” é realmente deprimente. Os britânicos não deveriam sentir vergonha da Revolução Industrial, como Boris, Greta e os ecopenitentes sugerem. Os britânicos deveriam sentir um imenso orgulho dessa reestruturação radical dos processos de produção e transporte. É possível que a Revolução Industrial tenha sido o evento mais importante na história da humanidade. Seu impacto positivo para a expectativa de vida, o conhecimento, a liberdade e a igualdade, não só no Reino Unido, mas no mundo todo é quase incalculável.

Foi a Revolução Industrial que afastou a população da servidão brutal e extenuante nos campos para as cidades loucas e vibrantes de Londres, Manchester, Sheffield e Glasgow. Ela revolucionou a maneira como trabalhamos, como vivemos, como enxergamos a nós mesmos. Foi o berço da solidariedade, da luta e das reivindicações pelo direito ao voto, ao emprego, à educação. Não é coincidência que a expectativa de vida fosse deprimentemente baixa durante toda a história humana até a Revolução Industrial, quando começou seu aumento constante e impressionante. Sem essa revolução, a maioria de nós ainda estaria presa à terra, nunca indo além da cerca da fazenda, sem saber ler, morta aos 35 anos. Esse é o idílio com que os ecorretrógrados sonham? Essas pessoas são tão analfabetas em termos de história quando são falsamente ligadas à ciência.

O escárnio que a COP26 faz da Revolução Industrial — mais do que isso, a descrição desse evento como o ponto de partida do genocídio climático vindouro — lança uma luz difícil sobre o que está movendo a histeria verde da atualidade. Não é o vapor nem o carvão, sem dúvida. Não, é a perda de fé das elites na modernidade e no projeto humano de modo mais amplo. É por isso que a histeria da mudança climática é um problema muito maior para a humanidade do que a mudança climática em si. Como Bjorn Lomborg explicou recentemente na Spiked, a mudança climática é um “problema mediano”. É a insanidade sobre a mudança climática e sua representação como o Fim dos Tempos que nós provavelmente merecemos o que de fato prejudica e compromete a nossa civilização. Com seu desdém misantrópico pelo comportamento e pelas aspirações humanas, com seu tratamento revisionista do nascimento da modernidade como essencialmente um crime contra a mãe natureza, com suas exigências incessantes pelo controle do crescimento econômico, e com sua rotulação censuradora de qualquer pessoa que questione alguma parte da agenda verde obsoleta como “negacionista”, esse alarmismo em relação à mudança climática é uma ameaça clara ao crescimento, à democracia, à liberdade de expressão e ao direito de sonhar com um futuro ainda mais próspero para todos.

O príncipe Charles está certo ao dizer que precisamos assumir uma “posição de guerra”. Mas não contra a mudança climática. E sim contra esse contínuo menosprezo pelas conquistas da humanidade e contra a alegação falsa e maléfica de que o homem moderno é uma praga para o planeta. Esse pensamento apocalíptico artificial ameaça comprometer muito mais a impressionante civilização que criamos do que um pouco de carbono.


Brendan O’Neill é jornalista-chefe da Spiked e apresentador do podcast The Brendan O’Neill Show. Ele está no Instagram: @burntoakboy

Leia também “O mundo precisa aprender com o Brasil”

11 comentários
  1. F Danilo Amaral Ramalho
    F Danilo Amaral Ramalho

    Este Brendan é muito bom com a pena! E o tradutor merece nota 10.

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Por que as autoridades não se pronunciam a respeito dessa mentira absurda de aquecimento global. Essas autoridades tão sabendo que isso é uma invenção dos Meta-capitalistas, apoiados pelo IPCC que é uma farsa de cientistas e pseudo-cientistas. Os homens sérios de ciência também devem se pronunciar a respeito dessa falta de vergonha na cara dessa corja de pilantra na Nova Ordem Mundial que sai comprando os maus-caráter travestidos de autoridades

  3. Marco Polo Gerard Bondim
    Marco Polo Gerard Bondim

    O que há, na realidade, é um misto de pessoas mal intencionadas que juntas a ignorantes, se utilizando de medo e pânico, tentam forçar com que outros lhes atendam em suas necessidades.

    Não é apenas casual que a ênfase do vaticínio do fim do mundo em razão do clima na terra venha justamente dos países do Velho Mundo, países esses que, coincidentemente, já exauriram praticamente seus recursos naturais, principalmente suas florestas, áreas agricultáveis e minerais, carecendo, naturalmente, de recursos naturais para sustentar seus povos e manterem suas economias ativas e viáveis, sem que, no entanto, por arbítrio próprio, optem à providenciar o replantio de seus estados para retorno à condições mais favoráveis.

    Se utilizando da má-fé peculiar à maioria desses cidadãos no topo de governos e entidades, impondo medo e tocando pânico, profetizando o armagedon onde somos nós as forças do mal a vencer, tentam nos obrigar à cessão de parte de nossas riquezas naturais e território, com o ilibado propósito de salvar a humanidade de nós, que segundo suas “ciências”, somos nós os reais algozes da humanidade, embora evidentemente de quem mais economizou e mais preserva seus recursos e florestas naturais.

    É tipicamente o caso de Robin Hood às avessas – roubar dos mais incipientes a favor dos reis, barões e do alto clero, que nunca abriram mão para menos consumir -, mas, infelizmente, é o que incendeia os olhinhos do pessoal dos cursos de Direito daqui, dos ungidos procuradores, juízes, desembargadores e ministros, justamente, geralmente, os mais limitados que optaram pelos cursos mais acessíveis e fáceis, onde a lógica e a coerência não consegue sequer passar na porta, o que lhes garante a incapacidade de entender o que na realidade ocorre, lhes tirando os pés do chão a ponto de trabalharem juntos, às novas versões de colonizadores, contra o próprio País!

    1. Fernando Luiz Teixeira Dantas
      Fernando Luiz Teixeira Dantas

      Totalmente de acordo. O Judiciário, composto por fantoches globalistas e pseudoprogressistas nas camadas hierárquicas superiores e por lorpas de notável estupidez e desconhecimento da realidade do método científico nas amplas fileiras inferiores, mas ainda eivadas de benefícios pagos por nós, contribuintes, é o maior mal que assola o país.

      1. Marco Polo Gerard Bondim
        Marco Polo Gerard Bondim

        Exato, é um mal institucionalizado, fantoches mal preparados a serviço do socialismo e dos globalistas, o que nos obriga a continuadas e reiteradas manifestações críticas e reivindicações de higienização daquela Casa até a substituição de todos os atuais Ministros, e num novo processo que não tenha apenas como pré-requisitos o bacharelado em Direito e o de agradar ao principal Gestor do país no momento de suas as indicações!

  4. Marco Vales
    Marco Vales

    Como diria minha querida avó Florinda: o que esse pessoal precisa é de um bom tanque, água, sabão e muita roupa para lavar.

  5. Robson Oliveira Aires
    Robson Oliveira Aires

    Excelente texto. Perfeito. Parabéns.

  6. Guilherme Gomes De Almeida
    Guilherme Gomes De Almeida

    Perfeito ao identificar o verdadeiro problema, a forma como lidamos com a recente pandemia me veio à cabeça varias vezes durante a leitura!

  7. Silas Veloso
    Silas Veloso

    Lúcido & corajoso artigo!

  8. Rodrigo Kairys
    Rodrigo Kairys

    Que texto incrível! Impecável.

  9. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Ninguém melhor do que Greta pra falar de mudança climática, lógico, ela passou 40 anos dentro de um laboratório
    pesquisando sobre o processo cíclico de glaciação versos lei da gravidade, a Nova ordem mundial só tem a agradecer a pequena cientista

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