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Carnaval no Sambódromo Marquês de Sapucaí | Foto: Celso Pupo/Shutterstock
Edição 92

Vai ter Carnaval? Vai, sim, senhor!

Ao cancelar o réveillon no Rio de Janeiro, a procura por hotéis na cidade caiu até 80%

Bruno Meyer
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Farra carioca…

Quem esteve com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, nas últimas semanas tem opinião unânime: ele só deu o primeiro passo para anunciar o cancelamento do réveillon no início do mês — e depois voltar atrás, ao liberar os fogos de artifício pela cidade — por conta da pressão da imprensa e sobretudo para poupar o Carnaval da cidade. O anúncio de Paes, com declarações de que “respeitamos a ciência”, foi o caos para serviços que lucram com a virada, como hotéis. Na semana da declaração, a procura, que ia muito bem, caiu até 80% em alguns lugares. 

…e baiana

Quem comanda algumas das festas ou camarotes da Marquês de Sapucaí também é unânime em dizer: o Carnaval carioca vai acontecer, com ou sem avanço da variante Ômicron no país. O otimismo não é o mesmo na Bahia. A dificuldade de prefeituras e empresas privadas que organizam festas está agora em atrair polpudos patrocinadores, como bancos e cervejarias. Elas negaram patrocínio para a maioria. Não por falta de dinheiro. Mas por não querer, neste ano, associar a marca com a festa do Carnaval.

De Salvador para o mundo!

Artistas que estão cancelando shows no Carnaval de Salvador estão abertos para conversar para festas e shows na mesma época em outras regiões. O único que se mantém firme e não se apresentará em nenhum lugar é Gilberto Gil, dono — ao lado da mulher, Flora — do Expresso 2222, um dos maiores camarotes do circuito Barra–Ondina.

Open bar diferente

A carteira de vacinação vai ser o principal documento exigido em algumas das festas de réveillon mais procuradas em praias do Nordeste. Em Itacaré, na Bahia, a festa organizada por José Victor Oliva terá um centro de monitoramento para detectar se os frequentadores estão com sintomas de resfriado e gripe. O open bar também não terá garçons servindo bebidas aos presentes. “Cada um se serve. O réveillon é só o início de uma forma de construir eventos no Brasil”, diz Ju Ferraz, diretora da Holding Clube, grupo paulista que organiza o evento e tem disponíveis menos de 10% dos ingressos para atingir a lotação. “Esperava aderência, porque todo mundo quer viver e agradecer por estar vivo e com saúde neste ano com tantas alterações, mas a gente não imaginava que fosse esse sucesso todo.”

Rooftop do Hotel Emiliano, no Rio de Janeiro | Foto: Divulgação

Sem check-in

O Emiliano, símbolo de luxo no ramo hoteleiro em São Paulo e Rio, assina na próxima semana o quarto contrato da marca v3rso. O projeto é de autoria do CEO do hotel, Gustavo Filgueiras, e está centrado em expandir os negócios da rede, usando a grife de luxo numa versão mais em conta, mas com o mesmo padrão de qualidade. A gênese está no que Filgueiras pensa como sendo o futuro da hotelaria no mundo, com mais tecnologia no acesso a serviços e sem grandes interações humanas. Ele conta que muitos hóspedes atualmente não gostam nem que uma pessoa carregue as malas até o quarto — e aposta que check-in será coisa do passado. O v3rso expande para um público de 30 a 40 anos, mais jovens do que os tradicionais frequentadores do hotel (que estão na faixa de 45 a 50 anos), e por cidades brasileiras que buscam serviços de altíssima qualidade por até um terço de uma tarifa do hotel (em média, a diária no Emiliano da Rua Oscar Freire, em São Paulo, está em R$ 2.300). Nos próximos quatro anos, Filgueiras quer abrir 25 hotéis em parceria com incorporadoras no modelo v3rso no Brasil, em lugares como Londrina, Belo Horizonte, Curitiba e Fortaleza. Os investimentos da nova marca somam R$ 10 milhões nos próximos cinco anos.

Recorde em 2021

A circulação das pessoas nas metrópoles aumentou vertiginosamente o serviço de hotéis. Outubro, por exemplo, foi o melhor mês em faturamento da história do Emiliano, desde a fundação da rede, em 2001. Mais um recorde foi batido em novembro, superando em 20% o mês anterior. “Apesar do primeiro semestre ter sido desafiador, a retomada do último trimestre superou o orçamento esperado”, diz Filgueiras. Além disso, os pacotes mais caros para a virada do ano na unidade carioca do Emiliano, na Avenida Atlântica, em Copacabana, foram os primeiros vendidos. Para quatro noites, casais chegaram a pagar quase R$ 90 mil, incluindo a festa da virada, na piscina panorâmica. Há opções agora na casa dos R$ 30 mil, para quatro noites. A ceia de réveillon do hotel em São Paulo está em mais de R$ 5 mil. 

Virada milionária

Sempre foi caro, mas neste ano está mais. O Copacabana Palace, fundado em 1923, cobra cerca de R$ 70 mil por um pacote do dia 28 de dezembro a 3 de janeiro, incluindo a festa da virada. Em São Paulo, o Palácio Tangará fecha atualmente apenas pacotes de seis diárias, incluindo a ceia de 31 de dezembro, pela cifra de R$ 28 mil. 

Padre Reginaldo Manzotti | Foto: Divulgação

Novo livro

Fenômeno de vendas no país, o padre Reginaldo Manzotti prepara um novo livro, com lançamento para março de 2022, editado pela Petra, do grupo Ediouro. A obra — ainda sem título definido — gera expectativa, porque os eventos do paranaense Manzotti, incluindo shows em cidades como Fortaleza, onde já juntou 1,2 milhão de pessoas na Praia de Iracema, sempre reúnem milhares de fiéis. O padre vendeu mais de 6 milhões de livros em 22 títulos, sendo Batalha Espiritual o principal e o mais vendido do país em 2017.

O fim dos carros populares…

No ano em que o Onix, carro de entrada da Chevrolet, passou a custar R$ 91 mil, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, dá um banho de água gelada. Para ele, também executivo da Mercedes-Benz, o carro popular no Brasil acabou — e não voltará mais. “Não existe mais a figura do carro pé de boi, sem segurança, sem airbag”, disse a Oeste. “A sociedade não aceita mais esse tipo de veículo. Para cumprir as exigências, como redução de consumo e de emissões, é preciso mais investimentos e, por isso, os veículos ficam mais caros. O carro básico não vai existir mais.”

…e a mudança do desejo do brasileiro 

Pablo di Si, argentino que acaba de deixar a presidência da Volkswagen para se tornar líder do conselho de administração da montadora alemã, corrobora a tese de Moraes e explica que a segurança foi um dos maiores motivos para a empresa anunciar neste ano o fim do Gol, carro mais vendido da indústria automobilística do Brasil. Há 16 anos no país, Pablo foi um dos executivos do setor que mais fizeram pesquisas para identificar o desejo do brasileiro no tema carro. Há mais de 15 anos, os consumidores privilegiavam o preço — qualidade e segurança figuravam em sétimo lugar. “Hoje, tudo mudou”, conta. “Os consumidores querem design bonito, conectividade (seja do básico ao luxo) e, em terceiro lugar, segurança. Esse último foi o que me deixou mais feliz.” 

Cena da novela Avenida Brasil, da TV Globo | Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo

Janela de uma nação

Em dezembro de 1951, a extinta TV Tupi colocava no ar a primeira novela brasileira, Sua Vida Me Pertence, com Lima Duarte. A produção não poderia imaginar que daria o pontapé em um dos principais e mais importantes produtos de entretenimento do Brasil, responsável por colocar milhões de pessoas diariamente na frente da televisão durante décadas. A influência e a relevância da novela brasileira perderam a potência de antigamente, mas ela ainda se mantém firme na grade de programação das TVs abertas: a Globo tem sete horários destinados às exibições de folhetins; o SBT, quatro; Record, três; e TV Brasil, uma. No total, 15 produções, entre reprises e inéditas. Para celebrar os 70 anos do formato no Brasil, data registrada na última semana, Oeste conversou com Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP e o maior especialista do gênero. Confira os melhores trechos da entrevista: 

A novela no Brasil segue relevante? 

É bem verdade que o gênero já não tem a mesma representatividade. As décadas de ouro da telenovela vão dos anos 1970 até fins da década de 1990. De qualquer maneira, o gênero segue em produção sistemática e é parte fundamental da indústria cultural brasileira. Ao longo de sete décadas, a telenovela revelou, sob o ponto de vista artístico, uma identidade nacional. Expôs nossas mazelas, nossos conflitos sociais, psíquicos e econômicos. 

Quais foram as maiores novelas que consolidaram o gênero no Brasil nesses 70 anos?

2-5499 Ocupado (1963), Redenção (1966/1968), Beto Rockfeller (1968), Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra (1972) e O Bem-Amado (1973), a primeira novela em cores e a primeira a conquistar o mercado estrangeiro. Mas há outros exemplos para a consolidação do gênero, como Gabriela (1975) e Escrava Isaura (1976). E certamente desdobramentos foram ocorrendo para a permanência do gênero, como Os Imigrantes (1981), Pantanal (1990), Guerra dos Sexos (1983), Avenida Brasil (2012) e Os Dez Mandamentos (2015). 

Gigantes do streaming — da Netflix à WarnerMedia (dona da HBO Max) — anunciaram interesse em investir na produção de novelas no país. O que podemos esperar delas no streaming?

A fórmula do velho folhetim resiste mesmo com a chegada do cinema, o advento do rádio e das revistas de fotonovelas e, enfim, com a criação da televisão. Resiste porque em seu DNA está a capacidade de se adaptar a novos tempos e o compromisso em refletir o público com o qual dialoga, por vezes influenciando-o, por vezes sendo influenciado. Daí o interesse dos gigantes do streaming em, acertadamente, incluir a novela em seu cardápio. 

Com tanta novela, não há o risco de saturação?

Não. Creio num cardápio variado, a exemplo de filmes, séries e minisséries que compõem o amplo, rico e complexo comportamento humano.  

[email protected] 

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4 comentários
  1. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Tudo passa, os valores mudam. Os valores éticos não mudam, só se virarmos mutantes

  2. Paulo Ferreira
    Paulo Ferreira

    Faltou lembrar Roque Santeiro

  3. Luzia Helena Lacetda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacetda Nunes Da Silva

    Adoro o Bruno.
    Fazia muita falta uma coluna de notas curtas, ágeis e com o português impecável.

    1. Maria Cristina Cordeiro Batista
      Maria Cristina Cordeiro Batista

      Também gosto muito dessa coluna ! Abs

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