Tomara que fossem apenas os desafios externos. A cada dia, as complicações domésticas parecem tornar-se muito mais perturbadoras. De 2014 a 2018, os brasileiros tiveram a sensação de que a lei, enfim, começara a valer para todos. Corruptos de colarinho-branco, pela primeira vez na história do país, dividiam celas de penitenciárias com figurões da política. E alguns dos milhões de reais embolsados por corruptos foram devolvidos aos cofres públicos.
A empreiteira Keppel Fels, por exemplo, restituiu quase R$ 700 milhões. Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobras, desembolsou R$ 1,2 milhão. “A Lava Jato entrega o maior valor já devolvido na história brasileira, mais de R$ 1 bilhão”, comemorou, em agosto de 2018, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato. “Muitas pessoas disseram que a gente jamais conseguiria recuperar esse dinheiro.”
Mais de três anos (e muitos culpados absolvidos pelo STF) depois, empresas e pessoas físicas agora querem repetir o confisco da fortuna alheia. Esses e outros episódios consolidaram a criação do faroeste à brasileira. O enredo se baseia em fatos, nada é fictício. Segundo Augusto Nunes, os bandidos é que perseguem mocinhos, bandidos e juízes. Até agora, o final feliz tem favorecido os fora da lei.
Em 2021, enquanto o país era arrasado por avanços da pandemia de coronavírus, um grupo de senadores — entre os quais havia frequentadores assíduos de reportagens político-policiais — torturava a verdade na CPI da Covid. “Durante seis meses, dia após dia, a população foi informada que o presente governo federal tinha sido destruído por uma explosão termonuclear e que estava nos últimos frangalhos”, observou J.R. Guzzo. Passados 180 dias, a turma não foi capaz de produzir uma única acusação que pudesse ficar de pé do ponto de vista judicial. “Os jornalistas foram os verdadeiros palhaços da CPI”, concluiu Guzzo.
Atualmente, boa parte dos tormentos impostos à economia do Brasil resulta dos boicotes relativos ao agronegócio. “Os sabotadores da agricultura e da pecuária nascem em organizações não governamentais, brotam em redações jornalísticas, desenvolvem-se em agências de publicidade, crescem em gabinetes de Brasília, proliferam em governos estrangeiros e se camuflam nas chamadas ‘revistas especializadas’”, mostra a reportagem de capa desta edição. O mais recente ataque contra o agro brasileiro é um artigo publicado na revista Biological Conservation, recheado de críticas à Embrapa, em geral, e, em particular, a Evaristo de Miranda, um de seus mais respeitados pesquisadores.
A ofensiva seria menos assombrosa se partisse de alguma das numerosas nações incapazes de competir com o nosso país. Mas o golpe baixo foi desferido por brasileiros. É um tiro no próprio pé.
Boa leitura.
Branca Nunes
Diretora de Redação
Excelente artigo.
Sem meias verdades!!!
Sobre o artigo “os palhaços da CPI”, do grande Guzzo, quero dizer que até os grandes se enganam as vezes. O objetivo da CPI foi enterrar e acabar com a reputação de medicos e cientistas que tinham PROVAS da eficácia de remédios proibidos. Não era derrubar governo nenhum, era apenas desgastar o governo para “justificar” as pesquisas. A Globonews e CNN é também até a JP passaram exaustivamente ao vivo essa CPI. A CPI não provou nada e nem vai provar. Mas o objetivo foi alcançado. As urnas eletrônicas ficaram em segundo plano, continuou morrendo gente de covid com ou sem lockdown, com ou sem vacina e deram a Folha de SP a oportunidade de manipular as pesquisas. C’est la vie.
Parabéns pela revista, que se torna indispensável a cada semana.
Nada como um dia atrás do outro. Hoje, já distinguimos quem são os Patriotas, que trabalham em favor da Nação e os Anti-Patriotas, aqueles que só querem se servir dela. Na eleição de outubro, saberemos colocar os Pingos nos Is.