Um avanço nas pesquisas sobre a doença de Alzheimer finalmente pôde responder a uma pergunta que os cientistas vêm fazendo há anos. Os pesquisadores descobriram como as células cerebrais morrem quando os pacientes desenvolvem a demência. O novo estudo foi divulgado num artigo publicado no periódico científico Science.
Bart De Strooper, membro do Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido, disse à emissora BBC: “Esta é uma descoberta muito importante e interessante. Pela primeira vez, temos uma pista de como e por que os neurônios morrem durante o avanço da doença de Alzheimer. Houve muita especulação durante os últimos 40 anos, mas ninguém foi capaz de identificar esses mecanismos”.
Uma equipe de cientistas da Bélgica e do Reino Unido transplantaram células cerebrais humanas em cérebros de ratos geneticamente modificados, os animais foram programados para produzir grandes quantidades de amiloide anormal — um tipo de proteína —, segundo os pesquisadores.
A descoberta
Com esse experimento, a equipe de cientistas descobriu que a doença de Alzheimer progride por meio da necroptose — uma espécie de “suicídio celular”. As pessoas que sofrem com essa demência perdem células cerebrais e apresentam um acúmulo de proteínas anormais chamadas amiloide e tau, o que desencadeia os sintomas da doença — incluindo perda de memória.
Segundo o site Alzheimers.org, a amiloide é “uma proteína encontrada em nossos cérebros e corpos, mas na doença de Alzheimer, a amiloide une-se e forma aglomerados de tamanhos diferentes que mais tarde se tornam placas no tecido cerebral”.
Tau é uma proteína que “forma filamentos insolúveis que se acumulam como emaranhados neurofibrilares durante o avanço da doença de Alzheimer e tauopatias relacionadas”, como explica a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA.
Por que ocorre essa acumulação?
Contudo, foi somente com essa descoberta recente que os cientistas compreenderam o porquê da ocorrência da acumulação de proteína no tecido cerebral. Os pesquisadores agora acreditam que a amiloide anormal começa a acumular-se nos espaços entre os neurônios, provocando inflamação cerebral que resulta numa alteração química interna.
Assim, à medida que os emaranhados de tau acumulam-se, as células cerebrais começam a produzir moléculas do Gene 3 Expresso Maternamente, processo que desencadeia a necroptose.
De Strooper observou que essa descoberta poderá levar a “uma linha totalmente nova de desenvolvimento de medicamentos”. Porém, apesar de representarem um enorme avanço na medicina, essas descobertas levarão anos para terem efeitos práticos.