Desde dezembro de 2021, medicamentos para tratar o câncer de mama foram incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda não estão disponíveis para os pacientes. A principal razão é a falta de publicação do novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). Esse documento é que define práticas ideais para diagnóstico e tratamento.
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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, havia prometido em novembro a publicação do PCDT, mas isso não ocorreu. Os inibidores de ciclina, importantes para tratar câncer de mama metastático hormonal e HER2 positivo, deveriam estar disponíveis desde junho de 2022.
Esse atraso soma agora 854 dias. Isso ocorre pois a política nacional de controle do câncer exige que, depois da aprovação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), medicamentos sejam oferecidos em até 180 dias.
Impacto na vida das pacientes do SUS
Esse atraso impacta o tratamento de pacientes do SUS, que não têm acesso aos mesmos recursos disponíveis na rede privada. Oncologista dos Hospitais 9 de Julho, Santa Paula e Hospital da Mulher, em São Paulo, Renata Arakelian ressaltou ao jornal Folha de S.Paulo que a ausência dos inibidores de ciclina no SUS gera desigualdades.
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“As pacientes que não recebem o inibidor de ciclina vivem menos do que as pacientes que recebem”, afirmou Renata. “Eu, por exemplo, que atendo tanto no sistema privado quanto no público, vejo a diferença. A gente trata diferente as pacientes do público e do privado e vemos que as pacientes têm oportunidades de vida diferentes, porque elas não têm acesso ao medicamento”.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 74 mil novos casos de câncer de mama devem ocorrer até 2025. Desse total, aproximadamente 30% podem evoluir para a forma metastática.
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Desde a incorporação dos inibidores de ciclina pela Conitec, mais de 43 mil novas pacientes iniciaram tratamento para câncer de mama metastático sem acesso a esses medicamentos essenciais.
Essa é a realidade lá dentro. Kaos