Funcionária de laboratório é presa por suspeita de envolvimento na contaminação de HIV de transplantados

Policiais civis da Delegacia do Consumidor (Decon) prenderam Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora técnica do Laboratório PCS Saleme. Ela é suspeita de envolvimento na emissão de laudos falsos, que resultaram em contaminação por HIV em pacientes transplantados. A prisão, que ocorreu neste domingo, 20, em Belford Roxo (RJ), faz parte da segunda fase da Operação Verum.

Conforme as investigações, houve falha no controle de qualidade dos testes, com o objetivo de reduzir custos. As análises das amostras deixaram de ser diárias e passaram a ser semanais. Em depoimento, o técnico Ivanilson Santos, preso anteriormente, afirmou que Adriana ordenou economizar no controle de qualidade.

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Adriana negou as acusações, conforme o delegado Wellington Pereira, responsável pelo caso. Outras duas pessoas foram levadas para a Decon, na Cidade da Polícia, para prestar depoimento. Um deles é um ex-sócio do laboratório. Ambos foram liberados depois de serem ouvidos.

Na primeira fase da operação, realizada na segunda-feira 14, duas prisões ocorreram e outras duas pessoas se entregaram posteriormente. A Justiça manteve a prisão temporária dos quatro funcionários do laboratório. A polícia continua a analisar documentos e os materiais apreendidos.

O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que os investigados, junto do Laboratório PCS Saleme, emitiram dezenas de resultados falsos para HIV, incluindo exames de crianças. Eles enfrentam várias ações por danos morais e materiais.

Com o avanço das investigações, a Secretaria de Estado de Polícia Civil desmembrou o procedimento que investiga os laudos falsos, emitidos pelo laboratório, e abriu novo inquérito para investigar o processo de contratação da empresa. A ação conta com o apoio do Departamento-Geral de Polícia Especializada.

Os erros do governo Lula na contaminação por HIV

Em entrevista ao Jornal da Oeste, na quinta-feira 17, o perito médico federal Francisco Cardoso disse que esse caso “é uma das coisas mais horrendas” que já viu em sua profissão. 

Além disso, Cardoso falou sobre dois erros cometidos pelo governo Lula na contaminação por HIV em transplantados. O primeiro, segundo ele, foi “a tentativa de o Ministério da Saúde esconder os fatos”.

“Foi necessário a mídia descobrir”, afirmou Cardoso. O segundo erro é a tentativa de transferir a culpa ao Estado do Rio de Janeiro. De acordo com o médico, o ministério não pode culpar o Estado porque o “transplante funciona a nível nacional”. “Se o Estado falhou, o federal também falhou”, disse. “Se em setembro já se sabia, por que a ministra não tomou as medidas que agora anunciou em caráter de urgência?”

O que diz o Ministério da Saúde

A ministra Nísia Trindade afirmou que o Ministério da Saúde soube do primeiro caso de infecção em 14 de setembro. Depois disso, a pasta afirma que mandou um ofício à Central de Transplantes do Rio de Janeiro e às instituições envolvidas, em que exigia ações depois da confirmação do caso.

A investigação da Polícia Federal (PF), no entanto, começou depois da revelação de que outras cinco pessoas haviam sido infectadas pelo vírus do HIV por órgãos contaminados. Em nota, a pasta informou que agiu de forma rápida para mitigar os danos e proteger os pacientes afetados