O Serviço Nacional de Saúde (NHS) da Inglaterra anunciou, na última sexta-feira, 31, o início do primeiro teste de uma vacina contra o câncer. O imunizante britânico utiliza a técnica de RNA mensageiro, similar à das vacinas contra a covid-19. O método permite a personalização para o tratamento de cada paciente.
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O primeiro a testar os novos estudos da NHS foi o professor universitário Elliot Phebve, de 55 anos. Phebve foi diagnosticado com câncer colorretal — identificado em um exame de rotina. O homem precisou retirar 30 cm do intestino grosso antes de iniciar a quimioterapia e os estudos clínicos.
“Participar desse ensaio está de acordo com a minha profissão, como docente e como pessoa centrada na comunidade”, afirmou o professor. “Quero impactar positivamente a vida de outras pessoas e ajudá-las a realizar seu potencial.”
O homem de 55 anos também disse que, caso os testes sejam bem-sucedidos, muitas pessoas poderão ter a esperança da vida resgatada.
“Por meio do potencial deste ensaio, se for bem-sucedido, poderá ajudar milhares, senão milhões de pessoas, então eles podem ter esperança e talvez não tenham que experienciar tudo que eu passei”, afirmou o paciente. “Espero que isso ajude outras pessoas.”
A investigadora principal do estudo no Hospital Rainha Elizabeth, em Birmingham, Victoria Kunene, alertou para o fato de que “ainda é muito cedo para dizer se [as vacinas] terão sucesso”. Ela afirma, no entanto, que estão “extremamente esperançosos”.
Entenda o funcionamento da vacina contra o câncer
A vacina é produzida a partir de exames de sangue e amostras do câncer do paciente. Com isso, os médicos analisam o tumor para identificar mutações específicas de cada doença.
Com as informações colhidas na investigação, os médicos utilizam a tecnologia de RNA mensageiro para criar uma vacina personalizada para cada paciente.
O tratamento induz uma resposta do sistema imunológico para prevenir que a doença retorne depois de uma cirurgia no tumor. O objetivo é criar um estímulo para que o sistema imunológico da pessoa identifique e destrua as células cancerígenas restantes.
A vacina está em fase de teste e ainda não foi liberada pelos órgãos reguladores. A pesquisa é feita pela BioNTech e pela Genentech. A BioNTech é responsável pela vacina de RNA mensageiro da Pfizer contra a covid.
NHS acelera a pesquisa
Com o objetivo de acelerar os testes da vacina, o NHS anunciou uma plataforma de lançamento da vacina contra o câncer, o Cancer Vaccine Launch Pad. De acordo com órgão de saúde, 30 hospitais da Inglaterra estão inscritos para receber pacientes que cumpram os requisitos para participar dos testes.
A chefe-executiva do NHS, Amanda Pritchard, afirmou que é um momento marcante para o serviço de saúde ter um paciente a realizar os primeiros testes da vacina contra o câncer.
“Ver Elliot recebendo o seu primeiro tratamento é um momento marcante para pacientes”, afirmou Amanda. “E para o serviço de saúde, à medida que buscamos desenvolver maneiras melhores e mais eficazes de deter essa doença.”
A pesquisa já possui dezenas de pacientes voluntários, mas a maioria será inscrita a partir de 2026. O governo inglês assinou um acordo com a BioNTech para fornecer imunoterapias de precisão contra o câncer para 10 mil pacientes até 2030.