Japão registra recorde de casos de infecção bacteriana fatal

Os casos de uma infecção bacteriana letal atingiram um pico histórico no Japão, de acordo com dados oficiais. Os especialistas ainda não sabem a causa desse aumento.

Até o dia 2, o Ministério da Saúde do Japão registrou 977 casos de síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS), que tem uma taxa de mortalidade de até 30%. Entre janeiro e março, 77 pessoas morreram devido à infecção, segundo os dados mais recentes.

O Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão informou que os casos de STSS aumentaram desde julho de 2023, especialmente entre pessoas com menos de 50 anos.

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Recorde de casos e mortes no Japão

O surto atual no Japão já superou o recorde anterior, registrado no ano passado, quando 941 infecções foram registradas — o maior número desde o início das estatísticas, em 1999. O Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão relatou 97 mortes por STSS no ano passado, o segundo maior número de falecimentos nos últimos seis anos.

A STSS é uma infecção bacteriana rara, mas grave, que ocorre quando as bactérias se disseminam pelos tecidos do corpo e na corrente sanguínea. Os sintomas iniciais incluem febre, dores musculares e vômitos, mas podem rapidamente evoluir para pressão arterial baixa, inchaço e falência múltipla de órgãos, que leva o corpo ao choque.

“Mesmo com tratamento, o STSS pode ser mortal. Em cada dez pessoas com STSS, até três pessoas morrerão da infecção”, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

A maioria dos casos de STSS é causada pela bactéria Streptococcus do grupo A (GAS), que geralmente provoca febre e infecções de garganta em crianças. Em raros casos, a bactéria pode se tornar invasiva, produzindo uma toxina que adentra a corrente sanguínea e causa doenças graves, como o choque tóxico.

O Streptococcus A também pode causar fasciíte necrosante, conhecida como “doença devoradora de carne”, que pode resultar na perda de membros.

Porém, a maioria dos pacientes que contraem essa doença possui outros fatores de saúde que comprometem a capacidade do corpo de combater infecções, como câncer ou diabetes, conforme o CDC.

As infecções por Streptococcus do grupo A foram amplamente controladas pelas medidas contra a covid-19, como uso de máscaras e distanciamento social, mas, depois da pandemia, o número voltou a aumentar.

Em dezembro de 2022, cinco países europeus notificaram à Organização Mundial da Saúde um aumento de casos de Streptococcus invasivos do grupo A (GAS), com crianças menores de 10 anos sendo as mais afetadas. O CDC também investigava um aparente aumento da doença na época.

Aumento de casos e relação com a covid

O CDC revela que idosos com feridas abertas têm maior risco de contrair STSS, incluindo aqueles que passaram por cirurgias recentemente. “Contudo, os especialistas não sabem como a bactéria entra no corpo de quase metade das pessoas que contraem STSS,” informou o CDC em seu site. A razão para o aumento dos casos de STSS no Japão neste ano ainda é desconhecida, segundo a emissora NHK.

O professor Ken Kikuchi, da Universidade Médica Feminina de Tóquio, disse à NHK que o aumento pode estar relacionado ao enfraquecimento do sistema imunológico das pessoas depois de a covid. “Podemos aumentar a imunidade se estivermos constantemente expostos a bactérias. Mas esse mecanismo esteve ausente durante a pandemia do coronavírus,” afirmou Kikuchi. “Portanto, mais pessoas estão agora suscetíveis à infecção, e essa pode ser uma das razões para o aumento acentuado de casos.”